Itajaí
Afuvi acusa ex-reitor de apoiar fraude em eleição de funcionários
Acusação feita na justiça ocorre quase dois anos depois do suposto fato ter ocorrido
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Aassociação dos Funcionários da Univali (Afuvi) entrou com uma ação contra ex-dirigentes da universidade por envolvimento em suposta fraude nas eleições da associação, ocorrida em dezembro de 2017. São acusados o ex-reitor Mário Cesar dos Santos, e a ex-vice presidente da fundação Univali, Cassia Ferri, e uma ex-gerente de Tecnologia da Informação. A ex-funcionária é acusada de ter alterado dados do sistema de votação pra favorecer a chapa Conexão, apoiada por Mário e Cássia, que são acusados de terem acobertado a fraude. O objetivo da manobra, segundo a ação da Afuvi, seria assumir o comando na associação pra que a nova diretoria apoiasse Cassia Ferri na disputa pela reitoria da universidade. A eleição pra reitor rolou em fevereiro de 2018, com o professor Valdir Cechinel Filho vencendo. O presidente da Afuvi, Luiz Roberto Ribeiro, confirmou que a entidade ingressou com a ação. Ele diz que a medida foi tomada após a decisão em assembleia com os associados, em novembro de 2018. A ação tem por base os resultados de uma sindicância aberta em abril do ano passado, pedida por Luiz Roberto e autorizada já pelo novo reitor, para apurar os problemas ocorridos nas eleições da Afuvi. Luiz Ribeiro informa que a ação pede a responsabilização civil e criminal dos envolvidos. Ele garante que os fatos pesam apenas contra os ex-gestores, não envolvendo membros do atual comando da instituição. Ontem, ele informou que a ação tinha sido recebida pela justiça e que, a partir de agora, só vai se manifestar nos autos do processo, sem comentar detalhes das acusações. Quer indenização Conforme o teor a ação, a Afuvi pede uma indenização de R$ 300 mil contra Mário Cesar, outros R$ 200 mil contra Cassia Ferri e R$ 150 mil contra a ex-gerente de TI. Os valores seriam a título de danos morais e extrapatrimoniais sofridos pela associação. A entidade argumenta que registrou queda na arrecadação das mensalidades devido à saída de associados, em debandada que teria a ver com a alegada fraude nas eleições. A associação ainda quer que as polícias Civil e Federal e o ministério Público Federal apurem o caso, em função de supostos crimes cibernéticos, eleitorais e de falsidade ideológica. O atual presidente da associação Empresarial de Itajaí, Mario Cesar dos Santos, disse ontem que ainda não tinha conhecimento das acusações e que precisaria analisar o teor da ação pra se manifestar. No entanto, disse que estranha a motivação da Afuvi. “Se deram entrada [na ação] e querem propagar, possivelmente a intenção é outra...”, soltou. A professora Cássia não se manifestou até o fechamento da matéria. Alteração de votos Na ação, a Afuvi relata que a sindicância comprovou fraude no sistema de votação online da Univali, administrado pela gerência de TI da instituição. A gerente do setor teria adulterado 151 votos do processo eletivo no dia da votação pra beneficiar a chapa apoiada por Mário Cesar e Cassia Ferri, se valendo das credenciais de outro funcionário pra mexer no sistema. Na ocasião, a comissão eleitoral fez um comunicado aos associados da Afuvi informando “anomalias” no sistema que poderiam ter gerado o acréscimo anormal de votos, decidindo suspender a apuração e convocar uma nova eleição com cédulas de papel. No meio das suspeitas, foi formada outra comissão eleitoral, que organizou uma nova eleição. Apenas a chapa comandada por Luiz Ribeiro se inscreveu, sendo eleita por aclamação em março de 2018. As tais “anomalias” não foram esclarecidas pela antiga reitoria após questionamentos da Afuvi. A associação alega que a gerente de TI chegou a confessar a alteração de dados ao então reitor, Mário Cesar, mas que tanto ele como Cássia, teriam decidido “esconder e abafar” o caso. Além de não ser punida, a Afuvi diz que a gerente foi “premiada” com uma demissão sem justa causa, recebendo quase R$ 250 mil de verbas rescisórias. Demissões e acusações de perseguição O ex-reitor e a ex-candidata à reitoria da Univali foram demitidos por “justa causa” em meados do ano passado pela atual administração. Outros dirigentes e diretores de curso que apoiaram Cassia Ferri nas eleições também perderam os empregos. As demissões ocorreram sob o argumento de que eles ajudaram a produzir a crise financeira da instituição. Ao receber acusações de perseguição política contra os demitidos, já que também estava na gestão anterior, o reitor Valdir Cechinel alegou na época que as mudanças foram técnicas, visando ajeitar as contas da instituição. Na mesma ocasião, a associação dos Professores de Ensino Superior de Itajaí (Apesi) e a Afuvi também deram queixa ao ministério Público, acusando os dois ex-gestores de irregularidades na gestão que acarretaram os problemas financeiros. A denúncia foi rejeitada pela promotoria. Mário Cesar e Cassia destacaram na época haver motivação política nas ações. Professor de Direito, Mário Cesar recorreu da demissão e ganhou na justiça uma ação de reintegração ao trabalho no início do ano. Com a decisão, ele poderia voltar a dar aulas no curso de Direito, mas ainda caberia recurso pela instituição. O processo corre em segredo de justiça.