Matérias | Entrevistão


Élcio Kuhnen

“O maior ensinamento que a covid vai deixar: a ciência está muito à frente da sua opinião”

PREFEITO DE CAMBORIÚ

Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]




O  prefeito de Camboriú, Élcio Rogério Kuhnen (MDB), que é médico e cirurgião-geral  por formação, foi o único prefeito da região que não admitiu o uso de tratamento precoce ou de qualquer outro sem comprovação científica no combate à pandemia do coronavírus. Ele seguiu à risca todas as recomendações científicas na gestão da crise em Camboriú.

Neste entrevistão ao DIARINHO, Élcio confidenciou, porém, que se sentiu isolado e, muitas vezes, acuado,  nas discussões com os colegas-prefeitos da Amfri.  Élcio analisa  os reflexos da pandemia e os erros cometidos por gestores públicos em todo o Brasil.

Ele ainda comentou sobre os projetos que não conseguiu concluir no primeiro mandato, como a reforma administrativa, e que estão em pauta para breve. Abriu o coração sobre o sonho ...

 

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Neste entrevistão ao DIARINHO, Élcio confidenciou, porém, que se sentiu isolado e, muitas vezes, acuado,  nas discussões com os colegas-prefeitos da Amfri.  Élcio analisa  os reflexos da pandemia e os erros cometidos por gestores públicos em todo o Brasil.

Ele ainda comentou sobre os projetos que não conseguiu concluir no primeiro mandato, como a reforma administrativa, e que estão em pauta para breve. Abriu o coração sobre o sonho de se eleger deputado e sobre as denúncias de um suposto caso de nepotismo envolvendo a esposa.



A entrevista é de Franciele Marcon e as imagens de Fabrício Pitela. Você confere o conteúdo completo, em texto, aúdio e vídeo, no site www.diarinho.net, e nas redes sociais do DIARINHO.

 

DIARINHO - Qual o projeto que ficou pendente do primeiro mandato?


Élcio: O projeto que mais me questiona como gestor, que eu deveria ter conseguido fazer, era a reforma administrativa. Ele, pra mim, é o mais difícil, porque nós não temos a receita ideal para fazer essa reforma administrativa. Porque nós não temos servidores em excesso. Nós temos o limite. Então diminuir o número de servidores e prestar o mesmo serviço de qualidade… Nós precisamos adequar. Adequar a nomenclatura, adequar algumas atividades que estão em falta e retirar outras. A reforma administrativa, com certeza, é o maior desafio da gestão de um município com pouca receita. Porque nós vamos ter que diminuir um quantitativo de servidores. E esses servidores, a maioria, são ACTs, pra que a gente possa também fazer um novo concurso público na cidade de Camboriú em 2022. [Para quando ficou a reforma? Qual a meta?] Primeiro fazer toda a discussão do plano de carreira, a discussão interna, o diálogo com os servidores, com o sindicato, com autoridades e também internamente. A nossa proposta é antes de dezembro encaminhar para a Câmara de Vereadores a reforma administrativa.

DIARINHO Os servidores municipais fizeram protesto e passeata pela cidade pedindo a reposição salarial. Como ficou a negociação com os servidores?

Élcio: Nós tínhamos todo o interesse de fazer a reposição, o reajuste anual, essa remuneração é importante. Camboriú tem, principalmente num grupo de servidores, no quadro geral, uma defasagem em comparação com os outros municípios. No setor da educação nossos salários são mais condizentes com o merecimento do servidor. Mas, no quadro geral, nós temos especialistas bem aquém de um salário ideal. E que precisam receber um aumento. Não só o reajuste anual, mas um aumento, um ganho real, no salário. Essa é uma proposta que nós vamos ter que adiar, pela lei 173 [da pandemia de covid-19], pra 2022. Também vamos encaminhar ao Tribunal de Contas uma proposta de reajuste de 4%, dados em duas vezes de 2%. Mas outros municípios já tentaram e veio a negativa. E já fomos oficializados também tanto pelo ministério Público como pelo Tribunal de Contas sobre a proibição nesse ano de reajuste salarial.

DIARINHO - O senhor vai deixar a prefeitura de Camboriú, no ano que vem, para concorrer a deputado?

