Matérias | Especial


Enquete

Empresários, autoridades e especialistas opinam sobre a privatização

Conheça a opinião dos principais envolvidos no assunto

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



Nossa visão para o futuro do porto de Itajaí é pela manutenção da Autoridade Portuária Pública Municipal, no sistema landlord port. O modelo é aplicado aqui e nos maiores e mais eficientes portos do mundo, com a demonstração de excelentes resultados. Não compreendemos a política do governo federal de modificar este modelo. O porto de Itajaí é superavitá-rio e coloca o município em 12º lugar no país em arrecadação de impostos federais [R$ 16,2 bilhões no ano de 2020] e vem investindo em desapropriações, aprofundamento do canal e finalização da bacia de evolução com recursos próprios. Portanto, repudiamos o plano de Desestatização do Porto de Itajaí. O porto é nosso.

Alexandre Pamplona, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração, Capatazia, Empresas Operadoras Portuárias e Administrativos (Sintac)



 

Visão deve ser a longo prazo


         Precisamos pensar e apostar em um projeto para o porto de Itajaí e a atividade portuária em geral que gere ainda mais emprego e renda para a nossa cidade. Por conta disso, acreditamos que avaliar todas as possibilidades, os pontos fortes e os mais sensíveis é imprescindível para o sucesso da decisão com relação ao modelo de desestatização do porto. Nosso papel é fundamental como entidade representativa, mas nossas opiniões e intervenções devem ser pautadas na coerência e na análise de uma visão a longo prazo. 

Bento Ferrari, presidente do Sindilojas e da Intersindical Patronal de Itajaí

 

Atratividade, competitividade e resultados positivos


   O porto passa por momento traumático. Estudos realizados pelo governo federal apontam que o atual modelo [com operação totalmente privada e gestão municipal] não suporta mais um mercado tão competitivo e deve propor a concessão total do porto à iniciativa privada. A estimativa é de mais de R$ 2 bilhões em investimentos. Por essa razão, acredito que, em 2023 e nos três anos seguintes, viveremos uma revolução na administração e infraestrutura portuária. Isso vai impactar na cidade e na realidade dos trabalhadores. Esperamos que o modelo proposto tenha sido criado atendendo a critérios técnicos e que traga mais atratividade, competitividade e resultados positivos para quem depende da atividade portuária para sobreviver. 

Jhon William da Rocha, diretor executivo do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) de Itajaí

 


Porto é superavitário

         Todos sabemos que a gestão municipalizada deu certo em Itajaí e os estudos, até agora apresentados, comprovam isso. O porto é superavitário, movimenta a maior parte da economia da cidade e não tem porque mudar isso. Não têm motivos para o governo insistir na privatização, inclusive, porque existe a possibilidade da inconstitucionalidade da Lei de Portos [12.815, de 2013, que rege as outorgas]. Ninguém está acima da lei. Se o cidadão comum precisa respeitar a Constituição, o governo federal precisa dar o exemplo. 

Saul Airoso da Silva, presidente do Sindicato dos Estivadores de Itajaí

   Na minha opinião, um porto é uma atividade privada da qual o Estado deve ficar distante, em todos os seus aspectos. Não é função do Estado administrar um porto, e não conheço nenhum exemplo em que o poder público administre melhor que uma empresa [em qualquer tipo de atividade empresarial]. Penso que, nas mãos da iniciativa privada, os portos se tornam mais eficientes, mais produtivos e podem reduzir seus custos. Ao longo das duas últimas décadas, o custo de operar, no porto de Itajaí, subiu tremendamente. Operar no nosso porto foi barato e hoje não é mais. Falta concorrência para o porto de Itajaí e nada habilitaria melhor nosso porto a sobreviver à concorrência do que a redução dos custos.

Rogério Marin, presidente do Sindicato das Empresas de Comércio Exterior do Estado de Santa Catarina (Sindi-trade)


 

Modelo sustentável economicamente

   A CDL de Itajaí, sempre que chamada, participa dos debates em prol da cidade. Nossa missão, aqui, não é de tomar decisão, mas de apoiar e auxiliar na definição do melhor modelo. Indiscutivelmente, a melhor alternativa é aquela capaz de impactar, de forma positiva, na economia e na vida das pessoas. É isso que desejamos, o melhor para a nossa cidade. Precisamos, sim, de um modelo que coloque Itajaí ainda mais em evidência. Precisamos, sim, de um modelo sustentável economicamente. Por isso, a importância de uma tomada de decisão coerente. 

