KIT INTUBAÇÃO
SC confirma risco de falta de remédios
Segundo secretaria de Saúde, medidas estão sendo tomadas pra evitar desabastecimento nos hospitais públicos e filantrópicos
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A secretaria Estadual de Saúde confirmou que há risco de desabastecimento de itens do “kit intubação”, como os medicamentos Atracúrio, Propofol e Rocurônio. Segundo o órgão, apenas nos primeiros nove dias de março foram consumidos o equivalente a quase duas vezes a média mensal de 2020 de um destes medicamentos, numa alta de quase 90%. Em Santa Catarina, o ministério Público cobra do governo medidas pra evitar a falta dos insumos usados nas UTIs.
A secretaria informou que existe um processo aberto pra compra de Rocurônio, item mais crítico nos estoques do estado, pra evitar o desabastecimento dos hospitais próprios. Há ainda um processo emergencial de compra dos itens de intubação, entre anestésicos e bloqueadores neuromusculares, correndo pela secretaria de Administração.
Conforme a secretaria de Saúde, o processo está sendo relicitado, pois na licitação anterior não houve cotação devido à falta dos insumos no mercado. “Devido à alta demanda nacional, muitos itens ficam escassos ou completamente desabastecidos. Consequentemente, fornecedores não conseguem cumprir os prazos de entrega e compras são fracassadas por ausência de cotadores”, explica a secretaria.
Outra medida do estado pra ampliar os estoques é a busca por fornecedores internacionais. O governo estuda a possibilidade de importação de insumos que estão sem estoque nos fornecedores brasileiros. Na lista estão os remédios Propofol, Atracúrio e Rocurônio. O processo está em andamento e aguarda autorização da Anvisa, o que é esperado para os próximos dias.
Distribuição de medicamentos
O estado recebeu no dia 13 de março medicamentos pra sete dias de abastecimento do chamado kit intubação. Foram recebidas 79,5 mil unidades de Propofol 20ml, 47,3 mil unidades de Atracúrio 2,5ml e 35 mil unidades de Atracúrio 5ml.
Do total, já foram distribuídos 18.060 unidades de Atracurio 5ml, 6275 Atracurio 2,5ml e 25.605 de Propofol. No momento, estão sendo distribuídos mais 12.150 unidades de Atracúrio 2,5 ml, 9.525 de Atracúrio 5ml e 17.315 de Propofol a hospitais municipais e filantrópicos com leitos UTI Covid. Na sexta-feira passada, o estado também recebeu mais cinco mil unidades de Propofol 20ml e 7,5 mil unidades de Atracúrio, com novas distribuições a serem feitas aos hospitais a partir dessa semana.
Cobrança do MP
De acordo com a secretaria estadual de Saúde, os hospitais com falta de medicamentos estão orientados a solicitar por ofício à superintendência de Assuntos Hospitalares do estado. Os medicamentos ficam no centro de distribuição, em São José, e serão retirados ou encaminhados aos hospitais do Estado conforme a necessidade.
A manifestação do estado sobre a medidas em andamento se deu após pedido do ministério Público para que o governo estadual informe quais ações sendo tomadas pra evitar o desabastecimento de insumos pra tratamento de pacientes com covid em Santa Catarina. Na segunda-feira, a justiça deu o tempo de 48 horas pro governo responder, prazo que se esgotou na quarta-feira.
O pedido em ação civil pública visa evitar que a falta de medicamentos comprometa o atendimento aos pacientes, como ocorre em outros estados. Segundo a secretaria estadual de Saúde, alternativas são estudadas pra atender a necessidade dos pacientes internados nos hospitais públicos.
Empréstimos de equipamentos e remédios, somando cerca de R$ 2,1 milhões em recursos, foram feitos entre janeiro e março a hospitais filantrópicos.
Secretaria descartou falta de oxigênio
A secretaria de Saúde descartou a possibilidade de falta de oxigênio nos hospitais geridos pelo estado, apesar do consumo alto neste momento. “A secretaria de Estado da Saúde é responsável pela compra e abastecimento de gases medicinais para os hospitais próprios e até o momento não identificamos casos de desabastecimento”, frisou.
De acordo com o órgão, o abastecimento de oxigênio nos hospitais filantrópicos e unidades municipais de saúde não são de responsabilidade da secretaria. Mesmo assim, o estado diz que alternativas são estudadas para ajudar os municípios e a rede filantrópica na reposição de oxigênio, além dos recursos que os hospitais já recebem pra custear seus serviços.
Segundo o ministério da Saúde, cinco estados estão em situação de alerta para a falta de oxigênio hospitalar, entre eles o Acre, Rondônia, Ceará e Rio Grande do Norte. Em outros sete estados, incluindo Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, a situação é de atenção. O ministério Público Estadual já oficiou as empresas de gases hospitalares Messes, Air Liquide e White Martins sobre o fornecimento. A resposta da White Martins foi que tem capacidade de suportar a alta da demanda.
A Anvisa lançou na terça-feira, na internet, um painel com dados online por estado sobre a produção, abastecimento e distribuição de oxigênio no Brasil. Ainda faltam informações das empresas, mas os primeiros dados reúnem números de cem fornecedores, com informações relativas de 13 a 17 de março. Os estoques de produção mostrados ainda são pequenos e não aparecem pra maioria dos estados, incluindo Santa Catarina.
Região tem estoques
De acordo com a diretora geral do hospital Ruth Cardoso, Syntia Sorgato, o centro municipal de Covid-19 em Balneário Camboriú está abastecido com oxigênio. São dois fornecedores, um que faz a reposição diária dos cilindros usados e outro que abastece os tanques da rede do hospital. A última reposição foi na terça-feira e outra está marcada para hoje.
Sobre o kit intubação, a diretora informou que no final do ano foi feita compra de medicamentos pra 120 dias, sendo colocados na farmácia as quatro opções de bloqueadores musculares para intubação. “No momento estamos abastecidos e como planejamento, solicitamos aos fornecedores com ata de registro de preços, a entrega fracionada semanal a partir da próxima semana”, disse.
O município ainda lançou na segunda-feira pregão eletrônico para entrega imediata dos remédios usados no tratamento da covid-19. A abertura do pregão está marcada para o dia 30, pra garantir estoque da margem de segurança. Em Itajaí, o hospital Marieta Konder Bornhausen respondeu que não há nenhum problema nos estoques dos medicamentos.