Élcio: Essa não é uma decisão minha. Seja para estadual, seja para federal. Mas é um sonho que eu tenho. Eu entrei na vida política como candidato a deputado estadual, e esse era o meu sonho. O sonho do médico do SUS, daquela pessoa que queria entrar na carreira política. Não era um sonho de poder executivo, de ser prefeito. Essa foi uma realidade que se construiu devido ao resultado das urnas e o interesse da população de Camboriú de me propor vir candidato a prefeito. Eu sou muito grato a cidade de Camboriú, estou vivendo um momento favorável pelo reconhecimento da urna. Eu acho que em respeito a população de Camboriú, é preciso fazer uma pesquisa, ouvir a população de Camboriú, se realmente é este o momento. Porque houve intenção de votos para um prefeito de quatro anos. E se é realmente essa  for a vontade de Camboriú... Eu não nego que sempre tive esse desejo de representar a região como deputado por Santa Catarina. Mas, principalmente, pela região da Amfri, que é a região que eu vivo. Representar   a cidade de Camboriú, que necessita muito de representatividade [...]. As maiores dificuldades que nós enfrentamos no poder executivo, a dificuldade de articulação com o governo estadual, com o governo federal, consistem nessa falta de representatividade. A gente percebe hospitais de outras regiões recebendo recursos, infraestrutura, mas lá há um deputado sempre junto nessa conquista. Na nossa região temos três deputados estaduais, nenhum federal, mas a cidade de Camboriú, se fizer um estudo, a nível de repasse, de receitas, está muito aquém daquilo que um representante da cidade traria naturalmente para o município, além de todas as portas que ficam, as possibilidades de políticas públicas verticais, de Brasília para Camboriú, de Floripa para Camboriú.


 

O grande atrapalho da pandemia no Brasil foi a falta de gestão na informação

 

DIARINHO - A pandemia consumiu recursos e adiou obras e projetos. Como estão os planos para a retomada?


Élcio: A pandemia nos retirou diretrizes naturais de gestão. A pandemia chacoalhou a administração pública e colocou a administração pública num norte que, infelizmente, não foi único. Porque ao ter posicionamentos diferentes e a falta de uma opinião única fez com que a pandemia trouxesse resultados mais negativos do que traria se nós tivéssemos um comportamento mais baseado em evidências, mais científico, de repente, menos custos e mais resultados. Isso é uma opinião minha, de médico, e é pessoal. Desde o primeiro momento, desde que foi falado do “vírus na China”, não existia nem casos no Brasil, internamente, dentro da prefeitura, todas as pessoas que me perguntavam, eu já falava o que é um vírus, qual é o comportamento de um vírus, como que um vírus funciona no organismo. Não vai ter um remédio, um dia vão produzir uma vacina, e isso vai demorar tempo, era o que eu dizia. Pra já ir preparando os cidadãos de Camboriú, principalmente, para ir pro enfrentamento de algo que é invisível, que é transmissível, que tem uma alta taxa de transmissão, e que vai afetar muito quem tem comorbidades. Só que cada momento se tentava várias direções. Aonde a soma de conhecimento deveria ter forçado a sabedoria. A sabedoria de transformar em informação única que nós teríamos melhores resultados a nível não só municipal, como regional, como estadual, como nacional. Porque foi um grande desafio, de alto custo, e que ainda estamos passando. Mas eu acho que Camboriú investiu no enfrentamento da covid e trouxemos resultados mais aceitáveis. A gente nunca vai aceitar a perda de alguém, mas resultados mais dentro do esperado em termos de epidemiologia, em termos de estatística. A cidade de Camboriú, dentro de um custo-benefício, manteve uma linha de raciocínio única sempre. [O senhor acha que a negação da doença e a adoção de tratamento precoce, sem comprovação científica, atrapalharam a condução da pandemia no Brasil?] Eu acho que o grande atrapalho da pandemia no Brasil foi a falta de uma gestão na informação, na publicidade do conhecimento. Nós somos um país dos mais reconhecidos no mundo. Nós temos a Fiocruz, eu falava isso muito antes. O Brasil se destacou em epidemiologia, durante a epidemia de AIDS, em doenças infectocontagiosas, em doenças parasitárias da nossa região quase equatoriana, nossa Amazônia... Os brasileiros são palestrantes de congressos mundiais há décadas. Nós não somos amadores nesse assunto. Nós tínhamos que primeiro criar o norte do Brasil. O mundo tinha que copiar o Brasil, porque o mundo já copiou o Brasil em várias outras situações. Aí o Brasil, por mecanismo ideológico, político, transferiu opiniões pra discussão, pro desconhecido de conhecimento. Você não pode opinar sobre algo que você não tenha capacidade técnica, por não ter havido acúmulo de conhecimento. Esse foi o maior erro. E nesse momento começam a se criar dificuldades de impor, via publicidade, um caminho único e sólido de prevenção. E aonde houve um grande aumento de contaminação. Estratégias erradas em tempos errados.