Laerson Batista da Costa, presidente da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) de Itajaí

 

Continuidade do modelo

   Estamos apreensivos porque o modelo de gestão municipal traz vantagens operacionais e competitivas. Aqui, os problemas são discutidos na esfera local e, com uma mudança no modelo de gestão, as decisões serão a partir de Brasília, o que vejo como desvantajoso. Outra questão é que o porto está cravado no meio da cidade e temos outros terminais à montante e que dependem de toda essa mobilização da Autoridade Portuária que, pela vontade da União, será privada. Portanto, entendemos que o melhor caminho é a continuidade da Autoridade Portuária municipal.

Marcelo Alessandro Petrelli – presidente do Sindicato dos Despachantes e Ajudantes Aduaneiros de Santa Catarina (Sindaesc)

 

Competividade

       A delegação da gestão do porto de Itajaí ao município se fez necessária há 25 anos. Hoje a realidade é outra. O porto perdeu competitividade e caiu da 1ª para 11ª posição no país. Não somos o 2º do Brasil em movimentação de contêineres. Essa posição é do complexo como um todo e o responsável pela boa performance é o TUP Portonave, que tem a melhor produtividade do Brasil. Hoje, o porto público corre um grande risco de perder suas linhas para o TUP, que está investindo US$ 100 milhões na sua infraestrutura. O porto de Itajaí tam-bém necessita de grandes investimentos e ninguém vai colocar R$ 2,8 bilhões. Uma gestão pública não garante. Vejo a gestão privada como o modelo ideal para Itajaí. 

Eclésio Silva, diretor executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima e Comissárias de Despachos do Estado de Santa Catarina (Sindasc)

 

Desestatização é uma oportunidade

   Dizer não à privatização total do porto de Itajaí é um erro, pois essa é a única forma do porto receber os investimentos necessários para manter sua competitividade. Se não formos ágeis, vamos perder o momento, a hora e a vez. O município alega que o modelo de gestão municipal deu certo, mas isso foi em outra época. A municipalização foi um case de sucesso, mas, hoje, não é mais. E o sucesso de ontem não garante o sucesso de amanhã. Se perdermos a chance de fazer a desestatização, nos moldes propostos pela União, não haverá outra oportunidade. A administração municipal está lutando para garantir 200 empregos, sob pena de comprometer o futuro dos 200 mil habitantes de Itajaí. 

Antonio Ayres dos Santos Júnior, consultor e presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Itajaí

    O Porto de Itajaí, com um superávit médio de R$ 17,5 milhões/ano [2018 a 2020], e vários prêmios da Antaq, é um case de sucesso e contribuiu para que a cidade arrecadasse R$ 16,3 bilhões de tributos federais, em 2020, equivalente a 3,2 vezes mais por habitante, se comparado ao município de São Paulo. A Autoridade Portuária pública é também responsável pela criação de cinco terminais privados, a segunda maior movimentação de contêineres do Brasil, a segunda maior quantidade de terminais retroportuários, a geração de mais de 500 empresas e milhares de empregos na logística de comércio exterior e cabotagem. É importante a comunidade cobrar a manutenção da Autoridade Portuária pública municipal. 

Osvaldo Agripino, advogado especialista em Direito Marítimo e Portuário, pós-doutor em regulação de transportes e portos, consultor e professor

   A realidade de Itajaí difere de outros portos brasileiros. O complexo portuário tem três importantes setores que precisam ser considerados: agrega um dos mais importantes terminais de uso privado (TUP) do Brasil [Portonave S/A, em Navegantes], o Porto Público e mais outros terminais a montante, o que cria uma série de desafios para um delegatário totalmente privado. A pergunta que precisa ser feita é: até que ponto a privatização da administração portuária do Porto Público engloba os desafios que estão de fora? 

