Coluna Existir e Resistir
Por Coluna Existir e Resistir -
Brasil, lugar de todos?
Hoje vamos apontar alguns fatos históricos de impedimento do progresso e ascensão da população negra. Além de socialmente ser apagado dos registros históricos oficiais o número de mulheres e homens negros, que ainda diante de todas as diversidades obtiveram sucesso financeiro em negócios, boa parte dos negros empreendedores tem negócios voltados a fortalecer sua própria comunidade e ainda sofre muito preconceito para se manter ativo. É necessário mostrarmos as narrativas de sucesso para o coletivo, na forma de buscar espaço e fazer movimentar o pertencimento e coletividade.
Alguns fatos a serem narrados e mostrados para darmos corpo e voz para a visibilidade necessária:
1696 – Nenhuma mulher africana poderia usar vestidos de tecidos nobres;
1837 – Reforma da Instrução primária “proibida a freqüência à Escola daqueles dos escravos e dos pretos africanos, ainda que livres e libertos;”
1850 – Editada a lei da terra. A partir dessa lei, para possuir terra era necessário comprá-la do governo. O governo não as vendia para negros. A expectativa de vida dos escravos no Brasil era de cerca de 19 anos no último quarto do século XIX (já de homens livres, 27).
1857 – Regra em vigor de que ao escravo era proibido acumular pecúlio, dispor de qualquer bem ou receber herança em seu nome. Fundada em 1860, a Caixa não permitia que pessoas não livres fossem depositantes.
1862 – Mesmo proibidos, escravizados juntavam dinheiro em poupanças para compra de alforrias que chegaram a custar mais de 1 milhão de réis; 1864 – Sistema bancário já em crise quebra e dinheiro de correntistas e poupancistas negros não é devolvido;
1888 – Abolição sem nenhum plano de reparação/ pagamento pelas centenas de anos de trabalho forçado. Mas pagamento de indenização à senhores de engenho causa crise econômica;
2016 – IBGE: Negros são 75% entre os mais pobres; brancos 70% entre os mais ricos. Negros correspondem a 51% dos empresários do país, porém formam apenas 1% daqueles que ganham mais de R$ 60 mil e totalizam 60% dos empreendedores que nada lucram. 52% deles sofreram racismo ao negociar e tem 3x menos acesso a crédito bancário. Há quem diga que os direitos são iguais, que não há que se considerar as diferenças marcadas para um povo e que os tempos atuais são outros. Será? Negros em prosperidade sempre serão uma transgressão social.
Texto de Amanda Dias @pretagrana, adaptado por Fernanda Cristina da Luz.