Conforme o governador, o estado tem em caixa R$ 600 milhões pra ativação de leitos particulares de UTI. O novo edital vai receber as propostas dos hospitais, cujas condições serão analisadas de forma rápida, afirma o governo, pra agilizar a contratação. Até segunda-feira, o estado tinha 228 pacientes esperando a transferência para leitos de UTI.
“Há uma ampliação significativa de leitos da rede pública, porém, nesse momento, precisamos de toda a estrutura disponível. A doença se espalhou de forma muito veloz nas últimas semanas e necessitamos dos leitos privados para fazer esse enfrentamento”, disse o governador Moisés.
O governo já tinha feito um chamamento público para a contratação de leitos privados no ano passado, mas havia um limite para as diárias de R$ 1,6 mil, baseado no valor praticado pelo SUS. O edital encerrou no fim de dezembro, sem hospitais interessados.
O novo edital vai receber as cotações de diárias das UTIs, mas agora sem limitação. Conforme o governo, os hospitais apresentarão os valores que considerarem viáveis. Com isso, a expectativa do secretário de Administração, Jorge Eduardo Tasca, é que dessa vez haja interesse da rede privada.
“O objetivo é permitir que tenhamos uma capacidade de atendimento adequada ao momento que vivemos da pandemia”, adianta Tasca. Ele disse que a proposta de compra foi explicada para o tribunal de Contas. O governo não respondeu quais hospitais participaram da reunião com o governador.
Na região da Amfri, os hospitais da Unimed e do Coração, em Balneário Camboriú, contam com leitos de UTIs. Em nota, o grupo NotreDame Intermédica, responsável pelo hospital do Coração, informou que não divulga informações sobre o atendimento de covid-19 ou dados de ocupação nos hospitais da rede. A federação dos hospitais da Unimed não confirmou se alguma unidade da rede em SC vai participar do edital do estado.
Amfri receberá 15 novos leitos de UTIs
Reunião entre prefeitos da Amfri e o secretário estadual da Casa Civil, Eron Giordani, acertou a abertura de 15 novos leitos de UTI pra região. Cinco deles serão abertos no centro de covid de Balneário e outros 10 no hospital Marieta, em Itajaí, no lugar de leitos de apoio. A instalação é esperada para os próximos dias. Também foram anunciados 35 leitos clínicos, sendo 10 no hospital de Camboriú, cinco em Penha e 20 em Luiz Alves.
De acordo com o prefeito Fabrício Oliveira, a ampliação tem base no acordo com o governo do estado que deu aval pra contratação de equipes médicas com custos de mercado, e não pela tabela do SUS. As tratativas pra compra de insumos e pras contratações já começaram, com a previsão de trazer inclusive profissionais de outras cidades ou estados.
A ativação de novos leitos de UTI nos hospitais Marieta e Ruth Cardoso também depende da habilitação de leitos de retaguarda em outros hospitais da região. O presidente da Amfri e o prefeito de Porto Belo, Emerson Stein, entregaria ontem ao estado um levantamento de quais hospitais poderiam receber mais leitos pra dar suporte à ampliação de UTIs.
A lotação das UTIs d na região fez voltar à tona a reabertura do antigo hospital Santa Inês, em Balneário. A possibilidade de usar as instalações já foi avaliada pelo município no ano passado, mas emperrou devido à necessidade de uma ampla reforma na estrutura.
A prefeitura explicou que nem o município nem o estado podem repassar recursos pra bancar as obras, pois trata-se de imóvel particular. O hospital também teria questões judiciais a serem resolvidas. O plano para o local seria abrir 10 leitos de UTI. Havendo a reforma, o estado entraria com os equipamentos e a prefeitura ajudaria em parte do custeio, numa parceria público-privada.
Ocupação alta
O centro Municipal de Covid de Balneário Camboriú fechou ontem com 90% de ocupação dos leitos de UTI, além de 21 internações no setor clínico, que tem capacidade pra 20 pacientes.
No hospital Marieta Konder Bornhausen, que chegou a lotar na segunda-feira, a ocupação estava em 87,14,% na noite de terça-feira, com nove dos 70 leitos vagos.
Conforme o painel de leitos públicos de UTI do governo do estado, na manhã desta terça-feira a lotação baixou nas últimas horas. No hospital da Unimed Litoral, que tem 18 leitos de UTI, a ocupação seguia nos 100%.
Marieta terá 80 leitos
Enquanto espera pela anunciada abertura do complexo Madre Teresa, prevista pra daqui 90 dias, a prefeitura de Itajaí informou a abertura emergencial dos 10 novos leitos de UTI na estrutura atual do hospital Marieta, conforme acordo entre os prefeitos da Amfri e o estado.
As novas UTIs serão instaladas no lugar de leitos de enfermaria do hospital. Com a ampliação, o Marieta ficaria com 80 leitos intensivos exclusivos pra covid-19, além de 17 leitos de enfermaria.
Segundo a prefeitura, o governo do Estado se comprometeu em enviar os equipamentos necessários para aparelhar as novas UTI, entre respiradores, monitores e bombas de infusão até o final da semana.
O acordo entre os municípios prevê novos leitos clínicos na região. Além do reforço nos hospitais de Camboriú, Penha e Luiz Alves, há previsão de outros leitos de enfermaria no hospital de Tijucas, somando cerca de 50 leitos em apoio às novas UTIs.
A secretaria de Saúde não avaliou se a compra de leitos privados de UTIs pelo estado poderá ter reduzir a sobrecarga nos hospitais públicos na região, onde a rede privada também opera no limite.