Os padres chegaram com normas disciplinares rígidas, conforme a cultura daquele tempo; ao chegarmos, tínhamos que depositar numa caixa, na entrada, a caderneta escolar: era um misto de diário escolar, boletim, livro de orações e normas de boa conduta. Para cada dia do ano letivo, a nossa presença lá tinha que ser carimbada. Isto, sete dias por semana, pois tínhamos aula também aos sábados e, no domingo, a missa era obrigatória. O carimbo de “missa” era imprescindível para entrar em aula na segunda-feira. Se alguém assistisse missa em outra igreja, deveria trazer a assinatura do padre que rezou a missa.
Devoções novas nos foram apresentadas pelos salesianos: Nossa Senhora Auxiliadora, Dom Bosco e um jovem de 15 anos: São Domingos Sávio, de gravatinha, paletó verde e uma frase: “La morte ma non pecatti”.
A cantina vendia sanduíches, laranjinha, Maria-mole, paçoquinha de amendoim, embaré e, de quebra, material escolar. O seu João, no pátio, vendia bananinhas.
Durante o recreio não se podia sentar. Devíamos nos manter sempre em movimento. O olhar vigilante do Conselheiro, padre Otávio Bortoline, cuidava disso.
O dia 24 de maio era dia de Nossa Senhora Auxiliadora. Desfilávamos impecáveis pelas ruas do centro, tal qual em sete de setembro. Da fanfarra começaram a fazer parte as cornetas ou clarins. Sabíamos os hinos da República, da Bandeira e o Nacional.
Em junho era outra festa, pois íamos ao Ginásio também à noite, para a festa junina e para angariar fundos para a construção do novo Ginásio, este que aí temos hoje. Na festa de encerramento do ano letivo, havia farta distribuição de medalhas de ouro, prata e bronze conforme os pontos conseguidos pelos alunos, em comportamento, disciplina e assiduidade às aulas. Nestas festas sempre havia um grupo de seminaristas que vinha de Ascurra para apresentar cantos e peças de teatro.
O nosso Ginásio Salesiano Itajaí era um exemplo de ensino. Alguns alunos, influenciados pelos seminaristas, ingressavam no seminário, porém poucos aguentavam, retornando para suas casas.
A autoridade dos padres, todos eles professores, era incontestável; a disciplina era aplicada com rigor e ninguém discutia; era desta maneira e ponto final.
Concluído o ginásio, íamos fazer o científico em Blumenau, Florianópolis ou fora do Estado. Desta época que relatei, ficaram, além das recordações, os princípios morais, éticos e religiosos que nos moldaram o caráter. O Ginásio fazia parte da nossa vida, pois nele vivíamos a maior parte do nosso tempo. Sem irmos a ele, sobrava-nos o domingo à tarde; era quando íamos aos matinês dos cines Rex, Luz e Itajaí ou ao futebol dos times da cidade. Fico por aqui, trazendo mais um pouco da vida estudantil, lembrada hoje por muitos dos nossos filhos e até netos. Avante, Salesiano, pois ainda há muitas belas páginas a serem escritas.