O ano letivo iniciou ontem na rede estadual e nas escolas municipais da maioria das cidades da região, com a retomada de aulas presenciais após quase um ano. A maior parte dos alunos terá aulas num modelo misto, com turmas alternando atendimento presencial e remoto. O primeiro dia foi avaliado com tranquilo pelas escolas, com número de alunos abaixo do previsto nos primeiros grupos de alternância.

A rede estadual tem 46 escolas na região de Itajaí. De acordo a coordenadora regional, Cleonice Berejuk, 82% dos alunos matriculados optaram pelo esquema alternado semanalmente, enquanto 18% preferiram estudar no modelo 100% remoto. Ela fez avaliação com os gestores escolar sobre o retorno das atividades.

“Em algumas unidades escolares ainda há a necessidade de serem realizadas adaptações que o PlanCon-Edu [Plano de Contingência da Educação] prevê  e por conta destas adaptações as aulas iniciaram hoje de maneira remota”, informou. Nessas escolas, a previsão é que as aulas presenciais retornem a partir da semana que vem.

As escolas estavam se preparando desde o início do mês pra receber os alunos. Na escola estadual Francisco de Paula Seara, na Vila Operária, em Itajaí, os professores e funcionários trabalharam na organização das salas e na sinalização das dependências pra garantir o distanciamento entre os estudantes.

Uma equipe foi enviada pela secretaria pra fazer a roçada, capina e poda de árvores, resolvendo um problema que já foi alvo de reclamação da comunidade. Os horários de intervalo e saída foram organizados em escalas pra evitar aglomero. Na chegada, os alunos passam por medição da temperatura e higienização com álcool em gel.

A diretora Rita Diesel informa que 75% dos alunos terão aulas presenciais, com turmas organizadas em até 50% da capacidade das salas. No primeiro dia de aula, houve falta nos primeiros grupos a voltar. Rita destaca que o retorno será gradual e vai demandar uma adaptação de todos. “É uma situação que a gente tem que encarar, porque isso acaba afetando muito o psicológico”, avalia.

Os alunos do ensino Médio da Francisco de Paula Seara iniciaram o ano letivo na plataforma remota. O atendimento deve ficar assim por 45 dias. São cerca de 250 estudantes que aguardam o reparo emergencial num dos blocos do prédio que está interditado.

Nas salas de aulas, os professores receberam os alunos repassando os cuidados básicos. Conforme o professor de matemática Cristiano Romais, atendendo as medidas do protocolo é possível ter um ano letivo produtivo.

“Tem sido bom esse retorno pra sala de aula. A gente tem esse contato humano, que é o que faz a diferença”, comentou. Cristiano atendeu uma das turmas ontem com sete alunos, do grupo de 15. Ele acredita que a quebra da semana pelo carnaval atrapalhou e que mesmo com as turmas reduzidas é possível ter uma normalidade nas aulas.

Denúncia de casos de covid

Em Itajaí, as aulas presenciais começaram na semana passada e os casos de covid-19 já preocupam servidores. Uma funcionária da creche César Martinho Ferreira, no bairro Fazenda, denuncia que uma professora teve confirmação de covid-19 e foi afastada, mas outros servidores com sintomas suspeitos estariam trabalhando. Também haveria alunos com suspeita da doença.

Mesmo com a situação, a servidora relata que as atividades seguiram normalmente. Ela defende que as aulas não deveriam ter voltado na educação infantil, devido ao maior risco de contágio. “Os alunos grandes ainda conseguem usar máscara e álcool, mas nas creches os pequenos não têm isso e temos contato direto com as crianças”, observa.

A secretaria de Educação confirmou que só uma professora do Jardim I testou positivo pra covid na terça-feira e foi afastada por nove dias. Ainda na terça-feira a creche passou por desinfecção. Conforme a direção, não tem nenhum outro funcionário e nem aluno sob suspeita e os protocolos de segurança estão sendo cumpridos. Até a semana passada, o município tinha 35 servidores da Educação afastados.

15 alunos por sala

Em Balneário Camboriú, as aulas reiniciaram nas redes estaduais e municipais, dentro dos mesmos protocolos definidos pelo governo estadual. No colégio estadual João Goulart, com 1300 alunos, a diretora Silvana Franco explica que apenas 15% dos estudantes optaram por estudar via online.

As 48 turmas foram recebidas com grupos de no máximo 15 alunos por sala. Na entrada, os alunos passaram por medição de temperatura, limpeza com álcool e tapete sanitizador. A escola iniciou o ano com nove professores a menos e espera por novas contratações. A direção também pediu a contratação de dois orientadores de convivência, que vão ajudar no atendimento e monitoramento dos alunos na entrada, saída e intervalos.

No primeiro dia, Silvana conta que os alunos e pais foram orientados e puderam tirar dúvidas sobre as medidas de prevenção. A professora de Arte, Egneia Maria da Silva, contou que havia um sentido de ansiedade muito grande. Alguns alunos relataram que não conseguiram dormir à noite. Durante as aulas, Egneia observa que é preciso relembrar sobre os cuidados sanitários. “A partir de agora a gente vai se adaptando no dia a dia”, disse.

O estudante Franco Fernandez Priori, de 15 anos, terminou o ensino fundamental na rede municipal em 2020 e começou o primeiro ano do Ensino Médio ontem no João Goulart. “É meio estranha essa volta”, comentou, destacando que, além da adaptação às regras sanitárias, também não conhece a escola.  “Mas acho que vai ser fácil se adaptar e estudar de forma segura”, completa.

Na rede municipal, todas as escolas voltaram com aulas presenciais, menos o centro educacional Dona Lili. A escola passará por uma reforma em razão dos estragos provocados pelo ciclone bomba. Os trabalhos estão em andamento, sendo acompanhados por uma comissão com a participação dos pais. Enquanto isso, os alunos terão aulas de forma remota.