Em reunião na sede da Amfri, em Itajaí, o secretário estadual de Saúde, André Motta Ribeiro, prometeu ativar novos leitos de retaguarda e abrir novas UTIs nos hospitais da região. Também foi discutida a entrega do complexo Hospitalar Madre Teresa, no hospital Marieta Konder Bornhausen, em até 90 dias, e ampliação da capacidade de atendimento no centro Municipal de Covid de Balneário Camboriú.

O secretário se reuniu com prefeitos da região da Amfri durante à tarde, em roteiro que incluiu uma visita ao Marieta. Ele avaliou que a abertura de novos leitos de retaguarda na região vai permitir que os hospitais Marieta, em Itajaí, e o Ruth Cardoso, em Balneário, ofertem mais serviços de alta complexidade.

De acordo com o presidente da Amfri e prefeito de Porto Belo, Emerson Stein, levantamento será entregue terça-feira à secretaria estadual de Saúde com vistas à habilitação de leitos em hospitais de retaguarda e ativação de novas UTIs. O custeio dos recursos foi garantido pelo estado. “Temos essa garantia de pagamento e os municípios da Amfri irão cobrar para que seja o mais breve possível”, destacou Emerson. Outro compromisso da reunião foi que o complexo Madre Teresa, junto ao Marieta, seja concluído e entre em operação dentro de três meses.

A ampliação do atendimento e o custeio do Ruth Cardoso e do centro Municipal de Covid de Balneário também foi solicitada pelo município. Para outros hospitais da região, o pedido foi pela entrega de novos leitos de enfermaria.

O secretário disse que o governo estadual está mobilizando todos os esforços para reverter a situação do aumento dos casos de coronavírus. Ele afirmou que a prioridade é aumentar o número de leitos e melhorar ações no enfrentamento à doença, com diagnóstico precoce, tratamento imediato, monitoramento e rastreabilidade.

Ele reconheceu que o momento é delicado e que as soluções precisam ser construídas em parcerias com os municípios. “Precisamos organizar a região para que a situação não se agrave, assim como foi no oeste. Estamos oferecendo apoio com o custeio de leitos de retaguarda covid para todos os hospitais do estado que tiverem interesse”, avaliou.

O prefeito Fabrício Oliveira (Podemos), falou sobre o encontro dos prefeitos com o secretário. Ele  participa do “Papo do Dia”, podcast do DIARINHO. "A palavra de ordem para o estado é leito de hospital”, resume o prefeito. Acesse a entrevista completa no link: https://diarinho.net/podcast/66

Hospitais com 100% de lotação

Os hospitais Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, e o centro Municipal de Covid de Balneário Camboriú, chegaram ontem a 100% de lotação dos leitos de UTI para pacientes infectados. Juntas, as duas unidades somam cem leitos intensivos e todos ficaram ocupados durante o dia. 

A lotação em Balneário ocorreu à tarde. Até o início da noite não havia pacientes em espera, segundo o hospital, mas no caso de necessidade os pacientes seriam transferidos para outros hospitais. A situação também era crítica na internação clínica do centro de covid, com 17 dos 20 leitos ocupados.

Em Itajaí, a lotação no Marieta já aparecia pela manhã, com os 70 leitos ocupados. Durante a visita do secretário estadual de Saúde, a direção do hospital e a prefeitura discutiram a alternativa de transformar 25 leitos de enfermaria do Marieta em UTI Covid, além de acordo para novos leitos de retaguarda no hospital.

A abertura de leitos de UTI vai depender do término das obras, o que pode levar até  90 dias, segundo a gestão do Marieta. No novo prédio haveria capacidade de instalar 40 novos leitos de UTI e outros 60 de enfermaria. A entrega do complexo se arrasta há longos anos. No ano passado, durante o primeiro pico da pandemia, a obra tinha sido prometida pra setembro.

Doença está “fora de controle” em SC

Boletim de monitoramento da pandemia feito pela UFSC, válido até sexta-feira passada, indica que a situação da covid-19 se agravou nas últimas semanas e que “a doença está fora de controle” no estado de Santa Catarina.

O relatório mostra que o agravamento da pandemia nas regiões Oeste e de Florianópolis alcançou também a foz do Rio Itajaí, com maior taxa de contaminação em Balneário Camboriú. Em Itajaí, o alerta foi pra a taxa de letalidade (2%), a maior entre as 10 cidades com mais mortes pelo vírus no estado.

Itajaí e Balneário também estão no grupo de cinco cidades que vem mantendo uma trajetória crescente de contaminação sempre perto da média estadual desde o início do ano. Em outras cidades, o contágio se acelerou nas últimas semanas.

O número de casos ativos no estado bateu novo recorde na sexta-feira passada, somando mais de 35 mil infectados, a maior marca desde o início da pandemia. “No mês de fevereiro rolou uma verdadeira explosão dos casos ativos com taxas de crescimento que nunca tinham sido vistas ao longo de quase um ano de pandemia”, diz o relatório.

Considerando a alta taxa de ocupação hospitalar e o ritmo lento da vacinação, o boletim solicita medidas mais efetivas dos governos pra achatar a curva de contágio.

“Diante  do descontrole da doença no estado, o governo resiste em tomar medidas efetivas visando controlar melhor a pandemia. E tudo isso sendo feito com o apoio de setores empresariais mais preocupados com os lucros de seus negócios do que com a saúde da população catarinense”, acusa o professor Lauro Mattei, coordenador do estudo.

Já há fila por vagas de UTIs

A ocupação dos leitos de UTI no estado bateu recorde ontem, com taxa de 99,38% pela manhã. Do total de 803 leitos ativos pra covid-19 em Santa Catarina, apenas cinco estavam disponíveis. Até ontem, eram ao menos 228 pessoas esperando uma vaga nos hospitais, aguardando a transferência. Na região da Amfri teria oito pacientes na fila por leitos.

O estado informou que está fortalecendo a rede de atenção hospitalar com a chegada de uma equipe da organização Pan-Americana de Saúde (Opas), da organização Mundial de Saúde (OMS). Além de acordo para ativação de 170 novos leitos de UTI, o governo estadual também cobra a reativação de UTIs que foram fechadas em outubro.

São mais de 200 leitos que, apesar de custeio garantido, ainda seguem desativados pelos hospitais. Segundo a secretaria estadual de Saúde, os pacientes que aguardam transferência estão sendo cuidados por médicos em unidades de saúde. O governo do Espírito Santo anunciou ontem que abriria 15 leitos pra receber pacientes de Santa Catarina.