Itajaí
Produção literária está eternizada em prosa e verso
Boas histórias sobre a cidade e seus habitantes ficaram registradas em livros
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Não é de hoje que Itajaí e “o ser itajaiense” rendem boas histórias. Contadas em prosa ou verso, musicadas ou não, na sua forma bruta ou por meio de metáforas delicadamente escolhidas. Itajaí é poesia! Afirmação facilmente comprovada nos trabalhos do poeta Marcos Konder Reis, um dos mais importantes escritores brasileiros do século passado. “Ele foi uma das vozes fundamentais da geração de 1945, movimento literário do modernismo que resgatou a poesia mais discursiva, menos instantânea e mais reflexiva e lírica”, afirma Carlos Damião, jornalista e escritor.
Entre 1944 [ano de sua estreia com Tempo e Milagre] e 1992, Marcos Konder publicou 28 livros, quase todos de poesia, embora também fosse dramaturgo, cronista e ensaísta. Saído jovem de Itajaí com destino ao Rio de Janeiro, sua obra é marcada pela nostalgia, pela religiosidade, pela delicadeza e por referências marítimas. “O mar é uma presença constante em sua escrita. Itajaí, em especial, esteve sempre na perspectiva do poeta, que evocou, em muitos poemas, a sua praia preferida, a Brava”, conta o estudioso da obra de Marcos Konder. E Damião ressalta que Konder jamais se desligou emocionalmente de suas raízes, por isso Itajaí é presença recorrente em sua vasta obra literária.
O escritor Bento Nascimento é outro nome que projeta a poesia itajaiense no cenário nacional. Peixeiro convicto [morador do bairro São João], Bento foi um dos mais importantes poetas de Santa Catarina e Brasil nas décadas de 1980 e 1990. Sua passagem foi breve (1962-1993), mas suficiente para construir uma obra considerável, a cada dia mais conhecida por sua poética singular. Bento cresceu fazendo poemas, contando histórias, querendo transformar o mundo.
“Foi o maior artista itajaiense de sua geração com uma obra original e criativa”, lembra Antônio Carlos Floriano, amigo de Bento. “Dono de uma língua ferina, pop, debochada, ele criou um mundo partindo da observação dos pequenos acontecimentos do arrabalde. Sua poderosa máquina criativa o coloca entre os maiores poetas brasileiros”, ressalta Floriano. Para o escritor, Bento tinha um trabalho delicado e visceral, puro e profano, amargo e doce, tudo ao mesmo tempo, numa linguagem sempre coloquial e prolixa, mas atual, instigante e contraditória.
Da poesia à literatura infantil
Filho de pescador itajaiense e com vasto conhecimento da realidade local, Antonio Carlos Floriano publicou oito livros de poesia, além de obras infantis. “Um cavalo para Eduardo” foi premiado e está incluído no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).
Hoje, aos 60 anos, o escritor e poeta acumula participações em obras de antologia poética e trabalhos publicados em sites literários ao lado de autores e poetas catarinenses como Péricles Prade, Rodrigo de Haro, Denis Dennis Radünz, Rachel Stoltzfus, Cristiano Moreira e Rubens da Cunha; e trabalhos como como editor, produtor gráfico e produtor cultural.
Floriano ganhou destaque recente no cinema com o roteiro do curta-metragem “Nego Dean”, segundo colocado no Prêmio Catarinense de Cinema em 2020. Sua obra literária também se projeta no espaço na literatura nacional, com a participação em antologias de autores brasileiros contemporâneos.