DIARINHO Como o senhor avalia as ações do governador Carlos Moisés e as do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia?

Élcio - Eu acho que se a gente falar em prevenção, em tratamento, que é a vacinação, que é a produção de anticorpos, leitos para enfrentamento em momentos de crise, faltou sinergia. Faltou sinergia porque é multifatorial e porque tem um envolvimento também político que rodeou algumas decisões, norteou algumas decisões. Eu não tenho dúvida nenhuma, ao afirmar que Deus não permite voltar ao tempo, mas que essa pandemia já nos deu muitos ensinamentos. Eu tenho certeza que prefeitos, governadores, o presidente da República, ministros, que tiveram oportunidade de viver essa pandemia, sabem que em determinados momentos a decisão deveria ter sido outra. Houve falhas em todos os setores, em determinados momentos da pandemia. E que poderiam ter sido evitadas de forma consensual em benefício da população. Temos crise econômica?  Temos! Temos estudos com algumas drogas? Temos. Mas nós já tínhamos o conhecimento. Essa foi a maior falha. O conhecimento tinha que ser divulgado de forma única para o Brasil. Como alguns países fizeram, como a Nova Zelândia fez.

DIARINHO - A obra tão esperada da avenida Santa Catarina está paralisada. No interior, as pessoas reclamam de ruas esburacadas, falta de estrutura, de mobilidade. O que os moradores podem esperar de mudanças na infraestrutura?

Élcio: Investimentos. Nós temos agora cerca de R$ 8 milhões de recursos próprios por economia nessa parte da gestão sustentável, que é o desafio do gestor com os três eixos de gestão econômica, de gestão social e gestão ambiental. Nós estamos muito focados nas nossas prioridades. [Mas o que falta hoje pra finalizar a avenida Santa Catarina?] Pra respeitar o meio ambiente, para fazer uma obra ideal, ela aumenta no preço. Porque ela vai ter que ser toda elevada para nós preservamos toda a biodiversidade, mas principalmente, o ecossistema. Essa obra aumentou muito com a licença ambiental prévia já feita pelo IMA. A cidade de Camboriú está, nos horários de pico, quase insuportável. Um deslocamento tão curto, que chega a beirar em uma hora, num trânsito de poucos quilômetros. Dois, três quilômetros, você fica mais de uma hora às vezes no trânsito. Isso é péssimo para o desenvolvimento econômico da cidade. A licença ambiental prévia do IMA mostrou que é viável uma obra de R$ 20 milhões. Nós temos interesse em fazer em parceria com o estado. Por isso a negociação com o secretário de Infraestrutura, ontem [quarta-feira], quando conversei pessoalmente com alguns deputados e com o secretário da casa civil. Estamos pedindo o apoio do governo do estado, de lideranças políticas. Eu tenho certeza que alguns deputados vão ter interesse de, conjuntamente, lutar em benefício, suprapartidariamente, de toda a população de Camboriú.

DIARINHO - Camboriú é a cidade menos saneada da região. No ano passado, o senhor esperava uma posição da Aresc para a solicitação de aumento na taxa da Águas de Camboriú. A partir daí, a concessionária  também deveria assumir a construção da estação de tratamento de esgoto. Como ficou essa situação?


Élcio: Ela ainda não evoluiu porque a parte jurídica não terminou essa etapa da construção do contrato de concessão de esgoto, porque ele não prevê o investimento da empresa, mas sim prevê o investimento do poder executivo na construção, R$ 100 milhões de investimento, na construção do esgotamento sanitário. O projeto executivo nós fizemos. Agora estamos na parte jurídica, com o apoio também da Aresc, e encaminhando dentro do diálogo para que a gente possa ter segurança jurídica, para que possa dar início ao esgotamento sanitário. Estamos utilizando a audiência pública que já houve no final de 2019, e que agora tivemos já o início daquilo que já está atrasado, que é a estação de tratamento de água. A construção da estação de tratamento de água  deve começar agora no segundo semestre em Camboriú. Eu acredito que em seis meses ela já vai estar atuando, que é o que deveria já ter sido executado na concessão. Um terreno ali no bairro Santa Regina, Jardim Europa, que foi agora cedido para a empresa fazer a estação de tratamento de água, e já estamos evoluindo no diálogo para a estação de tratamento de esgoto.

