O carnaval é uma festa muito conhecida em todo o mundo. Nela, as pessoas se fantasiam de diversas formas, se reinventam, são três dias de uma pausa para o lazer coletivo, porque ‘ninguém é de ferro’. Ou, para dizer de outra forma: a gente não quer só trabalho, a gente quer trabalho, comida, diversão, arte, fraternidade...
A ideia do bloco em homenagem ao Sebastião Lucas simboliza a resistência e resiliência da população negra itajaiense no processo de reconstrução do clube em memória de uma liderança da primeira metade do século passado: Sebastião Lucas Pereira.
No passado, segundo depoimentos de uma das foliãs do bloco, Maria da Paz [Tia Paz], havia a Turma das Garotas Alegres, um grupo de moças negras, sócias do clube, que fundaram um bloco carnavalesco que era uma das representações do clube na rua e nos clubes. Também existia o Bloco da Lua, lembrado por Olcinéia da seguinte forma: “Lembro do Bloco da Lua inspirado pela marchinha interpretada pela cantora Ângela Maria, “A Lua é dos namorados”.
Nosso bloquinho surgiu para relembrar e resgatar os saudosos carnavais, as marchinhas que tanto alegraram e contagiaram muitas gerações.
Ele reuniu muitas pessoas em torno e atrás da charanga que embalou nossa caminhada até o largo do Mercado Público com muitas marchinhas, a alegria dos nossos Griôs [os mais velhos contadores das histórias passadas no clube], crianças, enfim, de todos aqueles que se fizeram presentes. Foi ancestral, um verdadeiro encontro de gerações. Posso dizer que carnaval não se resume em assistir, mas em participar e sentir.
Muitos carnavais se passaram, mas o Bloco do Sebastião Lucas ficará na história do carnaval de nossa cidade. Ver a alegria das pessoas quando chegamos com a Charanga ao som de marchinhas que marcaram a história do clube foi surreal, nossos Griôs conduziam de forma honrosa o bloco! Quanta riso, quanta alegria, quanta memória resgatada em um só dia!
O Bloco do Sebastião Lucas foi muito bem acompanhado pela nova diretoria, amigos e simpatizantes, e este nada mais é do que a continuidade do clube, que é um lugar de memória da população negra de Itajaí.
Agradecemos a prefeitura e em especial a Fundação Cultural, que prontamente nos abriu espaço na programação e, quando chegamos com a Charanga ao largo do Mercado Público ao som da Banda Beba do Samba, oficialmente foi dada a abertura do carnaval de nossa cidade ao som das saudosas marchinhas de carnaval.