Memórias & Fatos
Por Memórias & Fatos -
Atração milenar sofre repressão
“Sino que tange com mágoas doridas / Recordando sonhos da aurora da vida”... Os versos de Augusto Calheiros mostram muito bem o lado romântico que representa o sino da capela... Os campanários em geral assinalavam e ainda assinalam quando é a hora do Ângelus, o meio dia, o nascimento ou o passamento de alguém. A chamada do culto ou da missa, o anúncio de qualquer acontecimento na comunidade ou no país, sobretudo as horas. Há lugares como Nova Trento que fazem bater o sino quando vem trovoada para afugentar trovão... D. Pedro II quando visitou nosso Estado em 1845, nas cidades por onde passou deixou como lembrança um sino para a matriz... O que ficou na Penha sofreu uma rachadura e hoje se encontra no museu de Azambuja, em Brusque. É tão relevante o sino que toda igreja é composta de torre só para abrigá-lo... Em Aparecida, São Paulo, junto à Basílica nacional, acaba de ser inaugurado o maior e mais moderno campanário do Brasil. No Santuário de Santa Paulina o campanário com cinco sinos afinados fica no alto do frontispício. O toque da alvorada, o relógio que assinala a hora à distância, o som da melodia romântica que eleva o pensamento absorto no silêncio – somente o sino proporciona essa eficácia. O Big Ben que bate desde 1859 é uma das maiores atrações de Londres. Outro fator milenar que tem ocasionado reclamação de vizinhos é o cantar do galo na madrugada.
O galo que já foi o relógio do pescador, do homem do campo, do caminhante, do seresteiro e dos namorados está fadado a ser extinto porque não está mais sendo olhado pelo lado útil e romântico. Na época atual onde impera a música metálica e caixas de som com mil Watts de potência que estouram os tímpanos, descargas de veículos motorizados, helicópteros e foguetes, o tanger dos sinos e o cantar dos galos são até lenitivos em matéria de decibéis para os nossos ouvidos. É pena quando se esquece as tradições. “Bate o sino pequenino, sino de Belém / Já nasceu o Deus-Menino para o nosso bem”.