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Itajaí

Tragédia e destruição com o vendaval

Além das mortes, mais de 100 casas foram destelhadas e dezenas de árvores foram arrancadas em vários pontos da cidade. Por muito pouco mulher e seus três filhos não foram atingidos pelo metal da placa gigante que tombou. Algumas caíram sobre as casas e as

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Escola Elisa Orsi, na Fazenda, sofreu destelhamento e queda de forros


Três mortes, centenas de casas destelhadas, fachadas de empresas destruídas, outdoors detonados, árvores arrancadas e 128 mil residências e firmas sem energia elétrica. O vendaval que atingiu ontem a região e durou poucos minutos deixou um rastro de estragos e tragédia. Itajaí foi a cidade mais atingida e durante à tarde o prefeito Volnei Morastoni (PMDB) decretou situação de emergência. “Com esse decreto de emergência em nível 1, as pessoas vão poder sacar mais tarde o FGTS e as empresas vão poder acionar o seguro”, explicou Volnei. Só na cidade peixeira, 90 ocorrências foram atendidas pela Defesa Civil e outras 30 pelos Bombeiros Militares, incluindo a morte de duas crianças e um adolescente, vítimas de eletrocutamento na Canhanduba (veja matéria ao lado). As regiões mais afetadas foram Itaipava, Canhanduba, Contorno Sul, Fazendinha, Praia Brava e até a Caninana. Os técnicos da defesa Civil de Itajaí estimam que os ventos atingiram uma velocidade de 110 quilômetros por hora. O trânsito na BR-101 chegou a ficar interditado pela queda de árvore e na avenida Osvaldo Reis, entre Balneário Camboriú e Itajaí, houve lentidão pela manhã. Cinco equipes da defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Codetran e secretaria de Obras passaram o dia averiguando os estragos, retirando as árvores caídas e entregando lonas para as famílias que não tinham condições de cobrir as casas destelhadas. Balneário Camboriú, Camboriú, Bombinhas, Porto Belo, Barra Velha e Itapema também registraram estragos. Das 128 mil unidades consumidoras atingidas pela falta de luz, a maiora teve a energia restabelecida ainda pela manhã. Até ontem à noite, cerca de cinco mil casas e empresas continuavam afetadas. Três irmãos morrem eletrocutados. Mãe, grávida, tá internada Ana Vitória Serpa, três aninhos, Tainara Talita Serpa, 10, e Gabriel Lins Pereira, 15 anos. Estes foram os irmãos que morreram ontem em consequência do vendaval que atingiu Itajaí. Eles foram eletrocutados quando fugiam de casa para se abrigar num parente. A mãe deles, Tatiane Cidade, grávida de quatro meses, também levou o choque e tá internada no hospital. Marcelo Serpa, 36, marido de Tatiane e pai das duas meninas, estava trabalhando na hora da tragédia. A família mora numa casinha de madeira numa área de ocupação irregular perto da rua João Dalmolin, na Canhanduba. A vizinha Sabrina Rosa Mava, 14 anos, contou que Tatiane acordou com o vendaval, poucos minutos antes das seis horas da manhã, e saiu de casa com os filhos pra se abrigar na residência da mãe, ali perto. “Ela ficou preocupada que caísse tudo e veio pra fora”, conta a garota. Como ainda estava escuro, não viram que tinha uma poça de água com um fio de luz caído. Gabriel foi o primeiro a sofrer a descarga. A fiação chegou a ficar grudada no pescoço dele, contam os vizinhos. Em seguida foram as meninas e depois Tatiane. Todos estavam descalços. Desesperados, moradores socorreram os quatro. Um vizinho também levou choque, mas passa bem. Ele socorreu o adolescente, o tirou do beco e o levou até a frente da rua para esperar socorro. Mas Gabriel não resistiu e morreu. A mãe foi levada de carro pro hospital em estado grave. As duas meninas foram atendidas pela ambulância dos bombeiros e morreram no hospital. Ontem, o prefeito Volnei Morastoni conversou com o pai das crianças pelo telefone. O trabalhador ainda estava em estado de choque. A Celesc não religou a energia da área de ocupação nos fundos da rua João Dalmolin. “Ali as ligações são clandestinas”, disse Luiz Carlos Xavier, gerente técnico da Celesc. Ele afirmou que a Celesc não vai restabelecer a energia. “Se religarem vai ser via gato”, soltou. Concessionária destruída Os prédios de três grandes concessionárias de veículos de Itajaí sofreram estragos provocados pela ventania. Na avenida Osvaldo Reis, no bairro Fazenda, a Ford Dimas levou a pior e teve toda a parte da frente da loja destruída. A fachada foi toda arrancada e oito carros foram atingidos. A concessionária deve ficar fechada durante uma semana. O atendimento deve