Análise
Vacina é solução e não milagre
Segundo a Fiocruz, as vacinas disponíveis hoje têm eficácia de 66 a 95%
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Dados do Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostram que a pandemia permanece em níveis preocupantes ao longo do mês de abril. A alta proporção de testes com resultados positivos revela que o vírus permanece em circulação intensa em todo o país e que a vacina é uma importante ferramenta no enfrentamento da pandemia, com impacto direto na redução da morbimortalidade (índice de pessoas mortas pela covid).
Embora os números estejam muito aquém do ideal, Santa Catarina já vacinou [até a sexta-feira, 23 de abril] 1,46 milhão de pessoas, na faixa etária acima dos 60 anos e grupos prioritários, entre primeira e segunda doses da AstraZeneca e CoronaVac. Em Itajaí foram vacinadas 33.239 pessoas até a sexta-feira, em Balneário Camboriú 38.386 pessoas, Camboriú 10.741 pessoas e Navegantes, 10.210 pessoas
Segundo a Fiocruz, as vacinas disponíveis hoje têm eficácia de 66 a 95%. Elas são capazes de produzir proteção contra a doença, minimizando o risco no desenvolvimento de síndrome gripal ou fazendo com que a patologia se apresente de forma mais amena. No entanto, a sociedade tem que estar ciente de que a vacina é uma solução, mas não um milagre.
“Mesmo após a segunda dose, as pessoas precisam manter os protocolos sanitários até que toda a população seja imunizada”, diz a médica pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo. O relaxamento quanto às medidas restritivas após a aplicação da primeira dose pode, inclusive, levar a um aumento no número de internações.
Na mesma linha, Carmen Zanotto, secretária da Saúde de Santa Catarina, afirma que a vacinação, prevenção e unidade são fundamentais na luta contra o novo coronavírus. “Estamos passando por um grave momento da pandemia e todos devemos nos apropriar do sentimento de ajuda coletiva, de nos cuidarmos, de cuidarmos de quem amamos. Este é o primeiro passo para preservar vidas”.
Segunda dose
Outro ponto crucial é o cumprimento do calendário de aplicação da segunda dose do imunizante no prazo que varia de 21 dias a três meses, de acordo com o tipo de vacina. Estudos comprovam que a possibilidade de infecção após a aplicação de apenas uma dose pode ocorrer pelo fato de o organismo não possuir todos os anticorpos necessários para combater o vírus.
Mesmo assim, depois das duas doses, é importante manter os cuidados preventivos, como o uso de máscara e o isolamento social. “Medidas não farmacológicas deverão ser continuadas, até que tenhamos realmente uma queda importante da circulação do coronavírus”, alerta a pesquisadora.
Municípios tentam agilizar a vacinação
O município de Itajaí adotou estratégias para vacinação dos grupos prioritários, conforme a quantidade de doses recebidas do governo do Estado. Além do sistema drive-thru, a cidade criou o agendamento on-line de vacinas para descentralizar e facilitar o acesso dos moradores e evitar filas e aglomerações. Outra estratégia está sendo a vacinação em casa dos idosos acamados.
Em Camboriú, a Divisão de Vigilância Epidemiológica (DIVE) elaborou e executa, em conjunto com a Atenção Básica, as ações de vacinação contra a covid-19 em um único ponto sem agendamento prévio, com sistema drive-thru. O município possui ainda um sistema de agendamento e vacina domiciliar, executado pela Unidade de Saúde Básica de cada bairro.
A secretaria de Saúde de Navegantes também está implementando medidas para dar celeridade à vacinação e evitar aglomeração. O município adotou o sistema de mutirão em carros e mantém pontos de vacinação para quem não tem carro no centro e unidades de saúde mais afastadas da região central. Outro serviço é o de agendamento para pessoas acamadas.
As ferramentas adotadas por Balneário Camboriú para intensificar a vacinação envolvem a divulgação e orientações diárias referentes à vacinação.
O cronograma com as faixas etárias, locais e horários de vacinação são atualizados e informados nas redes sociais e na imprensa diariamente. As unidades de saúde também fazem a busca ativa dos pacientes cadastrados pelo celular, por meio de mensagens e ligações. Os locais são as oito unidades básicas de saúde e por meio de drive-thru implantado no bairro dos Estados.
“Também seguimos o Plano Nacional de Imunização (PNI) para determinar os grupos prioritários, e eles são ampliados à medida que recebemos novas doses e com a quantidade de idosos cadastrados”, informa a secretaria de Saúde. Balneário Camboriú é a cidade mais adensada de Santa Catarina e possui uma alta população de idosos.
Prefeitos da região têm interesse na compra de vacinas
Os municípios da região manifestaram interesse na aquisição de vacinas. A ideia é que as prefeituras possam comprar os imunizantes caso o Plano Nacional de Imunização (PNI), coordenado pelo Ministério da Saúde, não seja capaz de suprir toda a demanda. As prefeituras de Balneário Camboriú e Itajaí enviaram ofícios para três farmacêuticas, manifestando a intenção de compra de vacinas da Pfizer, AstraZeneca e TMT Globalpharm LTD. (Vacina Sputnik V).
O prefeito Fabrício Oliveira diz que “assim que o STF liberou a possibilidade de compra pelos municípios, Balneário Camboriú entrou em contato com fabricantes de vacinas manifestando interesse de compra. A ideia é adquirir 140 mil doses.
Itajaí também aderiu ao consórcio público da Frente Nacional de Prefeitos, que em Santa Catarina é coordenado pela Federação Catarinense de Municípios (Fecam), e busca a aquisição de vacinas para a população. “Entendemos que a prioridade de compra tem sido dada ao governo federal, mas caso seja possível, já manifestamos o interesse às empresas”, diz o prefeito Volnei Morastoni.