Matérias | Entrevistão


Jorginho Mello

“Eu tenho o compromisso do presidente: se eu for disputar a eleição para governador, tenho o apoio dele”

Senador

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]




senador da República de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), é um dos mais ferrenhos defensores do presidente Jair Bolsonaro. Membro atuante da CPI da Covid, Jorginho está sempre a postos para defender o governo federal e deve ser o candidato do presidente em Santa Catarina nas eleições do ano que vem. Nesta semana, o senador participou de uma audiência pública sobre a possibilidade de manter o porto público de Itajaí. O senador já adiantou, em matéria publicada no DIARINHO durante a semana, que é a favor da administração municipal do canal de acesso aos portos, apesar do anúncio do pacote de privatizações do governo federal, que inclui o porto de Itajaí. Na entrevista à jornalista Franciele Marcon, Jorginho falou sobre a corrida eleitoral, as polêmicas da CPI da Covid, além de projetos do governo federal para ajudar as micros e pequenas empresas a se reerguerem após a pandemia. As imagens são de Fabrício Pitella. A entrevista completa está no portal diarinho.net e nas redes sociais DIARINHO.

 

DIARINHO – O senhor tem definido o apoio do presidente para ser o candidato de Bolsonaro ao governo do estado de Santa Catarina em 2022?



Jorginho Mello: Eu tenho conversado muito com o presidente. Ele reafirmou e me disse: “Você é meu candidato, em Santa Catarina, a governador”. Porque ele valoriza muito o candidato a deputado federal e a senador. Porque ele quer base no Congresso pra fazer transformações e reformas que ele não conseguiu fazer no primeiro mandato. Ele disse, com todas as letras: você é o meu candidato a governador. “No Rio Grande do Sul, é Onyx Lorenzoni; o Jorginho é em Santa Catarina; e, no Paraná, é o Ratinho Júnior.” Eu tenho o compromisso do presidente. Se eu disputar a eleição pra governador, tenho o apoio dele.

DIARINHO – Se o senhor encarar a disputa ao governo do estado, quem seria um nome de vice-governador ideal?

Jorginho Mello: Ainda não é possível dizer isso porque falta um ano e 15 meses. Eu estou conversando com todos os partidos, estou conversando com o Podemos. Já acertei a coligação com o PSL. O PSL está comigo, o PTB está comigo. O partido, ao qual o presidente vai se filiar, já está comigo, e o PL. Nós já temos tempo de televisão, temos um número considerável de partidos. Agora eu estou conversando com o MDB, estou conversando com o PSD, com o PP. Com todos os partidos. Menos com os partidos de oposição ao presidente. Porque a gente precisa construir, tem que construir uma candidatura, não é preparar um prato pronto, uma receita. Tem que ser conversado, tem que ser respeitado por todos os partidos.


DIARINHO – O senhor sempre atuou na causa dos pequenos empresários. Muitos se queixam da dificuldade de ter acesso a crédito durante a pandemia de covid-19. Também é uma reivindicação geral um programa de Refis. Há previsões do governo federal neste sentido?

Jorginho Mello: Eu tive o privilégio de conceber um projeto que é o programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Ele é de minha autoria. Há muitos anos, eu desejava construir essa matéria e a pandemia, infelizmente, veio e ajudou. E, felizmente, eu consegui criar o Pronampe de forma emergencial e, agora, foi aprovado de forma permanente. Então, é uma política pública. Eu sempre defendi as micro e pequenas empresas, também os contribuintes. Sempre ajudando a média e a grande empresa, pois não tenho nada contra. Mas 98% de todas as empresas no Brasil são micro e pequenas empresas. E 57% dos empregos formais são de micro e pequenas empresas; 27% do PIB são de micro e pequenas empresas. Nós estamos falando de um contingente respeitável. Sempre faltou uma linha de crédito para capital de giro. Agora, na pandemia, eu tive condições de fazer. O Pronampe, que foi criado com 36 meses de prazo para pagamento e oito meses de carência; Selic, que é 2%, mais 1,25 ao ano. Foi um sucesso absoluto. O Fundo Garantidor, que é o avalista da operação, pra que o micro e pequenos empresários pudessem tomar o seu financiamento no banco e honrar os pagamentos. Por isso que o presidente Bolsonaro, vira e mexe, fala: “o Pronampe do senador Jorginho Mello salvou mais de 10 milhões de empregos”. Isso é verdadeiro, isso é muito justo. Porque, nos últimos 30 anos, não teve uma linha de crédito com essa envergadura. Porque a taxa de banco é muito cara. O banco oferece dinheiro pra quem tem dinheiro. Sempre foi assim. Eu estou fazendo o Help, que é uma nova versão do Refis, e já está combinado com o governo federal. Porque você, como parlamentar, se quiser fazer uma lei pra mexer em carga tributária, coisa parecida, ou parcelamento, isso é inconstitucional. Você não pode fazer. Por isso, eu estou combinando com o governo, e, dentro de uns 30 dias, vai estar aprovado. O Help é a recuperação dos tributos parcelados: 10 anos pra pagar, escalonados pra micro, pequenas, médias e grandes empresas. E fica proibido por 10 a fazer outro. A gente se preocupou em fazer 10 anos de prazo para pagar todos os tributos federais e 10 anos para ter um novo Refis.

