Coluna Tema Livre
Por Rosan da Rocha - rrocharrosan@gmail.com
Médico não tem autonomia absoluta
A medicina é, sem dúvida, uma das mais lindas e importantes ciências do universo. Por sua vez o médico é um dos seres humanos com maior responsabilidade na prática de suas atividades, pois lida com a saúde e a vida de seu semelhante. Ainda mais porque na relação com o paciente existe, por parte deste, uma confiança e submissão talvez jamais encontrada em outra profissão.
O médico, para realizar sua função com eficiência e eficácia esperada, é preciso que sempre esteja atualizado sobre as novas condutas, equipamentos, exames e medicamentos que irão surgindo dentro da especialidade que atua. Para isso tem que viver em constante estudo, participando de seminários, congressos e diversas palestras e cursos.
Assim, para realizar a cura, deve o médico se valer de seus conhecimentos científicos, tendo autonomia para prescrever o melhor tratamento para o paciente, pois é ele que detém todas as informações do estado de saúde da pessoa doente. Contudo, esta autonomia de atuação na busca pela cura não é absoluta.
Com a pandemia vem se debatendo muito acerca da autonomia do médico em fazer uso de tratamentos e medicamentos para tentar conter o avanço da infecção pela COVID -19 e até mesmo como forma em prevenir o contágio. Tem se visto vários tipos de “protocolos médicos”, “kit prevenção” e “kit cura” e até um certo “tratamento precoce”. E o pior é que vários médicos vem utilizando a mídia, principalmente as redes sociais, para deflagrarem propagandas em favor deste ou daquele tratamento sem qualquer comprovação científica. Mas não é só. Alguns médicos começam a utilizar, dentro de hospitais, procedimentos sequer testados ou aprovados pela ciência, fazendo dos pacientes verdadeiras cobaias para seus experimentos. Exemplo disso é a realização de nebulização com hidroxicloroquina efetuado clandestinamente em paciente, inclusive, sem o consentimento da família.
Médico não pode resolver realizar qualquer tratamento ou ministrar medicamento sem que já tenha experimento ou comprovação científica de que tais procedimentos são adequados para a enfermidade apresentada. Ainda, é preciso informar, esclarecer, discutir com o paciente ou com sua família, qual tratamento pretende adotar para tentar reverter o quadro clínico grave em aquele se encontra.
Médico não tem autonomia absoluta, tem que seguir a ciência, tem que ser honesto com o paciente, tem que atuar com Ética e dentro da Lei.
Nunca é demais lembrar que o juramento médico apregoa ser “SEMPRE FIEL AOS PRECEITOS DA HONESTIDADE, DA CARIDADE E DA CIÊNCIA”.