Frederico Bussinger, engenheiro, economista e consultor 

 

Legalidade

 A Autoridade Portuária exerce papel importantíssimo com funções exclusivas de Estado. Esse amparo legal nasce na Constituição. Não se pode comparar a eficiência do Porto Público com o terminal privado, pois é regramento jurídico distinto. Querer fazer comparação entre os dois modelos é totalmente incoerente. Itajaí não pode ser incluída num mesmo pacote com outros portos brasileiros. Itajaí é referência em excelência na administração do porto por uma autoridade portuária pública. O modelo de Itajaí existe há mais de 800 anos e assim permanece em mais de 90% dos portos pelo mundo. Adão Ferreira, advogado especialista em Direito Marítimo e Portuário, professor e consultor

 

Operação

 Quando se fala em desestatizar ou privatizar o porto de Itajaí, tem várias dimensões: uma meramente política, outra social e, ainda, as dimensões econômica e técnica. Precisamos perguntar o que, realmente, o governo federal quer privatizar. A essência de um porto é a sua operação e, em Itajaí, isso já é privatizado há mais de 20 anos. Portanto, não se pode falar em aumento de eficiência operacional. Diante disso, o que se quer privatizar é a gestão, mas, neste caso específico, trata-se de um complexo portuário, e isso ganha conotação política. 

Paulo Corsi, engenheiro especialista em planejamento de transportes e gerenciamento portuário 

 

Diversidade de cargas

Independentemente da gestão municipal ou não, esperamos que o operador portuário, que assumir a gestão do porto de Itajaí, cumpra com suas obrigações, realize investimentos, coloque equipamentos de última geração e também invista em treinamento e capacitação de seus colaboradores. A Autoridade Portuária, que estiver presente, também terá que fomentar a atividade portuária com a aquisição de mais áreas para ampliação e para atrair outros tipos de operação. Itajaí precisa entrar no cenário nacional com uma diversidade de cargas. 

Ernando João Alves Júnior, presidente da Intersindical dos Trabalhadores Portuários de Itajaí e Região

 

Gestão enxuta

Com os estudos apresentados pela Univali e os dados conclusivos do governo, a ACII vai levar, novamente, o tema aos operadores e à classe empresarial ligada à atividade portuária para análise. O que a classe empresarial já manifestou é a preocupação de separar o operador da Autoridade Portuária. Temos que lembrar que uma Autoridade Portuária sem um operador eficiente vai impactar em perdas de cargas e escalas. Precisamos de uma gestão enxuta para não sobrecarregar taxas e custos para o armador e o operador, independentemente de ser pública ou privada. Sabemos que os custos do porto público são maiores que os dos terminais privados, e isso precisa ser levado em conta. 

Mário César dos Santos, presidente da Associação Empresarial de Itajaí

 

Eficiência

   A manutenção da gestão municipalizada da Autoridade Portuária do porto de Itajaí é de fundamental importância para a toda região. A atividade traz benefícios não apenas para Itajaí e Navegantes, mas para, praticamente, todos os municípios que compõem a Amfri. Inclusive, pessoas de vários municípios da região trabalham no porto de Itajaí, direta e indiretamente. Somos a favor da manutenção da gestão municipal. Com a gestão estando mais próxima, a eficiência se torna maior, o que já foi demonstrado ao longo dos anos. 

Emerson Stein, presidente da Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí-Açu (Amfri) 

 

Mais produtividade 

       A concessão da APM Terminals encerra em dezembro de 2022, e a delegação do porto ao município,  em janeiro de 2023. Esse é o momento de promovermos uma mudança significativa no modelo de gestão e garantirmos que o Porto de Itajaí seja um dos mais produtivos do país. O governo federal não tem mais recursos para investir nos portos e, com o estudo feito pela EPL, Itajaí poderá receber o aporte de R$ 2,8 bilhões em infraestrutura, sendo que R$ 920 milhões serão investidos nos primeiros três anos da concessão.

Diogo Piloni, secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários

 

Porto da cidade 

   Nossos técnicos estudaram o projeto de desestatização do porto de Itajaí e verificaram todas as possibilidades para uma gestão eficiente. Os estudos apontaram uma necessária capacidade de investimento para o desenvolvimento da atividade portuária e da região. No caso de Itajaí, o modelo proposto pela EPL aperfeiçoa a gestão e a operação, ficando a regulação com o governo federal. Mesmo que concedamos à iniciativa privada a gestão e a operação portuária, esse porto não deixará de ser de Itajaí e da sua gente.

Arthur Luis Pinho de Lima, diretor-presidente da Empresa de Planejamento Logístico (EPL)

 

Gestão pública

   A atividade portuária representa uma enorme parcela da nossa economia e entendemos que o modelo atual de gestão, que vem garantindo sucessivos recordes de operação para o nosso porto, precisa ser mantido. Temos muita preocupação que a privatização da gestão possa prejudicar  a cidade. O porto de Itajaí tem a particularidade de estar no meio da cidade. Então, é importante que o poder público possa continuar contribuindo com a gestão, mas com a parte operacional a cargo da iniciativa privada. 

