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Coluna esquinas

Por Coluna esquinas -

Nu


Estou nu. Despido fiquei ao perceber que a vida é bem mais simples do que eu imaginava.

Viver o cotidiano é automático. Sentir a vida não é.  Um isolamento dá tempo para pensar sobre o que vestir ou o que despir. Tantas quinquilharias que podem ficar de fora da minha vida... Ufa!

Quando senti falta de sol, lua, vento, alegria, cheiro e sabor, ou de passos na rua ensolarada descobri, de supetão, que a liberdade estava o tempo todo ali. Me senti nu sem ela.

Para que a vida flua precisamos pouco, não é? Mas nossos desejos vão ficando mais complexos e as exigências podem atravessar a linha tênue da saúde emocional. Chega o dia em que não basta termos saúde, o que importa é ter corpo sarado. Não basta ter grana para comida, queremos aquela roupa com etiqueta elegante e celular de última geração.

Somos seres estranhamente vaidosos. Queremos uma vida de novela com direito a carros do ano e festas com glamour. Assim sendo, ser feliz exige muito e não terá outro modo. Tem é que conquistar mais, mais, mais. A realidade é atropelada para que nós, mortais, possamos gastar, consumir, beber, festar, explorar, juntar bens e julgar quem não os tem.  Não existe vida além do consumo.

Não pensa assim? Pensemos em dinheiro. Não basta o suficiente para vivermos seguros com contas pagas, alimento na mesa e instantes de alegria com família ou amigos? Não basta? Trabalha-se muito para ter dinheiro que adquira bens e aprisione. Ser livre é improvável assim e, quando menos se percebe, as agendas estão cheias, o sono péssimo e há dores no corpo. Mas o que seria a vida sem o sucesso e posses, não é?

Pensamos que estamos livres. A sociedade funciona por redes flexíveis que mudam constantemente. Quando menos esperamos, somos pegos por ela e estamos presos às contas, boleto do carro novo, financiamentos infindáveis ou compromissos com empresas que nos chamam de “colaborador” e nos tratam com “mimos” no final do ano para não sentirmos que no restante do ano entregamos infinitas horas ao patrão sendo exigidos desumanamente.

O que nos move? Estamos nus ou vestidos de valores ilusórios? O que nos faz sorrir? Ser vítima da competitividade, busca pelo sucesso ou empreendedorismo é ingenuidade. Se temos uma meta para esta semana, na seguinte ela será maior. Nunca irá parar.

O que fica? Simplicidade. Lembro do filho recém-nascido que segurava o meu dedo e me enchia de vida. Do ex-aluno que me encontra depois de uma década e relembra uma piada que contei em uma aula. Do sorriso da criança quando ganha uma bola plástica e a acolhe com verdade nos olhos. Do pé na grama molhada. Do vai e vem do barulho do mar no meu ouvido. Coleciono pequenas alegrias que me fazem vibrar. Assim me cubro de potência e vida. Liberdade.

Fico nu de valores sórdidos e efêmeros. Só assim. Só assim enxergo a vida plena.

Fica a dica:

Se concorda que todos os acontecimentos importam e que a beleza está nos pequenos detalhes da vida, olhe O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Ano 2001. Direção: Jean-Pierre Jeunet)


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