Todo final de mês o hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, fecha as contas no vermelho. O déficit gira em torno de R$ 700 mil a cada 30 dias, o que impede qualquer chance da unidade sair do buraco. Ontem, com a suspensão das cirurgias eletivas – aquelas em que não há risco de morte –, o maior hospital da região passou a respirar com ajuda de aparelhos. A agonia do Marieta respinga em toda a população, que tem o seu direito a atendimento médico limitado em função do caos que toma conta da instituição.

Enquanto isso, o governo barriga-verde anunciou que os hospitais Santo Antônio e Santa Isabel, ambos em Blumenau, vão receber R$ 4,4 milhões de auxílio do estado. Zilda Bueno, advogada do hospital peixeiro, acha o fato um absurdo. “Estamos em uma calamidade e ninguém consegue dar um jeito na nossa situação. Queremos um posicionamento do governo quanto ao nosso pedido de repasse. O Marieta precisa da ajuda do estado”, clama. A advogada disse que ontem 38 pessoas esperavam por leitos, sendo três na UTI. Mas, segundo ela, o problema tende a se agravar nos próximos dias. “É preocupante a situação”, avalia.

Zilda afirma que cirurgias de pacientes internados foram canceladas em função da UTI permanecer lotada. Pra ela, isso só vai começar a melhorar quando o hospital conseguir se manter financeiramente, deixando de ter prejuízo todo mês. “O nosso déficit mensal varia em torno de 600 a 700 mil reais. É quase impossível trabalhar assim”, desabafa.

Prefa também pede help do estado

A secretária de Saúde de Itajaí, Dalva Maria Rhenius, pede mais atenção do governo barriga-verde. “Infelizmente, a população aumentou e o estado não percebeu isso. O Marieta sozinho não é suficiente para cuidar de toda Itajaí e de outras cidades que não têm hospital e mandam os moradores pra ser atendidos aqui”, conta a chefona.

Dalva informa que são repassados mais de R$ 3 milhões por mês pra administração do Marieta. A prefa libera em torno de R$ 1,1 milhão e o restante da grana é do governo federal, através do SUS. Além disso, há o pagamento de cerca de R$ 1 milhão por ano, por causa da lei municipal 5666, que passou a vigorar em dezembro do ano passado.

Dalva também revelou alguns projetos em andamento pra ajudar o hospital. “Estive ontem na secretaria Estadual de Saúde para pedir R$ 200 mil para reforma do 8º andar do hospital Marieta. Além disso, há um projeto de construção de um anexo onde funciona atualmente a garagem do hospital, que teria 15 andares”, revela a bagrona, que não fala da possibilidade de Itajaí aumentar o dindim repassado ao hospital.