DIARINHO – Falando em banco, em plena pandemia, os bancos lucraram mais de R$ 60 bilhões. O senhor é egresso do sistema bancário, já foi diretor do extinto Besc. O que fazer para que esse sistema lucre menos e deixe de cobrar mais de 300% de juros ao ano dos correntistas?

Jorginho Mello: Isso é uma vergonha nacional! O pior é que passou partido governando o Brasil, como o Partido dos Trabalhadores, e deixou essa farra continuar. Melhor negócio do mundo é um banco. Não existe outro melhor. Pode vender qualquer outro bem importantíssimo, que quem fatura é o banco. Não tem espaço nos balanços para colocar a dívida. O banco oferece dinheiro pra quem tem dinheiro. Banco cobra taxa de agiota, cartão de crédito você paga 300%, isso é o fim do mundo... Passou PT, veio o PSDB, lá atrás, e o banco sempre faturando mais. Nunca deixaram de ganhar dinheiro. Então, o que eu fiz, para os micro e pequenos, que precisam de apoio: a gente criou essa linha de crédito, que é maravilhosa. Ela é permanente, uma política pública, pra dar para o pequeninho a possibilidade de continuar vivo, continuar empregando, de continuar fazendo o seu negócio.   [Falta o Estado intervir na questão dos bancos?] Eu não tenho dúvida disso. Tem cinco bancos no Brasil. Eles sentam numa rodinha de compadres e resolvem o jogo. Eles têm muito poder. Porque eu criei a empresa Simples de Crédito. Eu criei, é um projeto meu. “Empresa Simples de Crédito”, você pode emprestar o seu dinheiro e sem regulação nenhuma. Você abre uma portinha e empresta o seu dinheiro. Justamente para ir dando chance para novas pessoas poderem fugir dos bancos.

DIARINHO – A mídia divulgou a denúncia de que o senhor, supostamente, locou, com dinheiro público, um veículo registrado em nome de um assessor do seu gabinete de senador. Isso é verdade?


Jorginho Mello: Isso é fake news. Isso é obra da CPI. Eles já disseram, quando fui diretor do banco, que eu tinha sido condenado e processado. Tudo mentira. Peguei a certidão e esfreguei na cara deles. Isso é uma bobagem. Isso não tem cabimento nenhum. Eu sempre cuidei muito das minhas coisas pessoais. Não tenho rabo preso com ninguém. O carro está em nome de uma locadora, com nota fiscal. Então, é uma barbaridade, isso aí é encomendado, fake news 100%.

 

“Banco cobra taxa de agiota. Cartão de crédito você paga 300%, isso é o fim do mundo. Isso é uma vergonha nacional”

 


DIARINHO – O senhor, que faz parte da base governista de Bolsonaro, está atuando na CPI da covid-19 defendendo o governo. O senhor acha que não houve omissão do presidente nas mais de 550 mil mortes causadas pela covid?

