Bc e itajaí
Turismo quer a volta do horário de verão
Retorno da medida é defendido por movimento nacional de entidades de turismo, hotéis, restaurantes e bares
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Representantes do setor de turismo de Balneário Camboriú e Itajaí apoiam o movimento em defesa da volta do horário de verão. O tema voltou a ser debatido no país diante dos efeitos da pandemia e da crise hídrica que afeta a geração e as tarifas de energia. O retorno da medida foi defendido em carta ao presidente Jair Bolsonaro por lideranças nacionais do setor, incluindo entidades catarinenses. A iniciativa também ganhou adesão do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan.
A presidente do Balneário Camboriú Convention & Visitors Bureau, Margot Rosenbrock Libório, comenta que, para o turismo, dias mais longos fazem a diferença. “Até mesmo para o trabalhador do turismo, que trabalha no contra-fluxo da maioria dos serviços. Trabalhamos quando todos trabalham e mais ainda quando a maioria descansa. Ter aquela “horinha” a mais de sol é muito legal”, avalia.
Além de positivo para o setor, Margot destaca a economia de energia neste momento crítico de fornecimento. Ela lembra, também, a questão do consumo consciente que passa pelo horário de verão. Ela ressalta, no entanto, que não existe unanimidade em relação à medida. “O que realmente importa é medir as vantagens e avaliar se, entre prós e contras, o que compensa mais para o país”, afirma.
O secretário de Turismo de Itajaí, Evandro Neiva, observa pontos favoráveis na volta do horário, com um melhor aproveitamento da luz do dia. “Em relação à economia de energia, que era o propósito, pelo que me lembro foi constatado que não chegou nas expectativas, mas em relação ao aproveitamento do dia, sem dúvida as cidades do litoral são beneficiadas”, analisa.
Evandro acredita que a região vai receber uma enorme demanda de visitantes nessa temporada, com diversos públicos e exploração de atividades tanto de dia como da noite. “Particularmente gosto do horário de verão, mas tecnicamente não vejo mudanças significativas no geral”, considera.
O presidente do Convention & Visitors Bureau de Itajaí, Navegantes e Penha, Giovani Sandri, diz que é “110%” a favor da volta do horário de verão. “Faz muita diferença para o setor de turismo e comércio”, defende. Ele analisa que o movimento deve ganhar força e que a entidade vai trabalhar pra estimular o setor na região.
O retorno do horário de verão é apoiado no estado pela federação dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Santa Catarina (Fhoresc), uma das entidades que assinou a carta a Bolsonaro. A proposta da entidade é estimular principalmente o turismo nas praias catarinenses, aproveitando uma hora a mais de sol. Criado em 1931 e adotado de forma contínua desde 1985, o horário de verão deixou de ser adotado em 2019.
Benefícios limitados, diz ministério de Energia
O ministério das Minas e Energia afirmou que a contribuição do horário de verão é limitada pra baixar o uso dos recursos energéticos. “Tendo em vista que, nos últimos anos, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, deslocando o maior consumo diário de energia para o período diurno”, explica.
No início do mês, Bolsonaro reforçou ser contra a volta do horário de verão e disse que nem a crise hídrica justifica a retomada da medida. “Foi comprovado que não tem ganho financeiro e a maioria é contra porque mexe no relógio biológico”, declarou em conversa com apoiadores.
Os defensores do presidente, porém, pedem a volta do horário. É caso do empresário Luciano Hang, que aderiu ao movimento das entidades do turismo, avaliando que o retorno seria positivo.
“O fato de ganharmos uma hora durante o dia faz com que a roda da fortuna gire mais e influencia positivamente toda economia, principalmente o turismo, os comércios, restaurantes e automaticamente gera mais empregos também nas indústrias”, disse Hang.
Entidades levaram carta ao presidente
O documento das entidades ao presidente destaca que a volta do horário de verão seria “uma valiosa ajuda do governo federal ao setor, que sofreu de forma desproporcional com as restrições impostas durante a pandemia”. Na avaliação das associações, com os relógios adiantados, as atividades turísticas seriam estimuladas, pois os estabelecimentos teriam uma hora a mais ainda de dia pra atender os clientes.
“O horário diferenciado não gera grandes reduções no consumo de energia elétrica, mas estimula a adoção de novos hábitos de consumo e reflete positivamente para bares, restaurantes e meios de hospedagem”, diz a mensagem. A carta foi assinada por dirigentes da associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e federações de empresas de hospedagem, gastronomia e lazer do Paraná (Feturismo), Bahia (FeTur-BA), São Paulo (Fhoresp) e Santa Catarina (Fhoresc).
O grupo defende a volta do horário de verão já a partir desse ano, ajudando na retomada do setor turístico para “minimizar os duros efeitos da crise”. A carta destaca, ainda, preocupação com os custos da energia e reajuste de bandeiras tarifárias devido aos baixos níveis dos reservatórios das hidroelétricas. “Isso impacta não só no consumo, já que o racionamento se faz mais do que urgente, como também no bolso, visto que a conta de energia deve subir”, ressalta.
Segundo a Abrasel, os estabelecimentos do setor costumavam receber mais clientes no horário de verão, com alta no faturamento, geração de empregos e recolhimento de impostos. O pedido das entidades foi encaminhado pela presidência para avaliação.
O horário de verão teve fim em 2019, logo depois que Bolsonaro assumiu a presidência da República.