CPI DA COVID
Luciano Hang afirma que quer falar
Comissão pediu esclarecimentos sobre o “gabinete paralelo"; rolo envolve negociação de vacinas e divulgação de remédios sem eficácia
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Convocado para prestar depoimento na comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 no senado, o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, se manifestou em nota oficial dizendo que está à disposição para “elucidar os fatos”. Ele teve a convocação aprovada pelos senadores na quarta-feira. A data ainda não foi definida.
O empresário é apontado como integrante do chamado “gabinete paralelo”, que atuava com orientações diretas ao presidente Jair Bolsonaro sobre o enfrentamento da pandemia, como na recomendação de medicamentos sem eficácia pra o “tratamento precoce” contra a doença.
Outra frente de investigação é sobre a participação de Hang na negociação, junto com o empresário Carlos Wizard, dos cursos de inglês Wizard, para a compra da vacina chinesa Covidencia, do laboratório Cansino, que não teve liberação para o uso emergencial pela agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Os empresários queriam importar doses da vacina sem que houvesse obrigatoriedade de repassar as doses para o plano Nacional de Imunização, com distribuição pelo ministério da Saúde. Também há suspeitas de que os empresários estariam entre os financiadores do “gabinete paralelo”.
Em nota, Luciano Hang disse que recebeu com “tranquilidade” a notícia da convocação e que está disposto a prestar esclarecimentos.
Ele relata no comunicado que sempre se posicionou a favor da saúde, mas sem deixar de lado os cuidados com a economia. “Lutei publicamente para que as indústrias, empresas, comércios, escolas e demais atividades seguissem abertas, mantendo os empregos e o sustento das famílias”, defendeu.
O empresário informa que intensificou as doações e incentivos à saúde durante a pandemia. Listou que foram comprados 200 cilindros de oxigênio para Manaus (AM), no valor de quase R$ 1 milhão, e que a Havan destinou mais de R$ 5 milhões para áreas da saúde em 2020.
Também disse que doou respiradores, macas, roupas de cama, utensílios de cozinha e máscaras descartáveis a diversos hospitais, além de ter bancado a vinda de profissionais de saúde pra reforçar o atendimento à população na região de Brusque. Também afirmou que não demitiu nenhum funcionário em razão da pandemia.
Sobre a questão da vacinação, ele afirmou que se empenhou pra tentar a compra de vacinas pela iniciativa privada. A ideia era garantir que as empresas pudessem vacinar seus funcionários, fora do plano Nacional de Imunização, sem que as doses compradas tivessem que ser doadas diretamente para o ministério da Saúde.
“Lançamos um abaixo-assinado com o objetivo de mudar a lei para acelerar o processo de vacinação no Brasil e, consequentemente, diminuir a fila do SUS”, argumentou. Hang afirmou que ele mesmo pegou o vírus e que perdeu a mãe e amigos para a doença. “Acredito na importância de trabalharmos juntos para vencer essa guerra. É preciso buscar soluções para os problemas”, completou.