Jorginho Mello: Eu não digo que houve omissão. Porque, no começo da pandemia, estava todo mundo perdido. Todo mundo dando tiro pra tudo que é lado. Vamos comprar vacina, esses picaretas que foram vender vacina. Parte foi o desespero. Querendo comprar vacina porque o mundo estava comprando vacina. E tem regulação. A Anvisa é um organismo que dá a palavra final se pode aplicar um remédio, se ele tá comprovado, se ele tem eficácia. Esse atropelo, eu quero crer que contribuiu muito para essa “feira livre” que tentaram fazer. Porque aparecia, “ah, eu sou o representante do laboratório tal”. Pra não mandar embora, foi dada atenção pra picareta. Nisso, o governo falhou. Mas começou a comprar vacina quando a Anvisa aprovou. Não foi deixado de comprar nenhum tipo de vacina depois da aprovação da Anvisa. O governo brasileiro gastou dinheiro. Nunca mandou tanto dinheiro para os estados e municípios como mandou agora na pandemia. Nós precisamos investigar, sim, mas não quem deu o dinheiro pra comprar, porque essas conversas de Covaxin, qual é o crime? Não houve negócio. “Ah, porque houve uma tentativa”. Quer dizer, se não tem prova do crime, se não tem defunto, você não matou ninguém. Só que nós estamos investigando. O discurso do Renan Calheiros e do Omar Aziz – eles são mais sujos que pau de galinheiro. Eles estão tentando incriminar o governo e o governo está se defendendo. Nós estamos lá pra cumprir a nossa missão, de forma muito responsável, de investigar. Nós queremos investigar os estados também. Lá no Amazonas, o governador comprou respiradores numa adega de vinho. Só pra pegar uma nota pra esquentar. Lá no Rio de Janeiro, o Witzel, o juiz federal, pisou no melado na primeira curva, na primeira esquina. Pagou R$ 250 milhões pra um instituto de picaretas lá, pra construir sete hospitais de campanha. Fez um, concluído ainda em 90%, e pagou R$ 250 milhões. Nós queremos investigar isso. Ele foi cassado. Lá em São Paulo, o consórcio do nordeste comprou R$ 48 milhões de uma empresa da Casa da Maconha, que vende produtos derivados da maconha. É uma casa fantasma, é um prédio, um apartamento que tem uma empresa que emitiu duas notas. Uma nota foi pra limpar o ambiente. E a outra nota, de R$ 48 milhões, pra comprar respiradores e os respiradores nunca apareceram. [E, em Santa Catarina, como foi a atuação ?] Em Santa Catarina, o governador comprou R$ 33 milhões em respiradores e foi mandado o dinheiro pra uma casa de massagens no Rio de Janeiro. Não chegou respirador, e ele não sabe, não viu. Não sabe? Se não foi ele, quem meteu a mão no baleiro? Ele tem que dizer quem foi. Porque o ladrão pode estar dentro do governo ainda. Isso é muito sério... O dinheiro público tem que ser mais respeitado. Não é só posar de bom moço. “Não, não sei, não fui eu”. Aí teve o impeachment, teve o afastamento, entrou a vice-governadora, saiu de novo, voltou. Aí teve o impeachment, todos os desembargadores votaram para condená-lo. Será que eles fizeram isso sem provas? Aí foi politicamente, com os deputados, porque são cinco deputados e cinco desembargadores, que ele conseguiu a saída, porque precisava de sete votos e só conseguiu seis. Faltou um voto. Eu não tenho nada pessoal contra o governador. Agora, ele precisa dizer pra sociedade catarinense no bolso de quem foi parar o dinheiro. Ninguém vai perdoar isso. É dinheiro do contribuinte, que história é essa? R$ 33 milhões? Que é isso? Isso aqui não é a casa da mãe Joana. Tem que ter responsabilidade.

DIARINHO – O senhor acredita que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) irá vetar a proposta de aumento do fundão eleitoral para R$ 5,7 bilhões? Por que o senhor não participou da polêmica votação?

