A eleição para a presidência da câmara de Vereadores de Itajaí mostrou que os quatro próximos anos do governo Volnei Morastoni (MDB) não serão nada fáceis no legislativo. A chapa de situação, encabeçada por Márcio Dedé (DEM), foi derrotada. O presidente eleito foi Marcelo Werner (PSC), que ficará à frente pelo biênio 2021/2022.

Embora Marcelo Werner faça parte da coligação de partidos que reelegeu Morastoni à prefeitura, ele se aliou à  oposição pra disputar e ganhar a presidência da câmara. Conseguiu nove votos contra oito pra se eleger.

Além de Marcelo como presidente, a mesa diretora eleita tem Rubens Angioletti (Podemos) vice-presidente; Odivan Linhares, o Mamão (PSB), primeiro secretário, e Otto L. Quintino Jr. (Republicanos) como segundo secretário.

A chapa da situação recebeu oito votos e era composta pelos vereadores Márcio Dedé (DEM) como presidente; Osmar Teixeira (Solidariedade) vice-presidente; Hilda Deola (PDT) primeira secretário; e Bruno da Saúde (MDB) segundo secretário.

Marcelo Werner disse que dedica a vitória às pessoas com deficiência, para que se sintam representadas por ele. Werner é cego.

O vereador do PSC diz que não considera a sua chapa de oposição. "Somos situação. A nossa chapa é eclética. A chapa do governo também tinha membros da oposição. Não passa pela nossa cabeça, de força alguma, fazer da presidência oposição ao prefeito Volnei Morastoni", justificou.

Marcelo diz que a gestão da casa legislativa será trabalhada a várias mãos. "A ideia é que todos se sintam parte desse processo e contribuam para que a câmara tenha uma conexão maior com a população, com  ações transparentes para resgatar o verdadeiro papel do legislativo,” concluiu. 

A primeira sessão ordinária da legislatura será realizada no dia 2 de fevereiro. Neste encontro, serão escolhidos os vereadores que irão compor as comissões técnicas do Legislativo.

Disputa prefeito x vice em Balneário

O vereador Marcos Kurtz, do Podemos, foi eleito presidente da câmara de Balneário Camboriú. Ele venceu por 10 votos a 9 o vereador Cristiano José dos Santos, do PL.

A surpresa da eleição do legislativo foi a disputa entre o partido do prefeito Fabrício Oliveira (Podemos) e do vice Carlos Humberto (PL) para eleger o presidente da câmara. Melhor pra Fabrício, que conseguiu angariar os 10 votos e eleger o presidente do Legislativo para os próximos dois anos.

O vice-presidente eleito da câmara foi Gelson Rodrigues (Cidadania), indicado pelo bloco da situação formado pelos partidos Podemos, Cidadania, PDT, Patriota e PSD. Para primeiro secretário, Nilson Probst foi indicado por seu partido, o MDB.

Já Asinil Medeiros foi eleito segundo secretário ao vencer Victor Forte por 10 votos a 8 (e uma ausência). Ambos são do PL.

A primeira sessão ordinária de 2021 também será no dia 2 de fevereiro.

Discursos extremistas no legislativo representam perda, diz especialista

O cientista político Sérgio Saturnino avaliou as composições das câmaras de vereadores da região e lamenta quando o discurso “oposição x situação” toma a cena. “Tem faltado grandeza política e espírito público para as câmaras. O fato definidor dos posicionamentos, em geral, não se refere ao que é melhor para a população, mas a quem ganha a batalha política de cada sessão”, analisa.

Saturnino diz que a mesa diretora da câmara funciona como um filtro pra relação institucional entre legislativo e executivo. “Como o formato do Estado é de presidencialismo de coalisão [o qual até hoje não funciona nem para o presidencialismo nem para o parlamentarismo], as relações entre câmara e prefeitura em geral se compõem pela polaridade situação x oposição. De um lado a situação que concede graças celestes a qualquer necessidade do executivo, e por outro a oposição que não consegue enxergar nada de bom no que vem do prefeito e seus aliados. Quem perde é a população porque ou é usada para sustentar o posicionamento de voto ou é ignorada em virtude do umbigo do voto”, explica.

O cientista político diz que, independentemente do município, esse comportamento político não se altera de forma relevante. Nas cidades onde a oposição venceu a presidência do legislativo, o prefeito eleito terá que exercitar maior conversação com os vereadores para não enfrentar dificuldades para governar.

No caso de Balneário, onde houve uma disputa entre os partidos do prefeito e o do vice, Saturnino vê que “isso pode indicar que o vice-prefeito deseja ter autonomia política frente ao governo”, explica.

Navegantes, Itapema e Camboriú

Com apenas uma chapa inscrita, a câmara de Navegantes elegeu a professora Adriana Macarini (PL) como presidente pra 2021/2022.

Adriana terá como vice Lorival Kempner (PP), além de Gabriel dos Anjos (PSC) como primeiro secretário e Luciane Chagas Bittencourt Pereira (PL) como segundo secretário.

A chapa teve o apoio do prefeito Liba Fronza (DEM). A votação teve sete votos a favor da chapa, dois contrários e uma abstenção.

Essa é a segunda vez que a câmara de Navegantes será presidida por uma mulher. A primeira foi com  Norma Espíndola, em 2015. A primeira sessão ordinária do ano está marcada para 1º de fevereiro.

Olegário em Camboriú

Com oito votos, Fabiano Olegário (PDT) foi eleito o novo presidente da câmara de Camboriú. Fabiano é o ex-secretário do prefeito reeleito Élcio Kuhnen (MDB).

A mesa diretora será composta pelo vice-presidente Amilton Bianchet, o Mito (MDB), Inalda do Carmo (DEM) como primeira secretária e Ewerson Umbelino (PL) como segundo secretário.

Xepa em Itapema

Vereador mais votado na última eleição, Alexandre Xepa (Progressistas), foi eleito o novo presidente da Câmara de Itapema. Ele terá como vice-presidente Wanderley Dias (PSD). A mesa diretora será formada ainda por Raquel Josino (PSL) como primeira secretária, e Leonardo Cordeiro (MDB), como segundo secretário.

MDB na presidência em Penha

Apenas uma chapa concorreu à presidência da câmara de Penha. Maurício Brockveld (MDB) é o novo presidente do Legislativo, tendo Adriano de Souza (PSDB), o Tibeco, como vice-presidente, Sebastião José Reis Junior (DEM), o Junior Reis, assumindo como primeiro secretário e Célio Adolfo Francisco (PSDB), o Celinho, ficando com a cadeira de segundo secretário. O prefeito reeleito Aquiles e a vice-prefeita Maria Juraci Alexandrino, ambos do MDB, também foram empossados na sexta-feira, junto dos 11 novos vereadores.

Embora tenha montado uma chapa com vereadores da oposição, o novo presidente da Câmara garante que continua ao lado do prefeito Aquiles Costa (MDB). “Eu quero agradecer à população de Penha. Hoje ser presidente desta casa, empossar o prefeito Aquiles e a ex-vereadora, agora vice-prefeita, Maria Juraci, para mim é um orgulho e uma honra. Mas sem os votos da nossa comunidade, os 760 votos que recebi, eu não estaria aqui. Tenho que agradecer de todo o coração”, discursou Maurício que foi o vereador mais votado em 2020.