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Crônicas da vida urbana

Por Crônicas da vida urbana -

Ói nóis na paisage...


Em Ouro Preto, por trás da Ladeira das Mercês – que começa num dos monumentos religiosos mais importantes do Brasil e do mundo – um morro faz o cenário para as maravilhas ouro-pretenses. Originalmente devastado pela fúria dos mineradores, agora ostenta um conjunto habitacional – feio como todos os congêneres. É mantido num padrão homogêneo, como concessão mínima, formando uma textura que, na paisagem, é uma calamidade. Mas sempre preferível do que se liberado à sanha imobiliária, que não perdoa nem um Monumento da Humanidade.

Quando mencionei o absurdo de se permitir essa agressão à cidade histórica mais importante e mais bonita do Brasil, um estudante da Escola de Minas me respondeu, em impecável mineirês:

- Mas lá é o melhor lugar para se morar em Ouro Preto. De lá, se vê aqui; e daqui, se vê lá...

Lógica impecável... Mas faz pensar que se aplica em muitas situações nas cidades não-históricas. Fora do centrão, os bairros das grandes cidades – ou mesmo das médias e pequenas – em direção contrária, olhando para os interiores, propiciam aos moradores, com frequência embora não sempre, paisagens razoáveis. São ainda horizontais, com árvores, pôr-do-sol, horizontes de onde vêm as nuvens...

Mas no neo-liberalismo desvairado em que vivemos, é evidente que os capitalistas tiram partido até dessas poucas paisagens remanescentes, vendendo-as. Está comum o anúncio onde aparece a parte da cidade por sobre a qual se vê uma serra, o mar, um bosque ou qualquer coisa bonita com a chamada comercial: “essa é a vista que você terá depois que comprar nosso empreendimento”.

Então tá: e quem mora dentro da tal bela paisagem, terá que assistir à ruidosa subida do volume – como regra muito feio, de péssima qualidade arquitetônica – em sua paisagem, obstruindo horizontes e todo o pouco de bom que resta nas nossas infelizes cidades. E, pior: o tal volume vai dar cria, e se transformará num paredão de prédios de provocar orgasmo nos imobiliaristas. Estragada a cidade, e recheadas suas contas bancárias, irão gozá-las em locais paradisíacos, onde esse tipo de investimento foi barrado pela legislação.

Claro, o argumento é o “progresso”. Mas minha ideia de progresso, é que seja bom para todos, não apenas para os já privilegiados. Temos que rever nosso conceito do que seja o tal progresso, pensar em até que ponto ele pode ser ilusório e trabalhar contra nós.


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