Itajaí
Bromélia do herbário vira estampa da Santacosta
Lucro das vendas será revertido pra ajudar a instituição que completou 78 anos de história esta semana
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O herbário Barbosa Rodrigues, em Itajaí, fez uma parceria com a loja Santacosta pra venda de camisetas com estampa de uma bromélia do acervo de ilustrações da instituição. O desenho leva a assinatura do pintor Domingos Fossari, responsável por ilustrar as plantas estudadas pelo padre e botânico Raulino Reiz, criador do herbário.
Todo o lucro das vendas será destinado à manutenção da instituição, que não recebe ajuda financeira de governos. O lançamento da camiseta marcou o aniversário de 78 anos da entidade, fundada em 22 junho de 1942, em São Leopoldo (RS). O acervo veio pra Itajaí em 1946, sendo que, em 1954, o prédio icônico da avenida Marcos Konder foi erguido como sede da instituição.
O projeto com a Santacosta prevê a produção inicial de 100 camisetas. Elas já estão disponíveis na loja por R$ 138 a peça.
A camiseta traz o selo do herbário na frente e o desenho da bromélia atrás, junto com seu nome científico – aechmea Recurvata.
Na parte interna da gola, tem a ficha da planta, conforme o registro catalográfico feito pelo herbário. De acordo com a bióloga Emanuele Pansera, funcionária da entidade, a ideia da parceria com a Santacosta surgiu no ano passado, quando a loja divulgou uma camiseta com uma bromélia. “Sugerimos uma camiseta com um desenho de bromélia e eles toparam”, conta.
Segundo a pesquisadora, o valor das vendas vai ajudar o herbário a pagar gastos como água, luz e telefone. A instituição tem convênio com a Univali, que banca uma funcionária e duas estagiárias. Fora isso, não há repasses financeiros do governo. “Quem paga as contas básicas é o casal Zilda [Helena Deschamps] e Jurandir Bernardes”, observa, sobre os administradores do herbário. Eles serviram de modelos pra divulgação do produto.
Marca peixeira une praia, moda e natureza
A Santacosta nasceu na praia Brava, em Itajaí, onde moram os amigos Jefferson Matias e Christopher Stoner, criadores da marca que ganhou o Brasil a partir das estampas com nomes das praias catarinenses.
Jefferson conta que a marca surgiu em homenagem à costa de Santa Catarina, com a ideia de unir cultura de praia com a moda e a natureza, inspiração às diversas estampas.
Foi nesse contexto que rolou o projeto com o herbário, pra ajudar a instituição no trabalho científico em prol do meio ambiente.
Jefferson observa que a iniciativa partiu do sócio e que a parceria, a exemplo de outras da empresa na região, também reforça a ligação da marca com a cidade de Itajaí.
“A Santacosta já tem no DNA o desenvolvimento de produtos que tragam soluções práticas praquilo que a gente acredita”, comenta.
O lançamento está disponível à pronta entrega pelo site www.santacosta.com.br. A loja na Brava fica na rua Delfim de Pádua Peixoto, 163. Outros pontos de venda podem ser conferidos também no site.
Acervo histórico está em risco
O prédio do herbário abriga um acervo com 95% da flora catarinense catalogada, resultado de mais de 50 anos de pesquisa de Raulino Reitz. São 70 mil plantas registradas, além de outras 20 mil nem estudadas. Outra preciosidade são as pinturas originais de Domingos Fossari.
As imagens estão na enciclopédia Flora Ilustrada Catarinense e podem ser vistas no blog http://fossaripintor.blogspot.com, mantido pela filha do artista, a atriz Carmen Fossari.
O herbário está com as portas fechadas pra visitas desde 2015. Os trabalhos internos de pesquisa e catalogação foram suspensos devido à pandemia. Além das dificuldades em dar continuidade aos estudos, a instituição está no meio de uma ação civil pública na qual o ministério Público cobra que a prefeitura finalize o processo de tombamento e faça reparos emergenciais no prédio.
A administração do herbário é contra o tombamento por limitar intervenções no imóvel. Em abril, a promotoria pediu a retomada do tombamento e a execução de obras emergenciais. O tribunal de Justiça atendeu recurso da prefeitura pra suspender as medidas em razão da pandemia. O processo atual espera pelo agendamento de uma audiência entre as partes, que inclui também o estado, a ser feita por videoconferência.