Marcelo Werner, vereador e presidente da Câmara de Vereadores de Itajaí

 




Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.


Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






3.21.100.34

Últimas notícias

NA ESTRADA

Melhor hotel do mundo fica em Gramado e vai abrir, também, em Balneário Camboriú

Dengue

Vacinação chega a pessoas de até 59 anos

RElâmpago italiano

Maserati revela primeiro carro elétrico conversível de luxo

AEGEA

Colaboradores das empresas Aegea de SC assumem compromisso de reduzir acidentes de trabalho

Brasileiro

Avaí visita o Operário-PR na estreia da Série B

TRISTEZA

Mulher morre afogada em festa de casamento

Caiu!

Técnico Thiago Carpini é demitido pelo São Paulo

ITAJAÍ

Portuários protestam contra terceirização da mão de obra

ITAJAÍ

Ex-funcionário da drogaria Catarinense morre com suspeita de dengue

Polêmica

Técnicos deixam o Camboriú Futsal e equipe abandona o Catarinense antes da estreia



Colunistas

JotaCê

Osmar Teixeira com chefões do PSD

Coluna Esplanada

Senhor dos cargos

Gente & Notícia

Dudinha em Londres

Ideal Mente

E quem cuida de quem cuida?

Direito na mão

Trabalho sem carteira assinada conta para aposentadoria?

Show de Bola

Empréstimos feitos

Via Streaming

Visões de uma guerra de interesses

Na Rede

Agroboy mais gato dos EUA, última casinha de BC e romance no ar: confira os destaques das redes do DIARINHO

Histórias que eu conto

Armação da infância I

Coluna do Ton

Parabéns Ale

Mundo Corporativo

Dicas para líderes desorientados e equipes perdidas

Foto do Dia

Pintura ensolarada

Coluna Exitus na Política

Janelas fechadas

Jackie Rosa

Simplesmente Gisele

Coluna Fato&Comentário

Coleção bicentenário: a construção da Matriz

Coluna Existir e Resistir

Bloquinho do Sebastião Lucas resgatando e revivendo os saudosos carnavais

Empreender

Balneário Camboriú atrai cada vez mais clientes do eixo sudeste

Artigos

Aniversário da praça dos Correios



TV DIARINHO


Um protesto nacional aconteceu nesta quinta-feira. Trabalhadores portuários cruzaram os braços por seis ...





Especiais

NA ESTRADA

Melhor hotel do mundo fica em Gramado e vai abrir, também, em Balneário Camboriú

NA ESTRADA COM O DIARINHO

6 lugares imperdíveis para comprinhas, comida boa e diversão em Miami

Elcio Kuhnen

"Camboriú vive uma nova realidade"

140 anos

Cinco curiosidades sobre Camboriú

CAMBORIÚ

R$ 300 milhões vão garantir a criação de sistema de esgoto inédito 



Blogs

Blog do JC

Crea da Santa & Bela Catarina, homenageado

A bordo do esporte

CBVela investe na formação de treinadores de vela

Blog da Ale Francoise

Cuidado com os olhos

Blog da Jackie

Catarinense na capa da Vogue

Blog do Ton

Amitti Móveis inaugura loja em Balneário Camboriú

Gente & Notícia

Warung reabre famoso pistão, destruído por incêndio, com Vintage Culture em março

Blog Doutor Multas

Como parcelar o IPVA de forma rápida e segura

Blog Clique Diário

Pirâmides Sagradas - Grão Pará SC I

Bastidores

Grupo Risco circula repertório pelo interior do Estado



Entrevistão

Entrevistão Ana Paula Lima

"O presidente Lula vem quando atracar o primeiro navio no porto”

Carlos Chiodini

"Independentemente de governo, de ideologia política, nós temos que colocar o porto para funcionar”

Osmar Teixeira

"A gestão está paralisada. O cenário de Itajaí é grave. Desde a paralisação do Porto até a folha sulfite que falta na unidade de ensino”

Omar Tomalih

“Balneário Camboriú hoje é o município que está com o maior controle, com o menor número de notificações de casos de dengue”



Hoje nas bancas


Folheie o jornal aqui ❯








MAILING LIST

Cadastre-se aqui para receber notícias do DIARINHO por e-mail

Jornal Diarinho© 2024 - Todos os direitos reservados.
Mantido por Hoje.App Marketing e Inovação