Pingando nos Is
Por Pingando nos Is -
Quosque tandem abutere?
Iniciei este mês de agosto tratando das formas de governo. Pela sua clareza na exposição evidenciei a distinção do grego Aristóteles que classificou os governos como: monarquia, o governo de um só; aristocracia, o governo de alguns, os melhores; e democracia, o governo de todos. E, filtrando um pouco mais, distinguiu-os em governos “puros” - aqueles que visam, unicamente, o bem comum do povo, e “impuros” – aqueles em que o interesse pessoal, o interesse particular dos governantes, prevalece sobre o interesse geral da comunidade.
Nos “impuros” registrou que a forma de governo se degenera, a monarquia se transforma em tirania; a aristocracia em oligarquia, plutocracia ou despotismo e a democracia em demagogia, governo das multidões rudes, ignaras e despóticas.
Perdoem-me a digressão, mas o assunto a seguir exemplifica bem a democracia degenerada que se instalou neste país, por influência “das multidões rudes, ignaras e despóticas”.
O jornal “O Estado de S.Paulo” trouxe, no último domingo, crônica da autoria do jornalista J.R. Guzzo, lembrando recente ordem emanada do STF, baixada pelo Min. Edson Fachin e apoiada por oito de seus colegas de plenário, proibindo a polícia de fazer voos de helicóptero sobre as favelas do Rio de Janeiro e, também, montar operações de combate ao crime em torno de escolas e postos de saúde.
Em tom de xiste escreveu: “Na prática, então, ficamos assim: a partir de agora, os bandidos estão legalmente autorizados a circular nessas áreas, mas os agentes que a população paga para cumprir a lei não podem frequentar o mesmo espaço. É uma aberração, talvez única no mundo”.
E completou: “Mas, no Brasil, esse tipo de depravação social vai se tornando cada fez mais comum, em consequência direta da militância política cada vez mais agressiva daquilo que deveria ser a sua suprema corte de Justiça”.
A afirmativa da militância política de membros da nossa Suprema Corte reverbera a conclusão a que chegou um expressivo número de brasileiros que acompanham os fatos de Brasília.
A decisão tratada acima diz mais com o namoro político com as multidões rudes e ignaras que se submetem humildemente às imposições das “milícias” e “gangues de traficantes”, pagando até pedágio e proteção; e reclamam das ações policiais, chegando mesmo a hostilizar seus agentes e soldados.
É hipócrita o argumento de que a decisão seria para salvar os moradores das favelas dos perigos que existem em operações policiais armadas. Quem coloca em risco a segurança dos cidadãos são os criminosos, não a polícia.
Falsa é a ideia de que a população das favelas vive em paz e em harmonia com as “milícias” e os “traficantes de drogas”, ela só existe na cabeça dos que não moram lá – intelectuais, artistas de novela, responsáveis por telejornais do horário nobre e agora o STF, por ser de sua conveniência política.
Correta a observação do Min. Marco A. Mello: “ O STF está sendo utilizado pelos partidos da oposição para fustigar o governo”.
“Quosque tandem abutere, Catilina, patientia nosra?” (Cicero)