“Criança Viada Show”
Prefeitura pagará indenização por suspensão da live
Projeto foi barrado em 2021 pelo prefeito após ataques de vereadores
João Batista [editores@diarinho.com.br]
A Justiça condenou o município de Itajaí a pagar R$ 10 mil de indenização por danos morais pelo cancelamento do projeto Criança Viada Show, suspenso em 2021 pelo prefeito Volnei Morastoni (MDB). Na época, a live cultural, que falaria das memórias de artistas homossexuais perseguidos na infância, foi barrada pela prefeitura após ataques de vereadores por supostamente confrontar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O autor do projeto, o ator e diretor Daniel Oliveira da Silva, destacou que a repentina suspensão do evento, que seria transmitido pelo YouTube, foi baseada em argumentos infundados e preconceituosos, seguidos de postagens difamatórias que motivaram discursos de ódio contra o projeto e seus integrantes.
No processo, a procuradoria do município defendeu que os “calorosos debates” nas redes sociais sobre o projeto já existiam mesmo antes do pronunciamento do prefeito. A prefeitura alegou que a suspensão do evento para a apuração dos fatos foi legal e o município não poderia ser responsabilizado por manifestações de terceiros.
O juiz Fernando Carboni entendeu que o autor do projeto foi prejudicado pela suspensão e sofreu abalo moral. Ele apontou que o evento foi questionado sem maior aprofundamento e que o organizador sofreu “amargas consequências”.
Até 18 de março, o município pode recorrer da decisão. Pelas redes sociais, o projeto Ações Para Reexistir, responsável pela live Criança Viada Show, comemorou a vitória em primeira instância.
Após a censura em 2021, o projeto Criança Viada Show foi lançado em 2022 com podcasts no Spotify e vídeos no YouTube.
A produção envolve uma série de vídeos voltados para o público adulto. Em cada episódio, Daniel Oliveira entrevista artistas homens homossexuais sobre memórias e infância.