Pingando nos Is
Por Pingando nos Is -
Sem criticar!
Em tempos de “coronavirus” a escolha do assunto a ser abordado, fora do lugar comum, fica difícil, por vezes. Assim, é que já na quinta-feira, não havia definido o mote deste comentário quando, de repente, dois temas se apresentaram na mídia. A escassez virou abundância.
Assim, entre o artigo do vice-presidente Mourão e a ameaça da cantora Anitta de transformar-se em “expert” em política, declarando: “Justo porque estou tão desesperada e desesperançosa com a situação política, resolvi falar de política”, decidi ficar com a segunda pois, a “mensagem” do vice terá grandes repercussões futuras e ensejará muitos comentários.
A escolha é motivada, também pelo que escrevi neste espaço lá em 2002: “Uma prática que sempre causou alguma reflexão da nossa parte consiste na participação de artistas, locutores, apresentadores, cantores, músicos e compositores nas campanhas eleitorais, como simples participantes ou como candidatos a um posto eletivo”.
A preocupação reside no fato de que o indivíduo, exposto na televisão, seja qual for a atividade que exerça, desperta no telespectador uma reação que pode variar desde a simpatia até a idolatria, sem falar-se no modismo e na falsa avaliação.
O grande problema desta situação, é que o público nunca sabe se o figurante ali está externando o seu real sentimento, simplesmente fazendo marketing pago, ou representando mediante cachê.
Considerando-se que em nosso país é hábito do grande público identificar no personagem da telenovela a personalidade do ator; atribuir ao locutor, simples leitor de texto escrito pela produção do programa, o conhecimento da matéria lida ou da opinião apresentada; qualificar, como técnico, o simples narrador ou comentarista de um evento esportivo, fácil é compreender a imensa probabilidade de ser, o público, induzido por tais personagens a uma conduta por estes apregoadas.
Anitta, que nos últimos dias foi manchete negando ter vontade de concorrer ao Alvorada, e pelas declarações foi atacada. De um lado, pelos fãs que acreditam que política não se mistura com entretenimento. De outro, por uma ala mais intelectualizada que a chamou de ignorante quando perguntou se os ministérios faziam parte do Judiciário, se declara “independentemente de partido”.
E também confessa: “Não sabia nada, absolutamente nada. Se aprendi na escola, não lembro. Me passaram muito rapidamente. Estou começando a entender agora o que é direita e esquerda, o que são os partidos. Então, não estou aqui para promover ninguém. Quero que as pessoas, principalmente a minha geração, sinta interesse na política e entenda de maneira fácil.”
Concluindo: “Estou ,,,,,,, para essas pessoas que criticam, estou fazendo o que acho importante. E nada melhor do que eu mostrar que também não entendo. Zombar de quem não sabe faz com que as pessoas se escondam, não queiram aprender.”
Melhor seria que os atores se limitassem a representar, os cantores a cantar e os políticos a apresentar seus programas.