RESISTÊNCIA
Pesca artesanal já foi rentável
São mais de 300 pequenas embarcações que cruzam os rios e praias de Navegantes
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Mesmo com a modernização da frota industrial, as pequenas embarcações ainda cruzam os modernos e equipados barcos da frota da pesca industrial no canal de acesso ao rio Itajaí-Açu. São mais de 300 embarcações que em 2019 capturaram cerca de 1,2 mil toneladas de pescados, com destaque para a pesca do camarão, que representou 55% do total. Esses barcos são geralmente ocupados por duas ou três pessoas que tiram do mar o seu sustento, com a comercialização dos pescados, muitas vezes, na própria residência. Atividade que se torna mais difícil a cada dia.
Jocelito Coelho Sobrinho pesca em Navegantes há mais de 25 anos e diz que a pesca já foi uma atividade bem mais rentável. “Hoje precisamos ir muito longe para conseguir pescar alguma coisa. A lama que a draga [que faz a manutenção do canal de acesso do Complexo Portuário do Itajaí] joga na boca da barra está acabando com tudo”, relata. O pescador diz que isso tem feito com que os pescadores tenham que pescar em águas mais profundas, o que impacta em mais custos e, consequentemente, menor rentabilidade.
Valdecir Carlos dos Passos acrescenta que, além de mais gastos com combustível e o desgaste das embarcações, os despejos da draga também danificam os equipamentos, a exemplos das redes de emalhe e parelhas. “Estão jogando lama em todo o nosso pesqueiro. Para pescar alguma coisa, só em profundidades superiores a 15 metros”, lamenta. Valdecir é natural de Navegantes e pesca na cidade há cerca de 40 anos. É filho e neto de pescadores e seus filhos também se dedicam à pesca.
A Autoridade Portuária de Itajaí, agente contratante e fiscalizador dos serviços de dragagem, informa que existem dois pontos de bota-fora dos sedimentos dragados [um de frente para a Praia Brava e outro de frente para a praia de Navegantes] que são homologados pelos órgãos ambientais e que as ações da draga são monitoradas. Inclusive, tem a Resolução CONAMA 454/2012, que proíbe a pesca em áreas de despejo de material dragado.
Mais de mil pescadores artesanais estão cadastrados na Secretaria de Agricultura e Pesca e 150 são associados à Colônia de Pescadores Z6. Além destes, há um número expressivo na informalidade.