Brasília
Moisés intimado na CPI da covid
Vice-governadora Daniela Reinehr também teve convocação aprovada pelo senado Federal
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, em andamento no senado Federal, aprovou a convocação do governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), pra prestar depoimento, ainda a ser marcado. A convocação envolve nove governadores no total e inclui também a vice-governadora catarinense, Daniela Reinehr, e o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).
O grupo será ouvido a partir da semana que vem. Foram considerados os governadores que já foram alvos de investigações da polícia Federal para apurar suspeitas de irregularidades com o uso de verbas federais no enfrentamento à pandemia. Os senadores querem apurar se os governantes usaram os recursos para outros gastos além do combate à doença.
Na sexta-feira, um grupo de 17 governadores, incluindo Carlos Moisés e outros sete já convocados, acionou o STF contra as convocações da CPI. A comissão não poderia convocar os chefes dos executivos estaduais, ferindo princípio básico da separação de poderes.
Em Santa Catarina, Carlos Moisés foi investigado sobre a compra de respiradores, com pagamento antecipado de R$ 33 milhões. A apuração da PF concluiu que o governador não teve envolvimento na negociação. Em nota oficial, Moisés considerou injustificada a convocação pela CPI, considerando que todos os órgãos de controle não apontaram responsabilidade dele no caso.
“Todas as informações referentes ao combate à pandemia em Santa Catarina, bem como o resultado de quaisquer investigações da polícia Federal, MPF, MPSC e decisões judiciais, serão encaminhadas ao senado Federal para auxiliar nos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito”, diz. Pra ele, houve tentativa de um dos membros da CPI em criar um “factoide” para desvirtuar o trabalho da comissão.
A referência é contra o senador catarinense Jorginho Mello (PL), que integra a CPI e pediu a convocação de Carlos Moisés. Ele também havia requerido a chamada dos ex-secretários Helton Zeferino (Saúde) e Douglas Borba (Casa Civil), envolvidos no caso da compra dos respiradores. Jorginho vem atuando na CPI em defesa do governo federal. Ele já tentou barrar a participação do senador Renan Calheiros (MDB) na comissão e defende que a CPI também investigue estados e municípios.
“Não meteu a mão no baleiro? Não usou recursos públicos da covid para outros fins? Não foi omisso na gestão da crise? Então, não há o que temer. Tem a chance de mostrar isso ao Brasil”, publicou Jorginho pelas redes sociais, sobre a convocação dos governadores. A vice-governadora divulgou que aguardava a notificação oficial, mas que ficaria à disposição pra fazer todos os esclarecimentos.
Os reconvocados
Os depoimentos dos governadores devem marcar a próxima fase da comissão, que aprovou a reconvocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que já foram ouvidos pelos senadores, em depoimentos marcados por mentiras, contradições e evasões.
A CPI da Covid foi criada no senado para apurar as ações do governo federal no combate à pandemia e entrará na quinta semana de depoimentos em junho. Nessa semana, a comissão foi marcada pelos depoimentos do presidente do instituto Butantan, Dimas Covas, que disse que o governo federal demorou três meses pra assinar o contrato da Coronavac, impedindo que 100 milhões de doses da vacina fossem entregues até maio.
Também foi ouvida a secretária de Gestão do Trabalho do ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”. Ela contradisse depoimento do ex-ministro Pazuello, confirmando que foi responsável pela comitiva que foi ao Amazonas difundir o uso da cloroquina como tratamento precoce contra a covid, mesmo o medicamento não tendo eficácia comprovada cientificamente para a doença.