voltar na terça-feira, dia 2. Ainda na Osvaldo Reis, a concessionária Suzuki Yoko teve duas vidraças estouradas durante a ventania e a lateral da loja destruída. Apensar dos estragos, o atendimento foi mantido. A concessionária New Car, na avenida Irineu Bornhausen, a Caninana, no bairro São João, teve as vidraças detonadas. Foram seis folhas com vidros estilhaçados, além da parte metálica e do forro da loja afetados. Os veículos não chegaram a ser atingidos. A concessionária atendeu normalmente ontem. Outdoor cai e destrói casinha Um outdoor gigante caiu em cima de uma casa que fica no trevo da rodovia Antônio Heil com a BR 101, em Itajaí. O frentista Edson de Mello, 50 anos, conta que saiu para trabalhar às 5h30. A esposa estava na janela da casa observando a ventania quando viu que o outdoor começou a entortar em direção a casa. “Só deu tempo de pegar os filhos e ir pros fundos”, conta Edson. A esposa e os três filhos, de 13, 14 e 18 anos, estavam na cozinha quando o outdoor caiu e destruiu a parte da frente da casa de madeira. Nisso, outra placa, que ficava no terreno do vizinho, também caiu e atingiu a cozinha e, por pouco, não machucou a família. A defesa Civil orientou os moradores a saírem da residência. A empresa responsável pelo outdoor providenciou a remoção e deve arcar com os custos da reforma da casa destruída. A prefeitura não informou se a estrutura tinha licença para estar no local. Enquanto isso, a família vai ficar na casa de parentes e depois deverá ir para uma casa alugada. “A gente não espera isso, estar vivo é só por Deus mesmo”, desabafa Edson. Na rua João Dalmolin, no bairro Canhanduba, duas casas foram interditadas pela defesa Civil, pois havia risco de desabamento. Os moradores foram para casa de parentes e vizinhos. O gerente de prevenção da defesa Civil, Marinho Lopes Stringari, diz que a prefeitura vai avaliar se vai ajudar com o aluguel-social. Mais de 100 casas destelhadas em Itajaí Os números preliminares da defesa Civil apontam que mais de 100 residências foram destelhadas durante o vendaval. Moradores de 92 ruas sofreram algum problema, entre desmoronamentos, destelhamentos, quedas de árvores ou de outdoors. No bairro Fazendinha, o telhado da casa de Bruna Neves, 27 anos, na rua Venezuela, foi abaixo. Bruna conta que antes das seis horas, o filho de 10 anos acordou com um estouro que provocou a queda de luz. “Foi coisa de 10 segundos. Ele saiu do quarto e, em seguida, caiu tudo”, diz. As telhas e o forro do cômodo desabaram. Bruna conta que o telhado da casa do vizinho caiu em cima da residência dela, por isso, o estrago foi ainda maior. Todo o quarto do filho e parte da garagem foram atingidos. Na rua Luís Beduschi, no bairro Fazenda, foram cinco casas atingidas. Uma das moradoras, Lucia Stem, 43 anos, conta que ela e a vizinhança passaram a manhã inteira consertando os estragos. “Na minha pegou só na parte de trás, mas voou telha até para o terreno do vizinho”, diz. Ninguém se feriu ou precisou sair de casa. Outra moradora do bairro Fazenda que teve um prejuízo grande com o vendaval foi a dona Senate Lessa, 59 anos, moradora do final da rua Marciano Marqueti. O telhado da casa caiu todinho. “Com o vento e a chuva, começou a cair tudo. Um desespero. Em 20 anos que eu tô aqui, nunca aconteceu isso. Quebrou tudo, não sobrou nada”, relata, assustada. Várias casas dessa rua e de outras tiveram árvores caídas no meio da rua ou em cima das residências. Apesar dos estragos nas residências, não foi preciso a prefeitura ativar abrigos em locais públicos. A defesa Civil e os bombeiros distribuíram lonas para quem teve as residências destelhadas. 11 escolas atingidas; uma vai ficar fechada O grupo Escolar Elisa Gessele Orsi, na rua Afonso Orsi, no bairro Fazenda, foi interditado e não há previsão de volta às aulas. No local houve destelhamento, queda de forros e, por estar em uma região de encosta, há riscos de queda de árvores. A escola Rosa Negreiros Cabral, na Volta de Cima, também teve boa parte do telhado arrancado, mas deve voltar a funcionar hoje. Outras nove unidades, entre escolas e creches na zona rural, no bairro Cidade Nova, Espinheiro e na Fazenda também tiveram o telhado danificado, mas funcionaram ontem. Vento arrancou dezenas de árvores em Itajaí A força dos ventos conseguiu arrancar e derrubar dezenas de árvores em Itajaí. Uma das quedas aconteceu na rua Alfredo Labes, no bairro Ressacada. Um enorme eucalipto caiu em cima de uma residência e, por pouco, não atingiu os moradores que dormiam na hora do acidente. Mais