Matérias | Geral


ITAJAÍ

Projeto de novo hotel em Cabeçudas é contestado por associação

Empreendimento está previsto em área de antigo casarão e perto de córrego

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Entidade questiona altura acima do limite do plano diretor com outorga onerosa (foto: João Batista)


O projeto de um novo hotel na praia de Cabeçudas, em Itajaí, é alvo de questionamento pela associação de moradores, que levanta preocupação quanto aos impactos urbanísticos e ambientais do empreendimento. A construção será na esquina das ruasCônsul Carlos Renaux e Paulo Hebert, na terceira quadra da praia, prevendo dez pavimentos, além de piso térreo e mezanino.

A área de quase 13 mil metros quadrados foi comprada pelo empreendedor há cerca de três anos. O terreno abriga um casarão histórico, que já teve uma proposta de tombamento mas náo avançou, e foi residência inclusiva do centro de Atenção Psicossocial (Caps), com serviços de acolhimento, acompanhamento terapêutico e proteção social. Hoje o imóvel está desocupado. Perto ficam um restaurante e uma escola municipal.

A construção do hotel teve parecer favorável pela secretaria de Urbanismo, em consulta prévia feita pelo empreendedor em 2019. O projeto arquitetônico também já teria sido aprovado pela secretaria e passaria por análise do conselho de Gestão Territorial de Itajaí, mas o município não respondeu sobre o trâmite atual.



Ainda em 2019, a associação de moradores denunciou o projeto ao ministério Público por supostas irregularidades do empreendimento no local. Na visão da entidade, a obra infringiria o plano Diretor, que prevê imóveis de até cinco pavimentos + térreo na área. A questão foi investigada em inquérito civil público, mas o caso acabou arquivado em março de 2020.

A promotoria entendeu que, com o uso do direito de outorga onerosa, o zoneamento da área permite até 12 pavimentos + térreo, não havendo impedimento pra construção do hotel. A outorga onerosa é uma medida que permite construir acima do limite previsto no plano Diretor, mediante uma compensação financeira.

“É valioso salientar que, caso constatadas irregularidades ambientais ou urbanísticas, a qualquer tempo, poderá será instaurado novo procedimento para apuração dos fatos, mas, por ora, não há motivo para continuidade das investigações”, diz o arquivamento da promotoria.


Sobrecarga na infraestrutura

O diretor de Urbanismo da associação de Moradores, o arquiteto Victor Bomtempo Augusto, avalia que a possível liberação do empreendimento com outorga onerosa provocaria um adensamento significativo num lugar que não tem condições de comportar os impactos na infraestrutura.

A rua Cônsul Carlos Renaux tem seis metros de largura, com sentido único e uma faixa de trânsito. A lateral direita da via já fica tomada de carros estacionados, sobrecarregando, ainda mais no verão, pelo fluxo de turistas. Serviços de água, esgoto e energia, que já sofrem com interrupções, também teriam aumento de demanda. 

Victor ressalta que o zoneamento permite atividade hoteleira, mas limita a construção mínima pra habitações multifamiliares em 90 metros quadrados. “A atividade hoteleira é bem vinda, porém as limitações locais devem ser tratadas com clareza e pertinência. Afinal, não conseguimos colocar um elefante dentro de um fusca”, afirma, frisando que a capacidade de densidade populacional do bairro é limitada e deve ser obrigatoriamente respeitada.

A venda da outorga para o bairro também não seria medida adequada, indo na contramão dos estudos técnicos do novo plano Diretor. As diretrizes urbanísticas em elaboração preveem uma verticalização controlada e limitada em Cabeçudas. “A outorga onerosa será proibida para todo o bairro de Cabeçudas e é uma irresponsabilidade a liberação de compra atual”, alerta Victor.


 

Córrego, que desemboca na praia, passa nos fundos do terreno

Investigação do MPSC não viu impedimento legal pra construção

A associação demonstra preocupação ambiental com o córrego que passa nos fundos do terreno e desemboca na rua Benjamin Constant, a “rua da vala”. O departamento jurídico da entidade lembrou decisão recente do superior Tribunal de Justiça (STJ), de que as construções devem respeitar o limite mínimo de 30 metros das margens dos cursos d`água, prevalecendo as regras do código Florestal sobre as leis de solo urbano.


Outra queixa diz respeito à falta de informações completas sobre o projeto e de consulta à comunidade. A associação manifestou interesse em participar das discussões sobre o empreendimento, mas não teve acesso. “Estamos no escuro sem ter a informação precisa para repassar à comunidade”, observa Victor.

A consulta prévia pra construção foi aprovada pelo conselho Gestor em abril de 2019. Na ocasião, o representante do projeto apresentou a proposta de um hotel de quatro a cinco estrelas, com térreo, mezanino e mais dez andares, além de dois pisos de subsolo. Foi manifestada a intenção de compra da outorga onerosa, que permitiria duplicar o número de andares e usar o subsolo. O prédio teria 171 apartamentos e 150 vagas de garagem.

Em janeiro, a empresa Verdanta Cabeçudas Hotel foi criada com endereço no local do terreno, prevendo incorporação de empreendimentos imobiliários como atividade principal. O imóvel tem matrícula em nome da WBA Construtora e Incorporadora, que faz parte da sociedade da Verdanta. A empresa é ligada à construtora Etech, de Balneário Camboriú. Em contato por e-mail, não houve retorno da empresa, até a sexta-feira, sobre o andamento do projeto do hotel.