DIARINHO - Camboriú e Balneário dão passos para a concretização do parque inundável, que promete resolver o problema da falta de água nas duas cidades. Como está o projeto?

Élcio: É um projeto belíssimo!  Um projeto sustentável, um projeto que tem como valor agregado a parte turística. Todo o entorno desse parque vai ter uma grande valorização turística, uma nova matriz econômica para a região. Mas na falta de água ou no excesso de chuva ele é fundamental para os dois municípios. Um investimento que a gente fala em R$ 200 milhões. Nós temos uma sugestão, que vamos propor agora ao ministério Público, de criar uma taxa de reserva hídrica, que passe a ser paga pelos dois municípios: Camboriú e Balneário. Nós pensamos uma forma que seria toda matrícula de imóvel, se isso é possível, toda matrícula nos dois municípios, daqui pra frente, ter uma taxa equivalente a um salário-mínimo. Para fazer a nova matrícula de um imóvel ou de um terreno, a pessoa teria que pagar essa taxa para o fundo. Dentro dessa ferramenta, criaria um fundo de reserva hídrica, que seria feita a gestão pelo ministério Público, pelo Comitê da Bacia Hidrográfica, pela prefeitura de Camboriú, prefeitura de Balneário, Emasa e Águas de Camboriú.

DIARINHO - Pelo segundo ano consecutivo, o congresso dos Gideões foi cancelado por conta da pandemia de covid-19. Qual o impacto econômico pra cidade?

Élcio: O impacto econômico do cancelamento é na casa, tranquilamente, de mais de um milhão de reais só ao poder público, isso falando de receita. O impacto indireto é quase incalculável. Porque são centenas de casas alugadas,  de comércios, de fonte de renda para a família camboriuense que também vive desse evento. Além de empresas de turismo, toda a cadeia.   [...] Além do fato de Camboriú ser lembrada a nível de Brasil, a nível de mundo, um evento do turismo religioso.

 

A reforma administrativa, com certeza, é o maior desafio de gestão em um município com pouca receita

 

DIARINHO - No seu primeiro mandato, o senhor enfrentou uma CPI na câmara de Vereadores. Teve dificuldades por não ter maioria no legislativo. Neste segundo mandato, como está a relação do governo com o legislativo?

Élcio: Eu tenho um momento favorável de relação com a câmara até pela articulação política. Nós temos hoje oito vereadores que são base do governo, que estiveram na campanha política. Na outra gestão, nós tivemos somente quatro que estiveram no palanque eleitoral, de 15 vitoriosos, e depois agregou dois que vieram pro governo. Isso dá um pouco mais de tranquilidade, mas não deixa de tramitar a responsabilidade que tem que ter. Porque o poder legislativo tem que continuar fiscalizando, ele tem que abrir CPI se for necessário. Em nenhum momento houve necessidade de chamar os vereadores para bloquear qualquer iniciativa. Porque não houve nenhuma denúncia, e não há nenhuma denúncia de irregularidade na nossa gestão que mereça investigação. E se merecer, eu sou sempre favorável e incentivo que seja esclarecido. O que a gente não pode ter é um movimento político destrutivo da imagem de um gestor a custa de falácias. Isso se provou durante três CPIs, durante pedido de impeachment, que o próprio ministério Público teve que intervir e alguns outros que já foram arquivados pelo próprio ministério Público. Eu acho que todo poder executivo tem que ser fiscalizado e essa é a grande participação do poder legislativo. É fazer as denúncias corretamente e fiscalizar.

DIARINHO - A sua esposa foi contratada como assessora de um vereador em Balneário Camboriú. Seus adversários chamam a prática de “nepotismo cruzado”. Apesar de não ser ilegal, não seria imoral?

Élcio: A minha esposa é filiada no PPS desde 2009. A minha esposa ajudou a formação do PPS de Camboriú, do Cidadania de Camboriú e foi, praticamente, a pessoa mais ligada na formação do grupo de candidatos de vereadores do Cidadania na cidade de Camboriú. Minha esposa tem nível superior, minha esposa está desempregada. Ela tem, como qualquer outro cidadão, a capacidade de buscar uma alternativa. Ela está desempregada desde dezembro de 2018. Ela pegou um emprego no valor líquido de 2 mil e poucos reais, que é cerca de R$ 3 mil bruto. Isso mostra a nossa transparência com relação ao patrimônio familiar. Somente eu, com três filhos estudando em colégio particular, com toda a estrutura familiar, carro financiado, todas essas despesas naturais. Eu tenho uma receita líquida de R$ 13 mil como prefeito de Camboriú. Eu também estava passando dificuldades na gestão financeira da casa e a minha mulher precisou ajudar. Eu acho que ela é capaz. Parabenizo até o vereador por aceitar que ela trabalhasse no partido que ela é filiada e que ajudou na construção do partido em Camboriú. Trabalhar pra um vereador do Cidadania na cidade vizinha é totalmente legal. Não é nepotismo.