três casas da mesma rua foram atingidas por árvores, mas não tiveram grandes estragos. Aparecido da Silva Martins, 57 anos, presidente da associação dos moradores do bairro, diz que os eucaliptos têm cerca de 20 metros de altura e estão plantados em uma chácara. Os moradores já alertaram as autoridades do risco da queda das árvores. “A defesa Civil fez um laudo ressaltando que havia risco de danos e com base nisso levamos ao ministério Público”, diz. Muitas árvores também caíram no bairro Cabeçudas. Na rua Juvêncio Tavares do Amaral, em frente à praia, o estrago foi maior. Teve queda de árvores até no cemitério da Fazenda. As grandonas danificaram alguns túmulos. Na praia Brava uma grande figueira fícus, que estava na calçada, caiu sobre o muro de uma residência na rua Delfim de Pádua Peixoto. BR 101 interditada Uma queda de árvore na BR-101, em Itajaí, interditou o trânsito por cerca de uma hora durante a manhã. Segundo a Autopista, a árvore caiu por volta das 6h30 na pista do sentido sul do Km 121. As duas pistas tiveram que ser interditadas e o sentido norte foi interditado parcialmente. Com isso, houve registro de 20 quilômetros de congestionamento no sentido sul e 12 no sentido norte. Mais tarde, por volta das 10h30, um engavetamento envolvendo dois caminhões, uma carreta e um carango, provocou 13 quilômetros de congestionamento no sentido sul da rodovia, de Balneário Piçarras até Barra Velha. Moradores foram retirados de casa Em Cambú uma casa teve que ser interditada pela defesa Civil. A residência fica numa ladeira da rua Flamboyant, no bairro Monte Alegre. Flávio Geraldo, secretário de defesa Civil, informa que uma casa em construção abandonada está cedendo e corre o risco de atingir outra morada. Por causa disso, os moradores foram retirados do local até que a defesa Civil analise a situação. Uma casa no bairro Monte Alegre teve algumas telhas arrancadas pelo vento. Um poste caiu na rua Monte Dedo de Deus, no mesmo bairro. O poste tinha apenas cabos de televisão e internet. Houve também árvores e galhos caídos no meio das ruas da cidade. Um galho caiu na praça das Figueiras, na rua Jacarta, no Santa Regina, e na Vila da Pedra, na zona rural, teve mais árvores e galhos caídos. A defesa Civil atendeu cerca de 10 ocorrências. Parte da cidade também ficou sem energia pela manhã. De BC a Bombinhas também teve estragos O vendaval também fez estragos em Balneário Camboriú, Porto Belo, Itapema, Bombinhas e Barra Velha. A maioria dos casos foi de árvores caídas e destelhamentos. Em Porto Belo a defesa Civil estima que cerca de 100 árvores foram ao chão. Parte da pista do morro que liga Porto Belo a Bombinhas ficou interditada pelas árvores caídas. Algumas casas também sofreram destelhamento parcial. Em Itapema, as creches Caminhos do Saber, no bairro Morretes, e Soldadinho de Chumbo, no centro, tiveram as salas de aula alagadas devido ao destelhamento. Em Bombinhas, cerca de 50 casas foram destelhadas e os locais com maiores estragos ocorreram nas ruas Macaco, Onça pintada, Orca e Tamanduá Mirim (bairro José Amândio), Rua Martim Pescador (bairro Bombas), Butiá (bairro Sertãozinho). Apenas uma residência precisou ser interditada, devido sua estrutura ter sido comprometida. Nessas três cidades houve queda de energia elétrica. Alguns pontos tinham previsão de ter a energia restabelecida somente durante a madrugada, informou a Celesc. Em Barra Velha, uma árvore caiu sobre uma garagem e o telhado foi abaixo, atingindo um Gol. A residência fica no bairro Itajuba. Em Balneário Camboriú a defesa Civil foi acionada em 10 casos, mas apenas um foi de destelhamento, no Ariribá. Houve também a queda de um muro e várias quedas de árvores. O que provocou o vendaval O meteorologista Clóvis Corrêa, da Epagri/Ciram, garante que não houve ciclone nesta parte do litoral. Segundo ele, os estragos foram provocados pela passagem de uma frente fria que veio do Oeste do estado e acabou no litoral, fenômeno associado a uma tempestade intensa. Pelas estimativas da defesa Civil de Itajaí, os ventos chegaram a 110 quilômetros por hora. A estação da Epagri registrou uma rajada de e 70 quilômetros por hora, às 5h50. Para hoje a previsão é que o tempo fique estável, com céu limpo e sol. Porém, uma massa de ar seco e frio predomina na região, o que vai fazer as temperaturas despencarem. Para esta semana, a mínima deve ficar em nove e 10 graus centígrados, com máxima entre 21 e 23 graus. Não há previsão de ventos fortes.      




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