BALNEÁRIO
Guardas municipais são acusados de agressão a menores; mãe de um deles é policial e promete levar o caso à justiça
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Cinco adolescentes de 16 anos foram agredidos por guardas municipais, no centro de Balneário Camboriú, na madrugada de segunda-feira. A agressão teria ocorrido quando os menores saíram de casa para ir até a lanchonete MC Donalds. Um dos menores agredidos é filho de uma policial civil de Itajaí.
A secretaria Municipal de Segurança Pública de Balneário já abriu procedimento para apurar a conduta dos GMs. O caso foi registrado na polícia Civil e na corregedoria da guarda municipal.
Um dos menores descreveu a agressão no boletim de ocorrência na polícia Civil. E.B., contou que estava acompanhado pelos amigos, J.T., I.Y., J.M., V.M e L. A., por volta das 3h30 da madrugada de segunda-feira. Os garotos estudam no segundo ano do ensino médio e, como estão de férias, se reuniram na casa de um colega.
Com a permissão da mãe, eles saíram para ir compra o lanche. Ao perceber que o MC estava quase fechando, saíram correndo pela rua em direção à lanchonete. Só que a corrida foi vista como atitude suspeita por uma viatura da guarda Municipal. Eles foram abordados na rua 916, de forma violenta pelos GMs, denunciou o adolescente no BO.
O menor L. correu com medo e os guardas passaram a disparar tiros de bala de borracha contra ele. O menor E. questionou o porquê dos disparos contra o colega e a resposta foi dois tapas violento no rosto. Segundo o menor, os guardas ainda o chamaram de "mulherzinha" e disseram que se ele os questionasse novamente iria apanhar mais.
Os guardas ainda ameaçaram atirar à queima-roupa na perna do menor se ele “falasse mais um A”. O adolescente ainda informou aos guardas que sua mãe era policial Civil. Assim que ele deu a informação, levou mais tapas no rosto.
O menor contou que os guardas ainda alegaram que a mãe dele “não era porra nenhuma" e que não poderia fazer nada contra eles. A viatura da GM pediu reforço e seis guardas municipais participaram da abordagem aos menores.
Durante meia hora, o menor revelou que ele e os amigos foram ameaçados e intimidados. E. ainda foi humilhado na frente dos amigos e os guardas alegaram que “se o encontrasse na rua novamente, ele iria apanhar mais”.
O adolescente ainda levou um safanão no braço ao tentar anotar a placa da viatura da GM. O guarda teria torcido o braço do adolescente por mais de dois minutos. O guarda ainda xingou o menor de “merda” e “menininha que não guenta três tapas”.
Antes de liberar os menores, os guardas foram em cada um dos adolescentes e em tom de intimidação gritaram que o menor “E. só apanhou porque tinha falado demais, para servir de exemplo para os outros menores”.
A mãe do menor, que é policial civil, contou que o filho ficou sendo torturado e agredido física e moralmente por cerca de 30 minutos pelos seis agentes da GM. O menor passou por exame de corpo de Delito para comprovar as agressões sofridas e também foi medicado no hospital do Coração.
A mãe também está colhendo imagens das câmeras de segurança próximas ao local da agressão para serem entregues ao delegado que investigará à agressão. Um inquérito policial foi aberto na delegacia de Balneário.
Mãe vai levar caso à justiça
A mãe do adolescente registrou o caso na delegacia, na corregedoria da GM e ainda pretende contratar um advogado para processar o município e os guardas. “A guarda vem há tempos causando grandes problemas em suas abordagens. Na cabeça deles, meu filho era só mais um, mas eu vou processar e levar a denúncia adiante, para quem sabe dessa vez eles aprendam a trabalhar e sirvam de exemplo para os demais”, desabafou a mãe, ainda indignada com a situação.
O secretário Antônio Gabriel Castanheira, da secretaria Municipal de Segurança, disse que já estava sabendo do caso e que um procedimento interno já foi instaurado pra apurar as agressões. A mãe e o adolescente já foram ouvidos na corregedoria da GM e agora os guardas identificados na operação serão investigados.
Além dos depoimentos, o secretário vai coletar imagens para apurar a conduta dos GMs. O procedimento interno pode culminar em três punições para os guardas: advertência, suspensão ou exoneração do cargo público.