SANTA CATARINA
Navegantes tem o segundo maior aeroporto do estado
Ele atende o Vale do Itajaí e o Norte de SC; nas regiões que mais crescem no país
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
São grandes as expectativas com relação ao futuro do Aeroporto Internacional Ministro Victor Konder após seu leilão de privatização, em abril deste ano. A nova concessionária é a Companhia de Participações em Concessões, subsidiária da CCR, que controla mais de três mil quilômetros de rodovias no Brasil, inclusive o trecho Sul da BR-101, em Santa Catarina. Em 2012 entrou no setor aeroportuário com participações nas concessionárias que operam os aeroportos internacionais de Quito (Equador), San Jose (Costa Rica) e Curaçao (Caribe).
O aeroporto catarinense integra o Bloco Sul arrematado pela CCR por R$ 2,1 bilhões. O valor de investimentos previsto para Navegantes, de R$ 583 milhões, é equivalente a R$ 19,4 milhões por ano ao longo dos 30 anos da concessão, valor significativamente maior do que os investimentos anuais do governo federal em todos os aeroportos catarinenses. No entanto, a sociedade cobra a construção de uma segunda pista, para que o aeroporto dispute o mercado em condições de igualdade com os principais aeroportos do sul do país.
O contrato de concessão será assinado em 4 de outubro e os investimentos no terminal iniciam a partir de 2022. Em nota, o grupo CCR informa que está cumprindo as condições precedentes, de acordo com o edital da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e que a partir da assinatura do contrato será iniciado um período de gestão compartilhada sob a responsabilidade da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), até que a companhia assuma totalmente a administração do aeroporto, no início do próximo ano. Questionada, a concessionária não detalhou as obras que serão feitas no terminal e nem o cronograma de investimentos.
Segunda pista é fundamental
Frustradas as inúmeras tentativas do Estado em conseguir que o Ministério da Infraestrutura e a ANAC incluíssem a obrigatoriedade de uma nova pista no contrato de concessão, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) propôs uma comissão para acompanhar de perto o processo de concessão dos aeroportos do Bloco Sul. A PGE também questiona no Supremo Tribunal Federal (STF) o esvaziamento das obrigações em relação ao aeroporto local e tenta reverter a decisão da União. Entidades como a Fiesc, Facisc, Amfri e o governo do Estado consideram a nova pista uma necessidade indispensável.
O aeroporto atende o Vale do Itajaí e o Norte catarinense, regiões que estão entre as que mais crescem no Brasil desde 2012 [segundo estudo da consultoria Mckinsey] e respondem por 50% do Produto Interno Bruto (PIB) catarinense, cifra estimada em quase R$ 160 bilhões em 2019.
Cidade estratégica por natureza
“Navegantes está situada em um polo de comércio exterior extremamente consolidado, é um dos principais do país e essa localização é estratégica”, diz Boticelli, da PAC Log. Ele explica que não percebe nenhuma vantagem logística de Florianópolis no quesito cargas, exceto obviamente, para clientes que estejam geograficamente próximos do aeroporto da capital. “O fato de existir um voo semanal em Florianópolis também não proporciona vantagens competitivas”, acrescenta o gestor, também defensor da construção de mais uma pista no aeroporto local. “Navegantes é o aeroporto com maior capilaridade e cobertura de cidades no nosso estado”, arremata.
“A questão logística traz muitos resultados para o município e a construção de uma segunda pista, principalmente para o setor de cargas, aumentaria significativamente o potencial do aeroporto”, completa o prefeito Libardoni Fronza [DEM]. Ele acrescenta sobre a demanda reprimida da carga aérea e lembra que, com a nova pista, o município poderia receber aviões cargueiros de grande porte. “Hoje transportamos apenas cargas de porão. Com aeronaves específicas, muitas indústrias que exportam por São José dos Pinhais, no Paraná, poderiam exportar por aqui.”
Terminal de cargas já é operado pela iniciativa privada
O Terminal de Cargas (Teca) do aeroporto Ministro Victor Konder é operado pela PAC Log desde 2018 e está consolidado como o maior movimentador de carga aérea de Santa Catarina. A empresa tem a concessão até 2043 e já registra resultados bastante animadores. Segundo estatísticas da Infraero, o Teca de Navegantes movimentou 3,92 mil toneladas de cargas no ano passado, com avanço de 12% na receita bruta, em comparação com o ano anterior. Para este ano a expectativa de crescimento é de 16%.
O avanço pode ser creditado ao mercado e também aos investimentos que a concessionária está fazendo no terminal de cargas. O CEO da PAC Log, Júlio Boticelli, informa que a conclusão da primeira etapa deve ocorrer até o final deste ano. O novo terminal terá 3 mil m² de área com 12 metros de pé direito.
“Comparando com a estrutura herdada pela Infraero, que é extremamente antiquada, nada funcional, com apenas 1 mil m² e pé direito muito baixo, a evolução será significativa. Estamos partindo de uma estrutura de aproximadamente 4 mil m³ para 36 mil m³ já neste ano”, relata. No entanto, quando toda a nova estrutura estiver concluída, o Teca de Navegantes terá uma área de 90 mil m³. Além do Teca de Navegantes, a PAC Log é gestora e operadora dos terminais de cargas dos aeroportos de Curitiba, Goiânia, Recife e Vitória.