Crônicas da vida urbana
Por Crônicas da vida urbana -
Sertão vai virar mar e o sul sertão
Antigamente, há mUUUUUitas décadas, o Brasil era o país do futuro. Futuro não como um tempo distante e inalcançável, mas ali, na nossa frente, já acontecendo e, devo acrescentar, com brilho e competência. Hoje a gente conta isso para os jovens e eles dão risada: “- ah, qual é, conta outra, tenta uma de papagaio!”
Não na economia, que nisso nunca fomos bons, mas em cultura – arte, arquitetura, música, literatura, cinema – a gente dava baile nos gringos e, pasmem, eram eles a nos imitar!
Nesse clima, havia muita circulação de ideias – de direita e de esquerda, como deve ser – mas o que se chamava de “patrulhamento ideológico” não chegava aos níveis de polarização e neurose atuais, favorecido como é pelas redes sociais. A radicalização enseja o fechamento e a intolerância para com as idéias “do outro”, o que deveria ser diversidade se transforma em conflito de guetos ideológicos, a liberdade e a tolerância vão para o espaço. Nesse clima, não vale a pena discutir e conversar, facilmente se chega ao desacato e à violência.
As notícias recentes – da meteorologia, vejam só, parece que foi politizada também – lembram algumas das músicas do tempo – como a de Sérgio Ricardo, se não me falha a memória composta para um clássico cinematográfico.
Claro que o título da crônica é uma paródia ao que se vê nos noticiários: no Rio Grande do Sul já há paisagens de deserto - com dunas e faltando só caravanas de camelos - e no Nordeste, acostumado com secas, inundações catastróficas. Claro que a efetivação da música/profecia acontece se essas situações permanecerem – o que, em vista das alterações climáticas e detonação do planeta, pode muito bem estar à porta. E “estar à porta” aqui significa isso mesmo: está chegando, entrando, se estabelecendo. Já faz um ano do alerta que estamos ladeira abaixo, a situação planetária não é mais reversível. E surge no cenário planetário o vírus chinês, que joga tudo para fora. Mas duvido que se estivesse falando dessa situação do organismo Planeta Terra – no qual, o tal do Homo Sapiens é o pior dos vírus.
Como sempre acontece quando há pânico, os OVNIS fazem sua aparição – ou eles estão de olho e preocupados com nossos desastres ambientais, ou procurando um momento de medo e fraqueza para desembarcar. Pelo menos, é o que sugere essa intermitência: que seja programada, e dificilmente se pode deixar de lembrar da ficção científica, seja em quadrinhos, pulps ou cinema.
Nos anos 50/60, durante a Guerra Fria, houve uma dessas incidências de aparições – agora, já começou. E não dá prá não pensar que, já que não cuidamos direito do planeta, a intervenção de seres mais poderosos viria a calhar...