 

Patrimônio histórico

Mesmo se tratando de uma consulta prévia, desde a apresentação do projeto, a associação rejeitou construções de prédios de grande porte por serem incompatíveis com a estrutura do bairro. A entidade ainda considerou, à época, mudanças nos padrões construtivos no bairro, ligadas à possibilidade de Cabeçudas ser declarada patrimônio histórico e integrar parte de área de Preservação Ambiental.


Em 2017, o ministério Público chegou a abrir um inquérito pra apurar a relevância cultural e histórica do bairro Cabeçudas, com mapeamento dos imóveis. Um estudo da pesquisadora Thayse Fagundes, de 2014, listou mais de 30 imóveis de interesse histórico e arquitetônico, construídos entre as décadas de 1920 e 1950.

O processo da promotoria se tornou uma ação civil pública que visa a declaração judicial da importância cultural e histórica do bairro, com estado e município devendo tomar providências para preservar o conjunto histórico de Cabeçudas. A proposta é impedir mudanças que descaracterizem o bairro e controlar sua verticalização.

 




Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.


Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






3.15.25.32

Últimas notícias

ECONOMIA

WEG conclui compra de empresa norte-americana de motores industriais

OUTONO

Balneário Shopping vai ter lojas da Sisley e Stanley

BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Roda-gigante está com desconto para moradores da região

BC

Obra da Emasa vai afetar abastecimento na área central de Balneário

BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Menina de 17 anos é resgatada de prostíbulo em Balneário Camboriú

BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Colégio Energia de BC sofre princípio de incêndio

Guabiruba

Apressadinhos: Gêmeos nascem a caminho do hospital no Vale do Itajaí

Luto no cinema

Morre Bernard Hill, ator que fez Titanic e Senhor dos Anéis 

TRAGÉDIA gaúcha

Aeronaves da região levaram doações ao RS

Brasileirão

São Paulo bate o Vitória fora de casa



Colunistas

Coluna Esplanada

Concorrência em casa

Coluna Exitus na Política

A vida além do rosto

Mundo Corporativo

Um por todos e todos por um. Será?

JotaCê

Queda do primeiro ministro

Na Rede

Loja da Havan inundada, pit bulls soltos e médico criminoso: veja o que foi destaque nas redes DIARINHO

Histórias que eu conto

A praça do Padre Diretor

Jackie Rosa

Vovô Delfinzinho

Coluna Fato&Comentário

Anuário de Itajaí - 100 anos da 1ª edição

Via Streaming

Inimigo íntimo

Foto do Dia

Feriado ensolarado

Gente & Notícia

Chico da FG é o aniversariante do mês

Show de Bola

Estreia decepcionante

Direito na mão

3 estratégias para acelerar a aposentadoria

Coluna do Ton

DJ Scheila confirmada na festa do Pinhão

Ideal Mente

Time’s Up

Coluna Existir e Resistir

Bloquinho do Sebastião Lucas resgatando e revivendo os saudosos carnavais

Empreender

Balneário Camboriú atrai cada vez mais clientes do eixo sudeste

Artigos

Aniversário da praça dos Correios



TV DIARINHO






Especiais

Na Estrada

Serra catarinense com pousada de luxo e os melhores vinhos de altitude de SC

ENTREVISTA

Elon Musk está engajado com extrema direita, diz advogada e ativista de direitos digitais

IMUNIZAÇÃO

SC aguarda mais remessas da vacina para atender todas as regiões

DENGUE

Para entender os mitos e verdades sobre a doença

DENGUE

“Foi uma das piores doenças da minha vida”: relatos de como a dengue é devastadora



Blogs

A bordo do esporte

Primeiros inscritos na Semana Internacional de Vela de Ilhabela 2024

Blog do JC

Continua junto

Blog da Jackie

Armandinho na Câmara, Dia das Mães, Café Verde e Azul, Bazar da Colcci...

Blog da Ale Francoise

Sintomas de Dengue hemorrágica

Blog do Ton

Amitti Móveis inaugura loja em Balneário Camboriú

Gente & Notícia

Warung reabre famoso pistão, destruído por incêndio, com Vintage Culture em março

Blog Doutor Multas

Como parcelar o IPVA de forma rápida e segura

Blog Clique Diário

Pirâmides Sagradas - Grão Pará SC I

Bastidores

Grupo Risco circula repertório pelo interior do Estado



Entrevistão

João Paulo

"Essa turma que diz defender a família ajudou a destruir a boa convivência em muitas famílias. Na defesa de um modelo único, excludente"

Entrevistão Peeter Grando

“Balneário Camboriú não precisa de ruptura, mas de uma continuidade”

Juliana Pavan

"Ter o sobrenome Pavan traz uma responsabilidade muito grande”

Entrevistão Ana Paula Lima

"O presidente Lula vem quando atracar o primeiro navio no porto”



Hoje nas bancas


Folheie o jornal aqui ❯








MAILING LIST

Cadastre-se aqui para receber notícias do DIARINHO por e-mail

Jornal Diarinho© 2024 - Todos os direitos reservados.
Mantido por Hoje.App Marketing e Inovação