Coluna Animal Humano
Por Coluna Animal Humano -
Pra não dizer que não falei de flores - 2
Década de 90, e confesso que, na época, não entendi inicialmente o motivo do orgulho de meu pai ao exibir uma coluna de jornal que falava sobre flores.
Um conhecido e renomado jornalista da cidade, o Dr. Dalmo Vieira, fundador do Diário do Litoral, o DIARINHO (um ícone da cultura itajaiense), havia escrito algo sobre políticos, política e flores... Dr. Dalmo -, uma pessoa que meu pai admirava e tratava como reserva moral do município, - um apoiador da justiça, nas palavras dele, que usava as armas que Deus tinha lhe dado.
A coluna, que falava sobre a dificuldade de encontrar flores entre “tantos espinhos presentes no governo (sic)”, tinha o título: “Enfim, um elogio”.
Com mais uma eleição se aproximando, e com o convite para escrever algo sobre o assunto política e políticos, minha memória não poderia, obviamente, me levar a outro acontecimento e a outras referências.
Mesmo tendo nascido “dentro da política” e tendo tido vários ótimos exemplos durante minha vida, falar sobre políticos e política me é uma tarefa difícil. Me considero, hoje, um pessimista inveterado e me sinto pessimista com o rumo que damos a nossa cidade, ao nosso estado e ao nosso país. Me sinto como se não cuidássemos das pessoas. Sinto como se não cuidássemos de nada.
Não entendo como não ser um pessimista quando o assunto é esse. São x constituições nos últimos x anos, são x moedas nos últimos x anos, são x “zeros a menos” em nossas cédulas e cálculos, são x planos econômicos, são “roubos de dinheiro” chamados de “congelamento”, são inflações de 80% ao mês, são dois dos nossos últimos quatro presidentes que sofreram impeachments, presidentes que se suicidaram, presidentes que simplesmente desistiram. Crises atrás de crises...Crises econômicas, crises de gestão, crises morais, crises éticas, crises políticas.
Como país, somos uma das 10 principais economias do mundo, mas conseguimos criar uma crise política dentro de uma das maiores e mais sérias crises do sistema de saúde do país, causada pela atual pandemia.
Como cidade, temos uma das três ou quatro maiores arrecadações do estado. Mas, com raríssimas exceções nas últimas décadas, a cidade insiste apenas em crescer. Não conseguimos nos desenvolver. Não conseguimos evoluir.
Sinto constantemente como se estivéssemos num transatlântico de luxo, mas à deriva...
Deixei de acreditar no ser humano quase que integralmente. O sistema já não me convence. E quase já não acredito mais nos ditados populares que cresci ouvindo.
O ditado que diz que ainda existe luz no fim do túnel. Uma luz que, para mim, é das mais fracas da história.
O ditado que empresto de outro idioma, e que diz: “It ain’t over till the fat lady sings”. Pois, em minha opinião, a “fat lady” já está cantando... e quase no final de sua música.
O ditado que cresci ouvindo: “A esperança é a última que morre...” Bem, nesse caso, a minha esperança se encontra na UTI.
Obviamente, como fiz em todos os momentos de dificuldade na minha vida, não posso desistir. Não podemos desistir. E é preciso seguir lutando fortemente. No final, tudo dará certo, sempre dá.
Começou o período de propaganda eleitoral, uma nova oportunidade que temos de participar na decisão dos rumos da nossa cidade. Outra mais, e precisamos de uma atitude forte, sólida, através do seu voto. Do nosso voto.
Dessa vez, quem sabe por uma primeira vez, precisaremos de votos sólidos, bem pensados, em candidatos que realmente se importam com você e com a nossa cidade. Candidatos que nos ajudarão a levar Itajaí ao patamar que a cidade precisa. Que a cidade merece.
Nessa eleição, pesquise verdadeiramente sobre os candidatos. Olhe o histórico de cada um deles. Olhe suas realizações. Olhe sua credibilidade. Estude sobre cada um. Pesquise!
Pesquise e pense se seu candidato defenderá você quando necessário. Pense se seu candidato é a pessoa certa para representar você em assuntos tão importantes. Assuntos que definirão a cidade para você e para as próximas gerações de itajaienses.
Você estará fazendo um bem não só para você, mas para a sua comunidade, para a sociedade.
E sobre as flores?
A cada dia que passa, e com várias experiências pessoais e profissionais desenvolvidas em três continentes, entendo mais e melhor o significado da coluna que meu pai exibia com tanto orgulho...
Entendi, finalmente, que flores, não só na política (como sugeria a coluna), mas em TODAS as áreas da vida, são raras e muito difíceis de se encontrar...
Procure por elas... Elas são RARÍSSIMAS, mas existem! Em Itajaí, encontrei uma. Numa praça... no centro da cidade.