O Programa das Fragatas Classe Tamandaré, com navios militares em construção em Itajaí, tem um déficit de R$ 2,95 bilhões e vai precisar de mais dinheiro do governo federal. A informação foi dada pelo comandante da Marinha do Brasil, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, ao canal Personalidades em Foco, no Youtube, onde falou dos projetos da Marinha pelo país.
Na declaração, o comandante informou que a Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), estatal ligada ao Ministério da Defesa que gerencia a construção das fragatas, recebeu um aporte de R$ 9,5 bilhões entre 2017 e 2019 para a construção dos quatro navios do programa. Agora, o rombo projetado indica que será necessário um novo repasse de recursos pra cobrir o déficit.
“Nós temos que conseguir, de uma maneira geral, articular junto à área econômica do governo pra promover uma nova capitalização da Emgepron com esse valor”, comentou Marcos Sampaio. Segundo ...
Na declaração, o comandante informou que a Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), estatal ligada ao Ministério da Defesa que gerencia a construção das fragatas, recebeu um aporte de R$ 9,5 bilhões entre 2017 e 2019 para a construção dos quatro navios do programa. Agora, o rombo projetado indica que será necessário um novo repasse de recursos pra cobrir o déficit.
“Nós temos que conseguir, de uma maneira geral, articular junto à área econômica do governo pra promover uma nova capitalização da Emgepron com esse valor”, comentou Marcos Sampaio. Segundo ele, o aumento do valor do programa se deu “em função de circunstâncias alheias ao projeto e por condições contratuais”.
“O que seria suficiente pra construção das quatro fragatas, com essas variáveis – e me refiro a câmbio, à própria pandemia que mudou toda a trajetória – hoje se projeta um déficit de R$ 2,95 bilhões”, confirmou. A situação não comprometeria o andamento dos trabalhos atuais, com duas fragatas já em construção em Itajaí.
Conforme a Emgepron, para meados deste ano está previsto o lançamento do primeiro navio, a fragata Tamandaré – F200, a ser entregue em 2025 à Marinha após os testes finais. A segunda embarcação, fragata Jerônimo de Albuquerque – F201, teve o corte de chapa em novembro de 2023, com previsão de entrega em 2027.
A construção é feita no Thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul, que integra o consórcio Águas Azuis, responsável pela execução do programa. Outras duas fragatas – Cunha Moreira F202 e Mariz e Barros F203 – fazem parte do projeto e têm entrega prevista pra 2028 e 2029, respectivamente.
O DIARINHO encaminhou alguns questionamentos sobre a situação do projeto para a comandante da Emgepron em Itajaí, a capitã de corveta Andréia Peixoto Tavares da Silva. A empresa respondeu que o déficit de R$ 2,95 bilhões não vai prejudicar o cronograma de construção dos navios em Itajaí. Segundo a estatal, o déficit informado é sobre a projeção da execução total do contrato e a entrega das quatro fragatas está mantida para 2025, 2027, 2028 e 2029.
Segundo a Emgepron, as tratativas para uma nova capitalização da empresa já foram iniciadas e ocorrem a cargo da Marinha do Brasil. Também foi informado que o programa já consta no Novo PAC, do governo federal. Ainda conforme a empresa, o déficit tem a ver com a inflação considerada pro reajuste do contrato, feito a cada 12 meses, em cumprimento a cláusula contratual e medida prevista em lei.
“Devido ao cenário macroeconômico observado desde o início do ano de 2020 (pandemia e guerra Rússia-Ucrânia), o índice de reajuste do contrato acumulou alta significativamente superior aos rendimentos financeiros dos recursos capitalizados”, explica.
A Emgepron reafirmou informação do consórcio Águas Azuis de que não haverá atraso no lançamento da primeira fragata, prevista em meados deste ano, e no andamento do segundo navio, que tem batimento de quilha previsto no primeiro semestre. Já o terceiro navio terá construção iniciada no final deste ano.
As fragatas são construídas no Thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul. Segundo a Emgepron, o cronograma de trabalho vem sendo cumprido e a mobilização de profissionais prevê uma curva crescente de contratação até 2026. No momento, cerca de 1300 profissionais atuam no programa dentro do estaleiro, na produção e em atividades indiretas.
O diretor-executivo do consórcio Águas Azuis, Fernando Queiroz, informou que a situação é um reajuste contratual devido à inflação nos últimos cinco anos, período em que houve uma aceleração da inflação em razão da pandemia de covid-19. "Esse tipo de reajuste, inclusive, é coberto por lei nos contratos firmados entre empresas brasileiras – no caso, estamos falando do contrato firmado entre a Emgepron e a Águas Azuis, Sociedade de Propósito Específico (SPE) firmada entre a Thyssenkrupp, a Embraer e a Atech", informou.
Estaleiro segue contratando
O programa das fragatas é conduzido desde 2017 pela Marinha do Brasil, considerado o mais moderno e inovador projeto naval desenvolvido no país, com a construção de quatro navios de defesa de alta complexidade tecnológica que vão atuar na proteção da costa brasileira. A produção deve gerar cerca de 2 mil empregos diretos e outros 6 mil indiretos.
O estaleiro em Itajaí segue com vagas abertas. No momento, são 54 vagas disponíveis pra contratação efetiva. As funções vão de níveis técnico ao superior, para áreas administrativas, gerenciais e operacionais. Os interessados podem se candidatar neste link. Pelo consórcio Águas Azuis, há vagas de administrador de contratos e de analista financeiro, com inscrições clicando aqui.