Sotaque querido
A “papa-jerimum” entre os “papa-siri”
Professora acompanhava carreira de marido militar quando família resolveu ficar em Itajaí
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
É difícil, senão raro, algum dos milhares de ex-alunos universitários e do ensino médio da região não lembrar do sotaque peculiar da professora “Nalbinha”, como ela mesma se designa, entrando na sala de aula com um violão a tiracolo. Mestre em Literatura Brasileira, Nalba Lima de Souza é natural de Natal, no Rio Grande do Norte. Casada com um militar, antes de se estabelecer em Itajaí, a família morou no Rio de Janeiro, Florianópolis e em Rio Grande (RS), até ele ser designado para a Delegacia da Capitania dos Portos de Itajaí.
“Trouxe na bagagem os meus filhos, Luciana e Rodrigo, que aqui cresceram, estudaram e realizaram seus sonhos e projetos de vida”, lembra a professora, que se emociona ao descrever o lugar que encontrou. “Fiquei encantada, deslumbrada, por ter encontrado uma cidade linda, aconchegante, recortada pelo mar e abraçada pelo rio Itajaí-Açu. Logo vi que encontrei mais um porto seguro para abrigar meus sonhos e minhas expectativas”.
Nalba confessa ter tido um certo receio pelo fato de ser uma nordestina agitada, falante, alvoroçada, tão diferente dos itajaienses. Mas o receio passou com a receptividade que teve: “Fui uma papa-jerimum muito bem acolhida pelos papa-siri”.
Quisera o destino que o marido se aposentasse e a família permanecesse na cidade. Segundo Nalba, são 34 anos muito bem vividos e de muito aprendizado em terras peixeiras. “Ser peixeiro é somar as minhas experiências - cultura, sotaque, expressões - com as do povo hospitaleiro daqui. É dividir as minhas tristezas, meus sonhos e minhas alegrias. Multiplicar a esperança de ver Itajaí sempre assim: sorridente, alegre, gentil e prosperando”.