Pequeno Anjo
Hospital é denunciado por negligência
Pai de Jonatas, da campanha AME Jonatas, afirma que médico quase degolou filho em cirurgia de troca do tubo de traqueostomia
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O pai do menino Jonatas, Renato Henrique Openkoski, fez denúncia pelas redes sociais de suposta negligência no hospital Pequeno Anjo, em Itajaí, na troca do tubo de traqueostomia da criança na quarta-feira passada. Segundo ele, houve imperícia e irresponsabilidade do médico que fez a cirurgia, resultando num corte grave no pescoço de Jonatas.
“De um procedimento simples de troca de cânula de traqueostomia, quase degolaram meu filho”, desabafou. “[O médico] cortou o pescoço do meu filho inteiro. Meu filho foi sangrando para casa”, disse. O menino sofre de atrofia muscular espinhal (AME), uma doença rara e degenerativa. Ele deu entrada no hospital pelo Samu.
Segundo informou o pai, foi registrado boletim de ocorrência contra o cirurgião e o menino passou por exame de corpo de delito. “Entramos com ação contra o hospital e o médico”, completou Renato. Ele relatou, ainda, que o hospital demorou para entregar o prontuário do filho e que o documento teria sido adulterado para tentar colocar a culpa do ferimento nos pais.
O prontuário mostrado em vídeo por Renato aponta ocorrência de escara (lesão na pele) acima da abertura da traqueostomia por “provável contato prolongado com o plástico da cânula [tubo da traqueostomia]”.
O pai do menino, porém, contesta o que foi registrado no documento. “Aquele corte no pescoço do Jonatas não é de contato prolongado com o plástico. Aquilo é de corte recente, feito na hora, no procedimento cirúrgico desse incompetente cirurgião”, acusa, na denúncia. Renato iniciou um movimento pedindo justiça pelo filho e punição aos responsáveis.
“Cuidamos tão bem de você já há cinco anos, com tanto amor e carinho, para fazerem uma atrocidade dessas e ainda terem a coragem de dizer que já estava nesse estado”, diz trecho de postagem dos pais para Jonatas no Instagram.
Hospital investiga caso
Em nota de esclarecimento, o hospital informou que tomou conhecimento da denúncia pelas redes sociais e que não houve registro da queixa nos canais institucionais de comunicação do hospital.
Diante das acusações, a direção disse que constituiu uma comissão de investigação interna “como forma de reverificar e auditar todos os atos praticados dentro de nossas dependências, quanto ao caso específico”, informou a unidade.
A comissão de ética médica da instituição também iniciou um procedimento próprio de investigação. “Até o momento, não foram identificadas quaisquer condutas culposas ou dolosas praticadas pelos profissionais que prestaram atendimento à criança”, destaca a nota do hospital.
A direção ainda ressaltou que algumas informações foram erroneamente veiculadas pelos pais da criança quanto aos atendimentos e procedimentos adotados pela instituição. O hospital rebateu a acusação de suposta adulteração no prontuário médico da criança, explicando que o registro é eletrônico e não pode ser alterado.
“Jamais houve recusa ou demora para entrega deste documento”, afirma o hospital. Além das medidas para esclarecer o caso, a unidade afirmou que entrou em contato com as autoridades para prestar esclarecimentos, compartilhar documentos e ajudar na apuração dos fatos.
Campanha AME Jonatas
O menino ficou conhecido pela campanha AME Jonatas, que repercutiu nacionalmente e que virou alvo da justiça em 2018 por mau uso dos recursos arrecadados pelos pais. Segundo o Ministério Público, mais de R$ 200 mil da campanha teriam sido gastos em bens sem relação com a saúde da criança, como carro de luxo, viagem e celulares, além de despesas com academia, restaurante e balada.
O processo envolvendo a acusação tramita desde 2020 em Camboriú, onde os pais - Renato Henrique Openkoski e Aline de Souza da Cunha Souza - passaram a morar. A origem do processo aconteceu em Joinville, quando o Ministério Público fez a denúncia. Antes da mudança para Camboriú, a família já tinha morado em Araquari.
No processo, os pais foram obrigados a fazer a prestação de contas e ainda precisam dar informações sobre o tratamento do menino. A campanha arrecadou mais de R$ 4 milhões e foi encerrada em 2019. Depois, a família entrou com pedido para que o estado bancasse as despesas de saúde. O perfil da campanha segue ativo no Instagram, com postagens dos pais sobre os avanços do tratamento do menino, hoje com cinco anos.