Jorginho Mello: Eu não participei porque eu estava na sala secreta da CPI do Covid, essa CPI do fim do mundo. Como a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LOA) sempre foi aprovada de forma simbólica, minha assessoria foi ver se as emendas, que a gente tinha feito para as rodovias federais, estavam nos conformes. É aprovado simbolicamente, sem votação nominal. Mas, daí, aos 46 minutos do segundo tempo, o relator colocou um jabuti passando o fundo eleitoral de R$ 2,5 bilhões pra R$ 5,7 bilhões. Todos os partidos berraram. Com exceção do Novo, que foi o que destacou. Só que acontece o seguinte: berra, mas quer o dinheiro. A gente precisa assumir a responsabilidade. Alguém pediu destaque e foi votado simbolicamente, mas todo o deputado, que estava lá, e senador podiam ter levantado a mão. “Ah, eu quero que registre o meu voto contrário.” No outro projeto do ano passado, eu votei contra esses R$ 2 bi. Eu votei contra porque eu nunca usei o fundo partidário. Pode pegar a minha declaração, prestação de contas no TRE, que é público isso. Eu nunca usei o Fundo Eleitoral. Porque eu não concordo. Se eu tivesse lá, eu tinha votado contra, não ia ter resolvido nada porque teria sido aprovado, foi 40 a 33 votos. Mas essa é minha posição. Eu sempre fui contra. [O senhor acha que o presidente vai vetar? E como se mantém uma campanha igualitária sem fundo?] Vai vetar, eu não tenho dúvida. Ele vai ter que chamar os partidos políticos, fazer uma negociação para voltar aos valores anteriores. Todo mundo sabe, nós estamos numa pandemia. Nós estamos passando por dificuldades. Esse dinheiro, pra emprestar pros micro e pequenos empresários, faz um sucesso absoluto. O presidente vai vetar o fundo. Ele precisa conversar com os partidos políticos para não criar desavença, dissabor, briga, intriga. Porque o financiamento público, antes podia ter financiamento privado. Mas deu toda essa roubalheira que aconteceu da Odebrecht, da JBS, não sei o quê, e do bispo e do sapo. O Brasil tá careca de saber. Foi mudado para financiamento público. É o preço da democracia. Mas não precisa ser tão grande assim o valor. [Mas, se o senhor não usa o fundo, como o senhor paga a sua campanha?] Eu tive ajuda do fundo partidário. Já existe o fundo partidário. Porque você precisa do fundo eleitoral? Não cria, não inventa mais. Então, é público, isso tá na prestação de contas no TRE. Só ver. No outro ano, eu votei contra isso, porque eu não concordo com o fundo eleitoral. Isso é uma posição pessoal minha. Todos os deputados, o Esperidião Amin não votou, não sei onde ele estava. Eu estava na CPI. Agora, os deputados estão tentando se explicar. Cada um tem que assumir o seu voto, a sua posição. E encarar a verdade. Não adianta fazer uma coisa e querer justificar outra. Todos os partidos lá, do PT ao DEM, todo mundo queria o fundo. Todos. Conversa mole que não queriam. Agora, o presidente vai vetar, vai ter um desgaste, vai ter que fazer um entendimento pra não dar uma revolução.

DIARINHO – O governo federal brecou os recursos para a duplicação de rodovias federais, como a BR-470, importante via de ligação do estado catarinense. Por que motivo esses recursos não têm chegado ao estado?

Jorginho Mello: Acompanho isso com muito carinho. Eu e o fórum de Santa Catarina. Tem dinheiro para tocar todas as obras. Não tem uma obra parada em Santa Catarina. Pra BR-470, que você falou, tinha R$ 56 milhões, e tem mais R$ 60 agora. Tem R$ 116 milhões pra tocar a obra até o final do ano. Por que ela não vai com maior velocidade? Eu tenho cobrado do Carioni [Ronaldo Carioni Barbosa - Superintendente Regional do DNIT], que é o superintendente, falado com o ministro Tarcísio [Gomes de Freitas, da Infraestrutura], que é um grande ministro, competente, habilidoso e compromissado com o Brasil. Porque os lotes 1 e 2, que sai de Navegantes até Luís Alves, depois chegando a Gaspar, é um lote que tem um terreno mole. Eu não sou engenheiro. Eu sou advogado. Tem que ser um engenheiro explicar isso, tem que fazer um aterro, esperar ele adensar, esperar ele dormir, esperar se consolidar. É terreno mole, tem dificuldade. Não adianta colocar um bilhão ali que não vai ter perna pra fazer a obra. Vai terminar os lotes 1 e 2. No lote 1, no final do ano agora, e o lote 2, que chega a Gaspar, em junho de 2022. Previsão técnica. Não tem como começar antes. Essa polêmica do governador, que diz que vai botar R$ 200 milhões. Primeiro, eu acho que ele devia ver as estradas de Santa Catarina, que estão cheias de buracos. Ele precisava aplicar o dinheiro lá. Mas, se ele não tem projeto e quer aplicar no governo Federal, não tenho nada contra. Só que ele não pode querer fazer um cavalo de batalha pra fazer campanha eleitoral, pra colocar dinheiro onde já tem dinheiro. Não adianta ele colocar. Porque vai ser inaugurado, vão ter terminado os lotes 1 e 2 em junho de 2022. Ele quer aparecer na fita, dizer que foi ele que fez? Porque ele deve ser candidato a governador?  Deve estar misturando as estações. O que tem que fazer, o que que eu defendo? Não é porque eu fiz 53 mil votos em Blumenau. Eu defendo Blumenau e Indaial. Porque o lote que está andando a passo de tartaruga é o lote 3. E o lote 4. Onde acontecem mais mortes. Uma região urbana, com muita casa, muito morador. Tem que desapropriar, tem que fazer viaduto. Por que ele não pega esse dinheiro e coloca nos lotes 3 e 4 para as empresas apurarem, porque, quando terminar em junho do ano que vem, os lotes 1 e 2 já estarão bem adiantados. Pra salvar Blumenau. Pra ir até Indaial. Não, ele quer colocar nos lotes 1 e 2.   