 

O uso de máscara é eficiente  há  mais de 100 anos. Nós não estamos falando de algo que foi somente a covid que nos mostrou...” 

 

DIARINHO - O senhor foi o único gestor público da região que, durante a condução de toda a crise da pandemia, não admitiu uso de medicações e outras medidas que conflitassem com normas científicas e  orientações da OMS. Como foi administrar a postura de médico e a de político? Se sentiu melindrado em algum momento?

Élcio: Me senti, sim. Me senti em diversos momentos acuado, aborrecido, entristecido. Porque eu sou a favor da medicina baseada em evidências. [...]Você pode mudar um conceito na ciência, com outro estudo científico que mostre que existe um novo conceito em relação aquele. A ciência aceita a mudança. Mas ela não pode ser somente empírica. Ela é hipotética. Você usa uma hipótese como ferramenta: “ah, vamos à hidroxicloroquina”. Ela passa a ser uma hipótese, não é uma evidência. E você aceitar que a hipótese será mais valorizada do que a certeza científica é um erro gravíssimo. Isso é um desrespeito à naturalidade do desenvolvimento de todas as áreas, não só da saúde. O estudo científico foi o que mais trouxe conceitos ou preconceitos que foram quebrados devido a conceitos tecnicamente científicos comprovados. E pra cada área existem mecanismos científicos de estudos que têm que ser respeitados. Eu fiz quatro anos de veterinária, eu fui monitor de parasitologia dois anos. Eu me senti agredido!  Meu conhecimento foi muito ferido em vários momentos. Fui criticado. Não consegui,  em alguns momentos, me expor, porque eu me sentia isolado. Houve reuniões que eu tive apoio de um ou de dois prefeitos. Isso aconteceu. [...] Nós estamos no melhor país do mundo pro enfrentamento de doenças infecto-parasitárias, e ficamos titubeando. Nós tínhamos a grande possibilidade de antecipar a produção de vacinas. O maior ensinamento que a covid vai deixar: a ciência está muito à frente da sua opinião. Você não está aqui pra criar hipóteses, você está aqui pra respeitar a ciência. Crie uma hipótese, mas vá fazer um estudo e provar que sua hipótese é verdadeira, pra depois divulgá-la, em alto e bom tom, ganhando prêmios pelo Brasil e pelo mundo. Aí você descobriu algo. Mas não faça da hipótese a ser anunciada como a grande ferramenta, quando a ciência já tem a sua opinião formada. E nós tínhamos, dentro da ciência, o uso de máscara. O uso de máscara é eficiente  há  mais de 100 anos. Nós não estamos falando de algo que foi somente a covid que nos mostrou...  Infelizmente, eu perdi meu pai, perdi amigos e ainda vamos perder muitas pessoas. Nós, líderes políticos, deveríamos ter sido mais humildades em relação a ciência.  Certeza a ciência fornece pela metodologia usada nas suas hipóteses que viraram certezas. E explicar pro povo, o que é uma hipótese, o que é uma opinião e o que é uma metodologia científica que traz uma informação verídica... E isso faltou aos homens públicos por todo Brasil.

 

Raio X

NOME: Élcio Rogério Kuhnen

 

Natural: Rio do Sul

 

Idade. 50 anos

 

Estado civil: Casado

 

Filhos: três

 

Formação: Médico, especialista em cirúrgia-geral; mestrando de Gestão de Políticas Públicas

 

Trajetória:  Secretário de Saúde de Barra Velha e Balneário Camboriú.Presidiu o Conselho Municipal de Saúde de Balneário. Em 2014 foi eleito como suplente de deputado Estadual. Em 2016 foi eleito prefeito de Camboriú e em 2020 reeleito. Em 2018 presidiu a Amfri.

 




Comentários:

JORGE66 Reis

05/06/2021 10:49

Lamentável a postura em relação ao tratamento precoce , a história vai cobrar seu erro !

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