 

“Essa polêmica do governador, que vai botar R$ 200 milhões na duplicação. Primeiro, que eu acho que ele devia ver as estradas de Santa Catarina, que estão cheias de buracos. Ele precisava aplicar o dinheiro lá”

 

DIARINHO – Por que o presidente Jair Bolsonaro se afastou do governador Moisés, se ambos foram eleitos pelo mesmo partido?

Jorginho Mello: Pelo que eu sei, o governador Moisés, depois que se elegeu, achou que ganhou as eleições pelos belos olhos dele. Ele não quis valorizar. Ele se elegeu na onda do presidente Bolsonaro. Ele não existia no mundo político. Ele se elegeu porque era do 17. Foi na onda Bolsonaro. Ele quis achar que se elegeu, que ajudou o Bolsonaro em Santa Catarina. Essa bobagem dele e já rompeu com o presidente. O estado perdeu com isso. O presidente não ficou prazerosamente amigo dele. O estado perdeu. Agora, ele tá saindo, não sei pra que partido vai, já saiu do PSL. Isso prejudicou Santa Catarina. Porque ele se achou o bonzão da boca. Ele se elegeu no pelego do Bolsonaro. Ele não era ninguém. Como é que ele ia fazer 71% dos votos? Foi protesto, foi raiva, foi limpeza ética que as pessoas quiseram fazer, que o eleitor quis fazer. Ele fez essa discordância com o presidente. Eu acho que não foi inteligente isso.

DIARINHO – Por que o apoio do Centrão, antes demonizado pelo governo federal, hoje virou uma praxe?

Jorginho Mello: O centrão, e isso é um nome pejorativo que foi dado desde lá atrás, são partidos de centro. É ponderação. São partidos constituídos, partidos que têm o maior número de deputados. Por exemplo, o PL, o Partido Liberal, nós temos 41 deputados. O PT tem 54, que é oposição. O PSL elegeu 52, mas brigaram tudo, já tem a metade. Nós temos 41. Esses partidos são fundamentais para a governabilidade. O presidente não trocou ministério nenhum por partido político, pra apoiar: “Vem aqui que eu te dou isso, te dou aquilo”. Foi por projeto político. Isso é normal. Não é pecado alguém apoiar um governo. Não é pecado não ser do partido de quem se elegeu e você apoiar porque você acredita no projeto. Eu sou do PL e apoio o presidente Bolsonaro. Desde o início do governo. Por quê? Porque eu acredito nele, porque ele não é ladrão, ele não meteu a mão no baleiro. Ele limpou as empresas estatais, toda aquela roubalheira, aquela vergonha, mandando dinheiro pra fora. O BNDES emprestando dinheiro pra quem não paga. O Centrão, também aqui em Santa Catarina, o governador está tratando com os outros partidos. Até porque ele não tem base nenhuma. Ele precisa de apoio. Qualquer governador, qualquer presidente, precisa de apoio no Congresso. Você não governa sozinho.

DIARINHO – A situação econômica do brasileiro é complicada pelo grande número de desempregados e pelo crescimento da miséria. Qual a sua opinião sobre a política econômica de Paulo Guedes?

Jorginho Mello: O Paulo Guedes é um ministro que deu um novo ânimo pro Brasil. Precisa privatizar alguma coisa que ele não conseguiu ainda demonstrar efetivamente. Mas é um governo corajoso, ele faz uma administração arrojada. Eu divirjo muitas vezes dele, pois eu tenho mais pressa. A reforma tributária eu cobrei dele agora há poucos dias. “Ô ministro, a reforma tributária tem que ir pro Congresso, aquilo que o governo deseja, fazer um boneco, fazer um esqueleto, fazer uma espinha dorsal. A reforma administrativa tem que apurar, ministro”. A reforma administrativa não pode querer tirar direito de ninguém. Estabilidade pública? Não fala bobagem. Isso não vai tirar nunca, mas faz uma reforma pra frente. Quem entrar no serviço público amanhã ou depois, é assim, assado, sapecado. Aí começamos a enxugar o Estado brasileiro para que a gente tenha um Estado mais enxuto, mais eficaz. Juntando carreiras e apertando. Tem cargo disso, daquilo, que é tudo a mesma coisa. Junta tudo, simplifica, facilita, clareia. Tem coisas que o Paulo Guedes já devia ter entregue e não entregou. O preço do combustível não é ele quem governa, isso é o mercado internacional. A Petrobras não é nossa. Cada um tem um pedaço em ações. E é o mercado. Como é que vai fazer, vai bancar isso? A gasolina e o petróleo vão 10 anos ainda nesse terror, depois vão começar a perder força. Porque o seu carro, o meu carro, o outro carro serão elétricos. Outras alternativas de energia. Por enquanto, o petróleo manda no mundo. O que fazer pra baixar o preço?! São 350 contos pra encher um tanque. Eu sou muito verdadeiro, muito franco, muito sincero, a minha conversa é reta. Não mando lembrança pra quem não conheço. Sempre fui assim. [Por que é tão difícil fazer a reforma tributária?] É porque mexe com os interesses dos municípios, dos estados e da União. Está todo mundo endividado, tá muito encalacrado de conta. O município não quer perder um centavo, o estado nenhum e a União nenhum. Aí um puxa e afrouxa e não funciona. O que eu sugeri para o Paulo Guedes: faz uma simplificação. Copia o Simples. O Simples paga oito tributos numa única guia. Já vai a parte do município, a parte do estado e a parte da União. Depois discute a carga tributária. Depois vê quem tá pagando mais, quem é que tá pagando menos. Faz um pente fino, uma sintonia fina. Porque tem gente que recebe benefício fiscal e não merecia. Tem gente que paga mais e que deveria pagar menos. Eu cito um exemplo: a empresa que fabrica moto no ABC Paulista. Tem isenção de tributo. Como que eu posso dar isenção de tributo pra motocicleta, se a motocicleta é o que mais dá prejuízo pro SUS? Você caiu de moto, se não quebrar o pescoço, você vai se esfolar todo. Pra onde é que você vai? Pro hospital. Quem é que banca? O SUS. Como é que eu posso dar perdão tributário pra alguém que me dá prejuízo? Eu tenho que dar incentivo fiscal pra alguém que me devolve em emprego, em desenvolvimento, em crescimento de uma região. Tem coisas que o Brasil precisa ajustar. Agora, tinha que fazer simplificação, facilitar a vida de quem paga. Essa é a reforma que tem que fazer agora. Não tem que inventar moda, não tem que demorar. Eu tenho expressado isso. Eu tenho dito ao ministro Paulo Guedes. Tenho falado ao presidente, mas eu sou um parlamentar, eu não tenho força de execução. Eu recomendo, eu luto.

Raio X

Nome Civil: Jorginho dos Santos Mello

 

Natural: Ibicaré (Santa Catarina)

 

Idade: 65 anos

 

Estado civil: casado

 

Filhos: dois 

 

Formação: Estudos Sociais e Direito

 

Trajetória profissional: gerente e diretor do antigo Banco do Estado de Santa Catarina (Besc); conselheiro do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE);  deputado federal por quatro mandados, assumiu como senador em 2019. Já foi filiado aos partidos PR, PTdoB, PRP, PR, e, desde 2020, é filiado ao PL.




Comentários:

JORGE66 Reis

07/09/2021 20:29

Meu voto não terá , votei para senador mas vc votou contra o governo se o presidente esqueceu eu não ! Fabrício governador !

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